Não é fácil ser mãe nos tempos que correm, ainda para mais de uma família numerosa. E foi precisamente junto de três mães nesse registo que fomos perceber como é que gerem a sua agenda e, se no meio de tanto corre-corre, ainda existe tempo para elas.
Mafalda Teixeira, 37 anos, mãe de três, refere a este propósito: “Parece contraditório ser mãe a tempo inteiro e dizer que se tem pouco tempo só para si, no entanto, há que selecionar atividades de que gosto e que não pesem muito no orçamento familiar, como umas caminhadas, por exemplo. Tento fomentar o encontro com pessoas amigas, aproveitando o almoço sempre que possível, ou então com o marido para colocar a conversa em dia”.
Já para Maria Beatriz Mira, mãe de cinco, e com uma carreira profissional:” O meu dia a dia é totalmente normal. Saio de casa de manhã após terem saído todos, pois já são todos independentes e cada qual vai à sua vida. Recebo milhares de mensagens diárias dos 5 ou a pedir opiniões, ou autorização para algo, ou a participarem que houve alguma alteração no seu dia. Ao fim da tarde encontramo-nos em casa, onde jantamos quase sempre todos juntos ou pelo menos os que estão e que não tiveram qualquer atividade, reunião, treino, etc. Deitam-se quase todos relativamente cedo, pois o dia começa cedo e é muito ativo e há que retemperar energia”.
Se há tempo para se dedicar à própria? Beatriz responde que sim, “principalmente à noite ou ao fim de semana. Mas gosto sempre da companhia de alguma das minhas filhas seja para o que for”.
Lurdes Afonso, grávida do seu quarto filho, admite que tem dificuldades em reservar tempo para si: “Faço um esforço enorme para estar presente em tudo o que os meus filhos fazem e agora com o quarto a caminho a minha elasticidade já não é tão grande. Receio que o tempo para mim vá escasseando, sobretudo porque sou uma mulher vaidosa e gosto de ir ao cabeleiro, de uma boa massagem, de ler um livro…”
A perda da identidade começa, na sua opinião, pela rotina diária: “Antes de voltar a engravidar pensei muito nisso e impôs à família duas horas por dia para a minha pessoa. Por vezes, nem as uso, mas obrigo-me a tê-las, senão vejo o tempo a passar entre fraldas, cadernos escolares e festas de crianças”.
Margarida também não é indiferente a esse fato: “ O meu dia-a-dia é preenchido, embora muitas vezes chegue ao final a pensar no que fiz e tenha a sensação que é pouco visível. Entre levar crianças à escola, tratar das eternas tarefas domésticas, aquelas que fazemos e parece que estão sempre lá por fazer e mais os outros trabalhos que vou arranjando, o dia fica preenchido até as crianças chegarem, porque depois há que acompanhar os trabalhos de casa e atividades extracurriculares, entre outros afazeres”.
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Uma forma de manter o estatuto é, sem dúvida, o investimento na carreira, de preferência, sem problemas de consciência. Beatriz explica a sua fórmula: “Quando a maternidade tira tempo à carreira compensa-se mais tarde, bem como ao contrário, quando se tira tempo à carreira pela maternidade, compensa-se noutra altura de mais disponibilidade. A meu ver, não há qualquer incompatibilidade, apesar do eu não ser a pessoa mais adequada para falar sobre este assunto, pois sempre tive todo o apoio no emprego, onde a lei que impera é que primeiro está a família”.
Não é o caso de Margarida, atualmente sem emprego: “No meu caso não foi fácil de conciliar e por várias circunstâncias deixei de exercer atividade profissional a tempo inteiro. Entretanto, com a conjuntura económica atual ainda não voltei a trabalhar fora de casa. Entre vários trabalhos que vou arranjando, como por exemplo, voluntariado na minha área profissional, comissão de pais das atividades das crianças ou outros trabalhos pontuais, vou-me mantendo ativa. Afinal há que não dramatizar e aproveitar a parte positiva das situações, a minha disponibilidade é com certeza diferente se tivesse que conciliar trabalho fora de casa e maternidade. A nível de apoio familiar, infelizmente não podemos contar com muita ajuda, pelo que na balança pesa sempre esse fato quando a mãe pensa na sua carreira. Não sendo impossível, carreira e família exigem uma séria coordenação e esforço do pai e da mãe”.
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