A Ariana lançou recentemente um novo projeto ao qual chama Património Maior. O que o torna diferente dos seus outros projetos, nomeadamente o Renda Maior?

A nova empresa Património Maior presta serviços de consultoria de crédito, que é uma atividade regulada e supervisionada pelo Banco de Portugal. Com este novo serviço, acompanhamos o cliente na procura e na tomada de decisão, referente ao seu crédito à habitação.

A Ariana anuncia na página de Património Maior que os membros desta comunidade “farão parte de um clube exclusivo”. Que clube é este?

O nosso clube funciona como uma comunidade exclusiva, onde os benefícios para o cliente não terminam quando contratualiza o seu crédito. No nosso entender, é após contrair essa dívida que o cliente deverá ter o maior cuidado com as suas finanças pessoais e, por isso, todos os nossos clientes de crédito e seguros terão acesso a materiais, conteúdos, sessões gravadas e ao vivo, por pertencerem a esse nosso clube interno.

Quais são os principais problemas que lhe são reportados pelas famílias no contexto que vivemos atualmente?

As maiores dificuldades que nos têm sido reportadas passam pela gestão do orçamento familiar, principalmente o contexto atual de inflação e taxas de juro altas. Os rendimentos não aumentaram devidamente, e o custo de vida tornou-se mais caro, com prestações dos empréstimos cada vez mais altas, que tornam difícil a gestão do dia a dia das famílias.

“Dinheiro parado é dinheiro morto”. Como alcançar a liberdade financeira? Ariana Nunes dá-nos a resposta
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O contexto em que vivemos, com subida das taxas de juro, inflação, retração no consumo, também pode gerar oportunidades? Se sim, quais?

Em todos os cenários económicos existem oportunidades. Sabendo que o dinheiro está mais caro agora, com o aumento das taxas de juro, poderá existir um abrandamento na escalada do preço dos imóveis, permitindo assim que exista outro tipo de oportunidades, principalmente, para quem tem acumulado capital. Contudo, tudo passa por uma boa análise e negociação.

Quais são as principais armadilhas financeiras a que podemos estar expostos?

Nestes tempos mais complicados, há uma tendência para aceder ao crédito pessoal para colmatar o salário, seja para resolver os percalços que aparecem ou até mesmo para o lazer. Normalmente, esse caminho não é o mais indicado para quem não tem controlo financeiro pois, sem conhecimento, entra-se numa espiral negativa de má gestão e dívidas, o que nos leva a um stress diário, e aos malfadados problemas financeiros que tanto impactam a nossa vida.

Há uma tendência para aceder ao crédito pessoal para colmatar o salário, seja para resolver os percalços que aparecem ou até mesmo para o lazer. Normalmente, esse caminho não é o mais indicado.

Existe realmente uma “mente milionária” ou é uma metáfora para mudarmos a forma como olhamos e gerimos o dinheiro?

Existe sim, e faz parte de um estado de espírito onde não há lugar para a vitimização, e onde o foco é alcançarmos os nossos objetivos. A verdade é que, se estivermos motivados, fazemos muito mais e temos mais resiliência. Daí ser importante ter o devido mindset para alcançar o que se pretende.

Fora isso, ainda existe o conhecimento financeiro que nos transforma. Saber como funciona o dinheiro, como o podemos gerir melhor e como ganhar mais faz parte da designada “mente milionária” que, afinal, é uma verdadeira mudança de atitude na vida.

poupança
poupança créditos: storyset/Freepik

Voltando ao contexto atual como podemos olhar para o final do mês e encontrar aí uma oportunidade de poupança face às despesas com que nos confrontamos?

Cada um terá o seu rendimento, as suas responsabilidades e os seus objetivos. As finanças pessoais são mesmo pessoais, por isso cada caso é um caso.

Ao fazermos um orçamento, vamos perceber se temos de aumentar os nossos rendimentos com um part-time ou baixar o nosso estilo de vida.

Muitas vezes, o mudar de hábitos de consumo pode criar a folga necessária. Um exemplo seria partilhar o carro com colegas na ida para o trabalho, ou trocar os almoços no verão por piqueniques, entre outras coisas. Por vezes, pode ser uma questão de criatividade e de criar novas rotinas. Não é fácil, mas é possível, fazendo algo de diferente.

Acreditando que conseguimos poupar será que os depósitos bancários serão o melhor caminho para fazer crescer essas poupanças?

Na minha opinião, os depósitos bancários servem como uma aplicação financeira para acumular capital com os nossos reforços, e não um produto de rentabilidade, pois as taxas que são oferecidas não são competitivas na atualidade.

O que é uma “má dívida”?

São todas as dívidas que não nos trazem retorno, sendo as de consumo aquelas que estão associadas a essa conotação de “dívida má”.

Como exemplos, temos o crédito pessoal destinado ao consumo, ou um crédito para férias, que não nos trazem nada que possa gerar rendimentos ou valorização.

Por outro lado, uma dívida para lançar um negócio ou até um crédito à habitação podem gerar frutos, seja com a evolução do negócio ou com a valorização do imóvel.

“Nunca devemos investir por indicação ou solicitação de outra pessoa, pois podemos estar a cair em fraudes”
“Nunca devemos investir por indicação ou solicitação de outra pessoa, pois podemos estar a cair em fraudes” créditos: Marcador

Ser-se investidor implica um grande conhecimento de mercados, produtos financeiros, etc. ou é algo ao alcance do “comum mortal”?

Com a globalização e o acesso à informação na internet, já é possível aprender os principais conceitos para se começar a investir e ainda compreender todo o mecanismo por trás dos vários produtos financeiros.

Também com o aparecimento das corretoras low-cost, investir tornou-se acessível a todas as pessoas.

Antigamente, investir era algo de difícil acesso, muito elitista e só para quem tinha bastante capital.

Atualmente, as novas gerações já procuram saber mais sobre estes temas, e por isso é necessário garantir o máximo de informação possível, principalmente pelos riscos que existem.

Na minha opinião, os depósitos bancários servem como uma aplicação financeira para acumular capital com os nossos reforços, e não um produto de rentabilidade.

O que não devemos, de todo, fazer quando começamos a investir?

Não devemos colocar todo o nosso dinheiro num só produto financeiro de risco, principalmente o dinheiro de que podemos precisar num futuro próximo.

Para além disso, será necessário compreender que só devemos investir após percebermos bem o que estamos a fazer. É necessário conhecer os riscos, as recompensas e todas as dinâmicas do investimento.

Por fim, nunca devemos investir por uma indicação ou solicitação de outra pessoa, pois podemos estar a cair em fraudes.

A Ariana é uma pessoa que, num determinado momento da sua vida decidiu arriscar. O que a fez iniciar esse caminho?

A vontade em ter um estilo de vida melhor e uma segurança financeira que não dependesse dos outros. A procura por essa liberdade financeira fez-me mudar de atitude, e fez-me correr os riscos necessários para alcançar os objetivos que coloquei, pessoal e profissionalmente.

Escreveu o livro Multiplique o seu Dinheiro, na sua quinta edição. Que outros livros gostaria de aconselhar a quem procura aprofundar os temas que aqui trouxemos?

Deixo duas sugestões de leitura para quem está a começar, pois foram os livros que li quando iniciei esta jornada.

O primeiro é o Pai Rico Pai Pobre de Robert Kiyosaki, onde aprendemos a diferença entre ativos e passivos, e a segunda sugestão é o livro Segredos da Mente Milionária de T. Harv Eker, onde perdemos complexos indevidamente criados sobre o dinheiro e sobre as nossas capacidades profissionais.