Antes de mais, uma informação: este artigo, pela sua previsível extensão, teve que ser divido em “partes”. As próximas surgirão em devido momento.
Dá-se o nome de “trânsitos” às posições diárias dos planetas quando actuam e afectam a nossa carta natal. A carta natal nunca muda. É sempre a mesma desde o momento exacto em que nascemos. No entanto, as energias renovam-se diariamente – os trânsitos – sobre o campo magnético do nosso planeta, afectando-nos, para situações mais facilitadas ou outras, mais pressionantes, sempre de acordo com a forma como reagimos.
A verdade é que não temos que reagir negativamente às situações mais tensas. Mas fazemo-lo frequentemente. Não somos educados e preparados para deixarmos fluir com os astros, sem deixar que estes nos controlem. Não é o que acontece no dia-a-dia. Deixamo-nos influenciar, para a seguir dizermos: “tenho azar na vida”. São poucos os que se lembram dos bons momentos.
Os planetas mais rápidos (Sol, Lua, Mercúrio, Vénus e Marte) tratam e corroboram os assuntos quotidianos e pessoais da nossa vida. Os planetas mais pesados e lentos são os que operam as grandes mudanças. Os trânsitos são o mundo externo a afectar-nos. As “progressões” são as mudanças de consciência interna, os quais modificam, por sua vez, o ambiente externo em que vivemos Porque motivo um dia estamos mais sensíveis que outro? Porque razão um dia estamos mais afáveis e cordiais que outro? Talvez tenhamos um trânsito de Vénus ao nosso Sol ou à nossa Lua. Reagimos inconscientemente perante isto. Estamos mais nervosos do que é habitual? Talvez Mercúrio em trânsito esteja a fazer um aspecto a Marte.
Mercúrio a transitar sobre Saturno pode criar um ou dois dias mais apreensivos, ao ponto de parecer uma depressão, se quisermos ver a situação como negativa. Ou então, assumimos mais responsabilidade do que habitual, se soubermos trabalhar positivamente as energias de Saturno. O oposto, se é Saturno a transitar sobre Mercúrio, demorará muito mais tempo (vários meses) e exige mais paciência, pois o movimento de Saturno é mais lento, além de ser frequente avançar, retrogradar e voltar a avançar.
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Os trânsitos são mais fortes quando se aplicam por conjunção (mesmo grau) e oposição (180º), seguindo-se as quadraturas (90º), trígonos (120º) e sextis (60º). Muitas e muitas pessoas nem se apercebem que estão a ter um bendito trígono ou sextil pois ficam focalizadas na intensidade dos outros aspectos. Não é difícil entender o significado dos trânsitos, se se conhecer o significado básico dos planetas. Para tanto é necessário estudar. Este site-fórum-escola serve exactamente para isso – estudar.
Quanto mais demorado for o trânsito, mais profundo e de maior alcance será o seu efeito na pessoa. Os planetas de movimento mais lento operam mais profundamente e com maior permanência na vida, na personalidade e na psique da pessoa. Uma conjunção Sol a Plutão dura 3 a 4 dias e o oposto, Plutão sobre o Sol mantém-se ao longo de quase 4 anos. Os planetas mais lentos são, pela ordem de lentidão: Plutão, Neptuno, Urano, Quíron, Saturno e Júpiter.
Percebo que existe a ideia generalizada que um trânsito termina quando um planeta chega ao grau exacto do planeta natal. Em meu entender, o trabalho do planeta que transita em “separativo” (depois do aspecto), mantém-se mais 3 a 5 graus para além do aspecto em grau exacto. Isto, para os mais lentos, porque os mais rápidos encurta-se a diferença para 2 graus. Na aproximação aos aspectos, habitualmente utilizo 10º de orbe para os planetas mais lentos, apesar da tradição e os manuais dizerem que estes 10º em trânsito devem ser aplicados com maior parcimónia. Obviamente não uso 10º com os planetas rápidos. Fico-me pela metade com Vénus e Marte e ainda menos para o Sol e Mercúrio.
Em 2007, Plutão atingiu o grau 26 de Sagitário, o ponto onde se encontra o nosso centro galáctico; em Dezembro a esse Plutão em trânsito, juntou-se Júpiter (em 28º de Sagitário) a trabalharem intensamente esse centro galáctico nos nossos mapas. Quem tenha planetas natais nestes graus nos restantes signos, certamente terá sentido esse trânsito durante muito tempo. Se foi conjunção verificou-se um enorme depuramento da alma, tendo a pessoa sido posta à prova de inúmeras maneiras, com consideráveis dificuldades. Não deve ter sido um trânsito fácil.
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Se se verificou uma oposição, o mais certo foram os outros terem sido a causa do bloqueio ou dificuldade, para a própria pessoa aprender e evoluir. Incluo também aqui a possibilidade de o nosso interno funcionar como o “outro”, neste trânsito. Para mim não foi, pelas significativas oposições que fez ao meu Sol, Mercúrio e Marte. Se aconteceu um trígono ou sextil, verificaram-se acontecimentos de enorme fluidez, ao ponto de provavelmente, nem ter sido reconhecido, pois tudo corre pelo melhor, sendo o resultado de trabalhos internos efectuados em trânsitos anteriores mais tensos.
