Os cães são os animais de estimação preferidos dos portugueses. Por isso, perguntámos a Pedro Moleiro, treinador de obediência e comportamento canino do Hostel Dogs & Cats, o que deve ter em conta quando se escolhe o dito melhor amigo do homem. «O essencial é que percebam que um cão precisa de tempo e de muito estímulo», diz. O especialista não vê qualquer problema em que os cães vivam em apartamentos, mas realça que fazer um passeio de manhã e outro à tarde não é suficiente.
«A maioria dos problemas comportamentais dos cães que treino é provocada pela falta de ocupação, mesmo nos que têm um quintal», esclarece. O treinador, que sugere um reforço da atividade animal, afirma que o estímulo mental é muito importante, pois «os cães têm uma plasticidade mental muito grande». Os treinos que faz assentam nesse estímulo, mas em casa os donos também podem fazer pequenos exercícios.
«Com uma simples caixa de cartão, podemos ensinar o cão a colocar as patas e o nariz em cima da caixa, saltar para cima da caixa, passar através da caixa, ou então a abrir e fechar portas e gavetas e até a acender a luz», exemplifica. Uma relação saudável entre animal e dono é o mais importante na educação do cão. «Para que os cães tenham o comportamento que queremos, os donos devem trabalhar através da motivação e do reforço positivo, evitando sempre as técnicas punitivas», remata.
O que fazem os novos gadgets
No estrangeiro, os gadgets que monitorizam a atividade física de cães e gatos não param de surpreender. Um grupo de veterinários britânicos criou a Felcana, uma coleira que parametriza a quantidade de exercício que os animais fazem, além da quantidade de comida e de bebida que ingerem e do número de horas que dormem. A ideia é antever e prevenir alguns dos principais problemas de saúde das mascotes.
«Com a crescente humanização de cães e gatos, não é surpreendente que o fenómeno da monitorização também tenha chegado ao mundo animal», afirma o jornalista Pete Wedderburn, que já investigou o assunto. Alguns dos novos dispositivos incluem GPS, medem a temperatura corporal do animal e estão ligados a aplicações móveis. Muitos deles recolhem dados que podem ser analisados e usados pelos veterinários que acompanham os animais.
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Maus-tratos punidos
Desde 1 de outubro de 2014, está em vigor a lei que criminaliza os maus-tratos contra animais de companhia em Portugal. A nova norma prevê a condenação a uma pena de prisão, que pode ir até dois anos, ou a aplicação de uma multa até 240 dias a quem provocar a morte ou danos físicos a um animal. O abandono também é punido com uma pena de prisão até seis meses ou multa até 60 dias. Um ano depois da entrada em vigor, a GNR anunciou publicamente que registou 98 crimes e 4536 contraordenações.
Adoções, doações e voluntariado
Se sempre sonhou ter um animal doméstico ou se simplesmente gostaria de fazer voluntariado, entre em contacto com as associações que podem concretizar essa ambição, como é o caso da União Zoófila, da associação Animal, da Pravi, da SOS Animal, da Cidade dos Animais, da Associação Pelos Animais, da associação Adopta-me, do Portugal Zoófilo e do Mundo dos Animais.
Sugestões de leitura
Três livros que têm os animais no centro das histórias:
- «Conversas com a Minha Gata» é uma fábula dos tempos modernos, apresenta-nos Sibila uma gata falante que entra na vida de Sara León. Uma obra de Eduardo Jáuregui, publicada pela Editorial Presença.
- «O Meu Amigo Billy» conta-nos a história verídica de Fraser, um menino autista cuja vida mudou depois de conhecer Billy, um gato cinzento e branco. Um livro de Louise Booth, publicado pela Porto Editora.
- «À Espera de Doggo» mostra como uma relação impensável à partida evolui para uma verdadeira amizade. De Mark B. Mills, publicado em Portugal pela Editorial Presença, conta a história de Daniel, um homem que está a passar por uma fase péssima. Aos 30 anos, fica desempregado e a namorada abandona-o, deixando-lhe Doggo, o seu cão.
Texto: Rita Caetano com Filipa Basílio da Silva e Luis Batista Gonçalves
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