Mulheres à Obra é uma plataforma colaborativa de mulheres empreendedoras lusófonas. Temos entre nós mulheres com experiências e formações muito diversificadas e enriquecedoras, que partilham connosco o seu saber e o seu percurso inspirador.

Com formação na área de banca e planeamento financeiro pela Universidade de Boston, Bárbara Barroso é especialista em educação financeira e jornalista de economia - trabalhou no Jornal Económico, Dinheiro Vivo, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Jornal i, Diário Económico, além de ter colaborado com o Jornal ECO, Observador e Revista Exame. É comentadora habitual em vários programas de televisão sobre temas económico-financeiros. Escreveu três livros sobre finanças pessoais, mantém o blogue As Dicas da Bá e fundou o Laboratório de Educação Financeira MoneyLab.

Quem é a Bárbara Barroso, empreendedora?

Sou uma apaixonada por literacia financeira e por pessoas que tem o privilégio, desde há muitos anos, de conseguir juntar o lado dos números com a componente humana.

A Bárbara Barroso empreendedora e a Bárbara Barroso mãe/esposa são amigas, confidentes, parceiras, colegas, rivais ou um pouco de cada coisa?

Eu sou sempre a mesma pessoa em todas as circunstâncias e quem me conhece bem sabe que não se trata de um cliché. Quando trilhamos o nosso próprio caminho, e temos os nossos próprios negócios, é difícil – e diria até cansativo – gerir tantas personalidades diferentes. Pelo menos para mim não me faz sentido. Tanto trago o pragmatismo da minha área profissional para o lado pessoal, como levo o meu lado emocional para o mundo dos negócios. Penso que é natural que em determinadas esferas da nossa vida sejam realçadas certas características, mas isso não significa que não estejam lá as outras. Acima de tudo procuro estar em harmonia com todas as esferas da minha vida. Quando se faz o que se gosta tudo é mais simples.

O que é isto da literacia financeira?

É ter o conhecimento e as ferramentas certas e necessárias para que uma pessoa consiga tomar decisões informadas e conscientes relativamente à sua vida financeira. Simplificando, é o nível de conhecimento que nos permite controlar o nosso dinheiro e não deixar que seja ele a controlar-nos.

Quando falamos de finanças para empreendedores, onde acaba o negócio e começa a família?

Esse é um dos erros mais comuns dos empreendedores logo no arranque dos projetos: não fazer uma separação entre o que são as finanças pessoais e as finanças do negócio. É muito importante haver uma distinção clara do dinheiro. Por vezes, é essa falta de transparência e separação que leva ou que alguns negócios acabem por fechar, ou a que alguns negócios arruínem as finanças das famílias.

Literacia financeira para os filhos: quando começar e como transmitir as primeiras noções?

O mais cedo possível. Assim que as crianças entram no primeiro ano, ou seja, a partir dos seis anos, já pode começar a falar sobre o dinheiro e a dar algumas noções. Por exemplo, explicar que as máquinas ATM não dão dinheiro por magia, que são umas máquinas que fazem parte dos bancos e que quando se leva o dinheiro a conta do pai e da mãe fica com menos, tal como o mealheiro deles fica quando se retira dinheiro. É importante que os primeiros conceitos sejam simples.

Depois devemos continuar a acompanhar a conversa e ensinamentos longo do tempo até chegarem à idade adulta. O dinheiro não deve ser um tema tabu e é necessário retirar a carga negativa de que “é feio falar sobre dinheiro”. Ao ter-se esse tipo de discurso estamos a criar crenças limitadoras na relação dos nossos filhos com o dinheiro. Muito do comportamento financeiro que todos temos na idade adulta é explicado com algumas “sementinhas”, como costumo designar, que nos foram plantadas pelos nossos primeiros influenciadores (familiares e amigos próximos). Ao envolvermos toda a família na gestão financeira, incluindo os mais novos, estamos a contribuir para que, no futuro, possam vir a ser cidadãos financeiramente mais responsáveis.

Poupar ou investir, eis a questão? Como enfrentar este dilema?

Não é um dilema. É uma sequência. Primeiro poupa e depois investe o dinheiro. Parado, tendo em conta a inflação (subida generalizada dos preços), irá estar a perder poder de compra. Por isso, se queremos ver o nosso dinheiro crescer – e não sermos apenas uns acumuladores – temos de investir de modo a obter retornos acima da inflação. Aumentar a nossa literacia financeira torna-se por isso essencial.

O futuro do dinheiro para leigos. O que nos podes dizer?

O tema assim é demasiado vago, uma vez que tanto se pode falar de novas formas de pagamentos, de aceder a crédito, de poupança ou investimento, entre outros. Posso destacar um tema relacionado com poupança e que acho que ainda não está a merecer a atenção devida: a reforma. Noto que as pessoas não estão muito preocupadas com o assunto, sobretudo quem ainda está a 20 ou mais anos de lá chegar. Mas claramente é um tema que deveria estar na agenda de cada pessoa. Tendo em consideração a pirâmide etária atual, em que assistimos a um envelhecimento da população, as pessoas vão ter de assegurar a sua reforma com um complemento, sob pena de chegarem aos ditos “anos dourados” e depararem-se com uma surpresa no valor da pensão. Quanto mais cedo começarem a poupar e investir com esse propósito, melhor.

10 dicas de Bárbara Barroso para atingir o sucesso financeiro:

  1. Diversifique as fontes de rendimentos
  2. Evite a dívida má
  3. Tenha um plano com objetivos concretos
  4. Continue sempre a aprender e aumentar o seu conhecimento
  5. Trabalhe mais e melhor
  6. Rodeie-se de pessoas com boa energia e que o inspiram
  7. Peça ajuda sempre que necessário
  8. Aprenda com os erros
  9. Seja genuinamente grato
  10. Faça o que ama

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