Nuno Gama encerrou os desfiles da 40ª edição da ModaLisboa, numa simbologia à herança e responsabilidade de 20 anos da sua marca.
O designer criou um conceito de marca sólido através da trilogia de mente perfeita / atitude perfeita /corpo perfeito. O designer dedicou esta comemoração à sua mãe, que faleceu recentemente e que segundo o mesmo foi a sua maior inspiração e incentivo. Nuno Gama criou nesta coleção um homem de silhueta longilínea, contrastada por troncos viris, com volumes mais ou menos próximos do corpo. Os algodões e as lãs continuam a sua disputa hierárquica, num jogo discreto de baço/brilho, onde se destaca a força dos azuis atlânticos em profundos contrastes de negro, enaltecidos de quando em vez pela paixão do vermelho ou tranquilizados por uma paleta mais tranquila de cinza ou camel. Este é sempre um dos desfiles mais esperados pelo público, que reagiu de forma positiva aplaudindo durante todo o desfile. No final Nuno Gama entrou em cena para agradecer acompanhado da sua cadela, Gamita, e algumas das suas crias.
Este último dia da Semana de Moda de Lisboa começou às 14h30 com o desfile da dupla Marques'Almeida (LAB) . Para o próximo inverno a dupla de designers explora o eveningwear pela primeira vez, oferecendo opções de vestuário formal, mas mantendo-se fiel ao estilo street e a um sentimento de despreocupação, que tem vindo a caracterizar a estética da dupla. Nesta coleção foi também a primeira vez que a dupla trabalhou com tecidos mais nobres, omo a seda selvagem, a pele de carneiro e o pony hair. Foi também possível destacar a clara inspiração nos anos 90, com parkas de seda de novos comprimentos, casacos biker reinventados em novos materiais e jeans de silhieta slim. A paleta de cores ficou a cargo do vermelho, branco e azul profundo, lembrando o espírito americano e tornando a coleção urbana mas sofisticada.
Uma hora depois foi a vez de Vitor (LAB) mostrar as suas criações. V!tology foi o nome criado para a coleção de outono/inverno que traz consigo boas energias. Os coordenados mantiveram os estampados, com tecidos tecnológicos, sublimação em jersey e hoodies trabalhados com o toque característico da marca. Os deuses, as criaturas e as musas inspiradoras da coleção assumem diversas formas inesperadas ao longo da coleção, num desfile animado que contou com modelos de patins e animações em tons de laranja feitas de balões.
Dino Alves foi o designer a estrear a passarelle principal já com 2 horas de atraso, com uma coleção intitulada 'Next Page'. O estilista quis passar uma mensagem: a cada passo que damos, deixamos a marca da nossa pegada. É ela que vai contando uma história. Dino acredita que a história de cada um é contada em parte pelo look que adotamos e nesse sentido quis virar uma página de história e colocar a moda como uma parte importante da escola da vida. Nesse sentido usou pregas e machos sobrepostos de forma a criar um efeito fole que remete para páginas e folhas de livros. A sobreposição de painéis criou o mesmo efeito e é possível também destacar aplicações várias de badanas a imitar o efeito de folhas ou páginas. O preto, branco, creme, areia, caramelo, azul, alfazema, beringela forte e cerise foram as cores escolhidas de uma silhueta justa e rígida, formal e austera, longilínea e ampla. De forma a ilustrar o seu conceito Dino deu a oportunidade a um grupo de crianças do bairro da Quinta da Laje, na Amadora, que conta com a ajuda da Sapana, uma organização sem fins lucrativos a atuar em Portugal e na Índia. o objetivo do designer foi dar-lhe uma oportunidade única de participar num evento, que normalmente não teriam possibilidade. Foi a forma criada pelo designer de diminuir a distância entre estes dois mundos e chamar a atenção para os vários tipos de pobreza atuais.
White Tent foi a coleção seguinte a desfilar tendências para o próximo outono/inverno. Esta foi uma continuação do trabalho desenvolvido para a estação de outono/inverno 12/13, onde foram introduzidos materiais novos como o crepe de seda e o camuflado ton-sur-ton. Foram trabalhadas algumas malhas com estampados a foil dourado e introduziram lurex noutras. Jogos de color blocking também foram explorados numa coleção que, mantendo o caráter desportivo despojado, se tornou mais feminina e arrojada, mas sempre dentro de um registo minimal.
Perto das 20h30 Miguel Vieira apresentou a sua coleção onde foi visível a celebração dos 25 anos da marca. Nesta coleção foi possível uma mulher forte, sedutora mas delicada, confiante e objetiva. O homem também se mostrou elegante, charmoso e determinado. O estilista usou várias tonalidades de branco, dourado, antracite e preto. Foram usados tecidos jacquard com motivos florais e animais, malhas, fazendas e lantejoulas para uma coleção cheia de jogos de volumes e assimetrias.
Filipe Faísca foi o penúltimo designer a pisar a passerelle, com uma coleção intitulada 'Burro'. Aqui destacamos a silhueta XL, com tecidos como o Burel, Moutons raze e jersey voile em viscose. Este desfile foi marcado por uma coreografia dinâmica onde várias modelos estavam em cena ao mesmo tempo e no final todas se sentaram no chão, tendo-se levantado apenas com a entrada de Filipe Faísca em cena.
A temática desta edição foi Trust porque é de confiança que se trata no mundo de hoje. Há um sentimento de agir e é nisso que se baseia a moda. Durante três dias intensos assistiu-se às apresentações das coleções para o outono/inverno 13/14 dos principais criadores portugueses.
10 de março de 2013
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