Para se analisar melhor um trânsito, convém entender como operam os aspectos natais dos planetas envolvidos. Se no mapa natal o aspecto entre dois planetas é harmónico e o aspecto de trânsito for dos mais tensos (oposição e quadratura), este mesmo trânsito será de mais fácil resolução, apesar das dificuldades envolvidas. Se no mapa natal esses planetas estão em aspecto tenso, o trânsito será mais exigente e as dificuldades maiores.
O trabalho interno e o mental são fundamentais para não nos deixarmos arrastar pelos trânsitos mais tensos, caindo nas lamentações que a nada conduzem, nem meias depressões que não ajudam. É necessário contrariarmos a corrente do trânsito tenso e desfrutarmos com os trânsitos favoráveis. Quando nos chega a hora da prova, podemos passar essa maré com aprovação, aprendendo e limpando as nossas memórias cármicas.
Não podemos escapar das influências dos astros, mas podemos decidir o que permitiremos que influencie sobre nós mesmos. Os trânsitos mostram-nos o curso das marés cósmicas e que tipo de ciclo está em actividade. Por este motivo podemos aproveitar este movimento interno ou deixá-lo passar sem utilizá-lo para o nosso próprio benefício. Tudo está ligado com tudo. O meu corpo biológico apenas é o recipiente do meu Ser, ou Espírito, como quiserem chamar.
Ao analisarmos um trânsito deveremos ter em conta em que casas estão posicionados os planetas e as energias dos signos que envolvem estas questões. Os assuntos que nos dizem respeito estão distribuídos pelo nosso mapa, como pode ser apreciado pela ilustração seguinte, para analisarmos o comportamento da nossa própria vida. Analisemos, utilizando esta ilustração:
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Etapas evolutivas dos trânsitos no nosso mapa.
Quando os trânsitos (quaisquer que sejam os planetas) tratam os assuntos que se encontram naquilo que se chama de “etapa pessoal e preparatória ou de assentamento” – casas 1, 2 e 3 – movimentam-se lentamente. Do Ascendente ao Fundo do Céu. Não é uma posição para mudanças rápidas. Tudo o que se tente fazer, deve ser pensado e sentido como havendo uma meta a longo prazo. Se os trânsitos envolverem Urano, Neptuno e Plutão, procuro vê-los como sendo autênticos projectos de vida, a serem lentamente elaborados.
Neste espaço do nosso mapa, as energias dos trânsitos estão a reorganizarem-se para se desenvolverem nas três casas seguintes – a 4, 5 e 6. Do Fundo do Céu ao descendente. A este sector do mapa chamamos de “etapa de desenvolvimento”. Esta área é a que envolve as nossas raízes, fundações, criatividade e trabalho. É a área do ditado popular – “Tendo saúde, o resto vem.” E os trânsitos continuam para se expressarem e expandirem nas casas seguintes – a 7, 8 e 9. Do Descendente ao Meio do Céu. É a “etapa de expansão”. É quando confirmamos as parcerias, negócios, casamento, amadurecimento interno e expansão de horizontes. As actividades externas são as mais importantes neste sector. Resta-nos o último sector do mapa – as casas 10, 11 e 12 – chamado de “etapa de consolidação”. Do Meio do Céu, novamente ao Ascendente. É o tempo de consolidação dos planos internos e de aprendizagem no manejo e operacionalidade a tudo o que se refere ao “Eu”. É nesta área que se situa sobretudo o que diga respeito às ocorrências do nosso interior.
Como breve apontamento: sabemos que Neptuno e Plutão não passam por todos estes sectores (ou casas) numa vida normal. Plutão necessita de cerca 250 anos para percorrer esta distância. Neptuno - 160 anos. Urano – 80 anos. Quiron – 50 anos. Saturno – 29 anos. Júpiter – 12 anos. Marte – 2 anos. Vénus – 1 ano e meio. Mercúrio – cerca de 1 ano. Sol – 1 ano. Lua – 28 dias. Por aqui percebemos as variações humor que a Lua nos pode provocar no dia-a-dia. Fica cerca de dois dias e meio em cada signo. O Sol, percorrendo estas 4 etapas ao longo de um ano, dá-nos imensas oportunidades de nos expressarmos de muitas maneiras.
Se Saturno transita pela “etapa pessoal e preparatória ou de assentamento” – casas 1, 2 e 3 – anuncia um período de avaliação, de maior recolhimento, um certo retiro das actividades mais mundanas. Obviamente, que os planetas em trânsito não passam só pelas casas. Também atravessam signos. E, obviamente, encontram-se com os nossos planetas natais.
Dezembro, 2007
António Rosa
Editor da Editora Anjo Dourado e Editorial Angelorum Novalis
Escola de Astrologia Nova-Lis
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