OM. Sarvesham Svastir Bhavatu (Mantra da Paz, cantado por Tina)

No verão de 1996, esta mulher extraordinária veio a Lisboa para o seu último concerto, na sua tour de despedida. Nesse agosto quentíssimo, eu estava quase a dar à luz a minha filha Maria e não era aconselhável, de tão grávida, ficar no meio de milhares de pessoas numa torrente de emoções incríveis. Abdiquei da Mrs. Tina com bastante pesar, confesso, mas foi de novo o amor que me levou, em Madrid em 2022, ao magnífico musical de 3 horas, sobre a vida desta estrela ímpar. Que vida, que talento, que inspiração! E que jus faz ao seu Mapa Astral, que revela todos os matizes de uma alma grande.

Vem de uma memória - de antigas vidas – de guerras – provavelmente “santas” (como se em nome de algum Deus fosse legítimo pelear, matar). Vem de uma sabedoria antiga – talvez imposta noutros tempos, “pela força de uma fé cega”: regente da cauda do dragão na 9 em Carneiro, em Peixes e quadrado à Lua, ao Sol e a Mercúrio. Ela tinha muita fé sim, mas numa primeira fase, estava radicada no vazio da alma - regente da 9 em quadratura à Lua, Lua regente da 12, Lua oposta ao seu regente. Esta fé tinha que brotar do reconhecimento da alma, ela tinha que se permitir sentir, vulnerabilizar e receber. Esta a chave da libertação do fogo preso, do seu Sagitário: em dádiva de amor-sabedoria ao mundo, além da sua música.

Muita tensão interna, emocional, numa expressão e identidade inquinados, numa primeira fase da vida, por valores equívocos, que a deixaram ser inacreditavelmente permissiva com a violência e os abusos vários que sofreu: regente do Sol e Mercúrio em Peixes na 8, em quadrado a Vénus e oposto a Neptuno.  Que bouquet de paradoxos! De um lado, uma resiliência e força interior extraordinárias - que se transformaram tantas vezes na sua maior fraqueza, ao aguentar “tempo demais”, sem sábia rendição, o insustentável - do outro, uma ingenuidade, um idealismo também fantasista, óculos cor de rosa que teimaram em ver a realidade distorcida… e pagou bem todos os preços por isso.

Era uma Sacerdotisa - só pode ter sido mestre espiritual noutras existências – com o mestre Saturno conjunto a vesta e à cauda do dragão na 9, e em trígono à deusa Vénus!

Mas este Saturno estava quadrado a Plutão na 12: a sabedoria sem amor, é vã… e em nome de nenhuma fé, se deve exercer o poder sobre os outros… o meu Deus é melhor do que o teu… Também a fé de Júpiter na casa 8 em Peixes estava iludida pelo acreditar que, numa relação íntima podia encontrar o céu… encontrou, talvez, por pouco tempo, e o inferno por mais um pouco: Vénus em quadrado ao regente na casa da sexualidade, e este oposto ao Neptuno dececionante. Também com os dinheiros, que soube ganhar, mas não legítima e justamente manter para si.

Acredito que a sua música a salvou. Tem um mapa “difícil”, dado a extremos e tentações que podiam ter sido fatais, cedo demais. Mas tinha uma estrela do outro lado do véu, esta mulher mediúnica e extremamente sensível que podia ter sido missionária, professora ou terapeuta holística, não fosse a voz de trovão rugir-lhe mais alto a verdade do Espírito sob a forma de solfejo e melodia – Mercúrio em Sagitário trígono a Plutão e conjunto ao Sol.

Nasceu para encontrar a paz – cabeça do dragão em Balança – através da sua expressão criativa: Vénus na 5 – e ensinar pelo talento e exemplo, essa harmonia interior ao mundo: casa 3. A oitava superior desse destino, revelou-se quando a Lua e o sol se integraram – o profano e o divino em si se reconciliaram, pois que trazia uma ferida com Deus (Quíron na 12) – uma divindade rígida, severa, patriarcal, que não lhe deu nesta vida respostas capazes de nutrir a alma. Por isso, se encontrou noutra via, a do Budismo. Primeiro, emocionou-nos como sacerdotisa da música, como canal por onde passou com tanta potência, a voz divina. Depois, com os mantras budistas, o ativismo espiritual onde veiculou a prática das corretas relações humanas. E, romântica/idealista como era, que maravilha que ainda viveu um amor tão longo e feliz.

Insegura socialmente - mas também afirmativa, pela diferença do seu Úrano na 10, que a fez encontrar no palco o seu território de segurança emocional. Mapa cheio de fogo – que ela trazia nas pernas e na voz - chama que a conduziu pelas noites escuras da alma, como a tocha do Sagitário – marca do seu tema natal.  Fogo que numa primeira fase da vida, esteve debaixo das águas (casas de fogo abertas pelos signos de água) das emoções densas, sofridas; de uma identidade ainda reativa, inconsciente de si (Sol na 4), ainda presa dos dramas emocionais por curar e transcender. E cumpriu o seu Ascendente noutro fogo: o do Leão criativo, carismático que vem com prazer dar ao mundo os frutos do seu coração quente e amoroso.

Tina parte com os trânsitos:

- Saturno, o Senhor do Karma, a entrar na casa 8, da morte e do renascimento.

- Com Neptuno, o dissolvente das formas, conjunto a Júpiter, a Verdade, na casa 8 da dissolução!

- Com Júpiter, o Guru, conjunto ao Mestre Saturno na 9: a grande viagem libertadora.

- Com Plutão na 6 (a casa da saúde) em oposição natal com Plutão: o culminar da transformação na forma.

- Com Úrano o libertador, em exata conjunção com Úrano natal! A grande libertação!

UAU! Tanta beleza nestas configurações, tanto ensinamento e sincronicidade só podem ser gerados por uma grande alma.

OBRIGADA TINA! SIMPLY THE BEST!

mapa astral Tina Turner

Com amor,

Vera Leal FemininoConsciente Astróloga e Escritora.

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