Fernão de Magalhães nasceu no norte de Portugal, em 1480. Não se sabe onde. Porto, Vila Nova de Gaia e Ponte da Barca reclamam a sua naturalidade, tal como Sabrosa, uma hipótese entretanto descartada. Essa presunção teve por base documentação falsificada por António Alvares Pereira, descendente de lavradores de Pereira, um dos lugares do município, com o intuito de se habilitar à herança do navegador no Arquivo das Índias. Filho de um cavaleiro fidalgo, tinha apenas 10 anos quando se tornou pajem da corte.

Serviu a rainha D. Leonor, casada com o rei D. João II. Em março de 1505, com 25 anos, já casado, alistou-se na Armada da Índia, partindo pouco depois na frota de 22 navios enviada para instalar D. Francisco de Almeida como primeiro vice-rei da Índia. Ficaria lá durante oito anos, vivendo em Goa, em Cochim e em Quíloa. No regresso a Lisboa, em 1513, é enviado para Azamor, em Marrocos, onde é ferido em combate. Ainda em África, é acusado de comércio ilegal com os mouros. As incriminações não são infundadas.

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Regressa novamente a Lisboa, desta vez com a reputação manchada. O rei D. Manuel I recusa-lhe um aumento de tença. Em 1515, é confrontado com uma oferta de emprego, para membro da tripulação de um navio português. Fernando de Magalhães rejeita-a. Prefere estudar as mais recentes cartas de navegação marítima, investigando uma passagem para o oceano Pacífico através do sul do Atlântico. Sem perspetivas de evolução em Portugal, consegue chegar ao arquiduque Carlos V, que viria a ser o rei Carlos I de Espanha, participando na aparelhagem de uma frota de cinco navios, com 256 homens de tripulação, em direção ao arquipálego das Molucas, na Ásia.

Partem de Sanlúcar de Barrameda a 20 de setembro de 1519. Fazem escala nas ilhas Canárias e seguem em direção ao Brasil. Descem pelo litoral argentino e dobram o estreito de Magalhães, assim batizado em homenagem ao explorador português. Prosseguindo viagem, avistam o arquipélago de Guam e chegam à ilha de Cebu, nas Filipinas. No regresso, dobra o cabo da Boa Esperança e fazem escala em Cabo Verde, antes de voltar a águas ibéricas. No dia 6 de setembro de 1522, aportam em Sevilha.

Apenas um dos navios completa a primeira viagem de circum-navegação do globo. Dos 256 marinheiros embarcados, apenas 18 regressam. Fernão de Magalhães não é um deles. O português morre numa batalha em Cebu, nas Filipinas, no dia 27 de abril de 1521, com 41 anos. Apesar de não concluir a viagem, é visto como um herói. Hoje, dá nome a nuvens, a crateras lunares, a uma sonda da NASA e até a uma espécie de pinguins, o pinguim-de-magalhães, por ter sido um dos primeiros europeus a ver um.

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