Segundo uma pesquisa da BBC, Édith Piaf foi considerada uma das 10 maiores personalidades francesas de todos os tempos. Mas a vida não foi muito sorridente para a dona de uma das vozes mais marcantes da história da música.
Nascida no seio de uma família pobre, a mãe, aspirante a cantora e o pai, acrobata, nunca lhe conseguiram dar a estabilidade suficiente durante a sua infância e adolescência. Não é de estranhar que uma jovem Édith, com 15 anos, se tenha lançado à sua própria sorte, tentando seguir os passos de sua mãe, numa carreira como cantora.
A jovem aspirante começou por cantar nas ruas de Paris até ser descoberta, em 1935, por Louis Leplée, dono do cabaré "Le Gerny's". Foi nessa altura que a cantora começou a apresentar-se como "La Môme Piaf" (O pequeno pardal), mais tarde apenas Édith Piaf, usando vestidos pretos, que acabaram por se transformar na sua imagem de marca. No cabaré, Piaf era aplaudida pela elite francesa da época e daí à gravação de músicas não passou muito tempo.
As grandes salas de espetáculos abriram portas para Édith Piaf e para os seus cada vez mais numerosos sucessos. A rádio ou o cinema foram os meios que se seguiram e as digressões por França e Bélgica revelaram-se um sucesso.
A menina de rua tinha-se transformado na estrela da elite intelectual de França. A sua fama consolidou-se, mesmo durante a II Guerra Mundial. França estava rendida e em 1946 gravou um dos seus maiores sucessos mundiais "La vie en rose".
No ano seguinte atravessou o Atlântico para uma digressão nos EUA que começou por ser um fracasso. O estilo melodramático de Piaf não convenceu os americanos. Foi somente após ser elogiada por um jornal nova iorquino que a sorte da cantora mudou. Depois de interpretar canções à americana, como dizia, o público ficou rendido. Aos seus espetáculos assistiram nomes como Marlene Dietrich, Henry Fonda, Orson Welles, Judy Garland, ou Bette Davis.
Os amores de Piaf
Ao longo da sua vida, foram várias as relações amorosas que a cantora teve. No entanto, não há dúvidas quanto a quem foi o amor da sua vida: Marcel Cerdan.
A cantora conheceu o pugilista durante a sua estadia em Nova Iorque, em 1948, e nem o facto de Marcel ser casado e ter dois filhos impediu o romance entre os dois. No entanto, esta história de amor teve um final trágico.
Em outubro de 1949, Marcel Cerdan, que viajava de Paris para Nova Iorque, a pedido da cantora, morreu quando o avião se despenhou nos Açores. O evento marcaria para sempre a vida da cantora.
A dor da perda do seu grande amor juntou-se às dores físicas provocadas pelo reumatismo que sofria. Para aliviar as dores eram-lhe administradas doses de morfina. Piaf sempre se sentiu responsável pela morte de Marcel Cerdan.
"Hymne à l'amour" e "Mon Dieu" foram as músicas que Piaf dedicou a Marcel.
A cantora casou duas vezes: em 1952 com o célebre cantor francês Jacques Pills, de quem se divorcia em 1956, e com Théo Sarapo, em 1962, um cabeleireiro de ascendência grega, 20 anos mais jovem que Piaf, e com quem viveu até à sua morte.
Depois da morte de Marcel Cerdan, a vida dourada de Édith Piaf sofreu um declínio. A debilidade física começou a tomar conta do seu corpo devido à medicação que tomava para as dores.
No entanto, foi Piaf que descobriu o talento de Charles Aznavour, na década de 1950, tendo conseguido os primeiros contratos no mundo da música graças à cantora.
Nessa mesma década a saúde da cantora deteriorou-se. Ao longo desses anos sofreu vários acidentes de automóvel, dos quais conseguiu sobreviver. Teve de ser submetida a algumas cirurgias. Foi internada, por três vezes, numa clínica de reabilitação para fazer uma desintoxicação de álcool e de morfina. Nos últimos anos de vida, a sua saúde estava tão fragilizada que chegava a desmaiar em palco.
A morte chegou a 10 de outubro de 1963, aos 47 anos de idade. Mas o legado de Édith Piaf mantém-se vivo até aos dias de hoje. Apesar de uma vida de excessos e da debilidade física, a voz nunca sofreu. O seu último grande sucesso mundial foi precisamente "Non, je ne regrette rien", em 1960.
Ao longo da sua vida, Édith Piaf subiu a palcos como o Carnagie Hall, em Nova Iorque ou o Olympia, em Paris.
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