Tem 29,2 centímetros, pesa 205,5 gramas e acaba de fazer 60 anos. Barbie Millicent Roberts nasceu no dia 9 de março de 1959. Desde essa data, já foi, entre outras coisas, assistente de bordo da American Airlines, astronauta, cirurgiã, atleta olímpica, jogadora profissional da WNBA, candidata às eleições presidenciais, princesa, vencedora do concurso televisivo "American idol", chef de cozinha, apicultora, bailarina, executiva e treinadora de animais.
Preocupada com a justiça, defensora da diversidade cultural e da criança, também se empenhou em preservar o planeta. Em 2008, ajudou a aumentar a consciência ambiental entre as suas fãs, através da criação de uma coleção de acessórios de edição limitada fabricada a partir de tecido excedentário e sobras do seu vestuário. Nos últimos anos, para se adaptar às exigências do mercado, ganhou peso e tamanho e até versões que representam outros tipos de mulheres.
O artista plástico americano Andy Warhol pintou-a em 1985 e criadores como Calvin Klein, Donna Karan, Giorgio Armani, Karl Lagerfeld, Manolo Blahnik, Ralph Lauren, Vera Wang lá fora e José António Tenente, Katty Xiomara, Fátima Lopes, Nuno Gama e Maria Gambina em Portugal, entre outros, tiveram a honra de a vestir. Desde os melhores costureiros a maquilhadores, são necessárias mais de 100 pessoas para lhe criar um look e um visual.
Todos gostam dela e, da nossa parte, asseguramos que foi a única boneca que entrevistámos ao longo da já vasta história da Saber Viver. A pretexto do quincuagésimo aniversário da Barbie, que se assinalou em 2009, a revista desafiou o departamento de marketing da Mattel em Portugal a tentar imaginar o que é que a boneca mais famosa do mundo diria se falasse. Esta é a entrevista que nunca esperou ler e que recuperamos no ano em que a boneca fez 60 anos.
Onde é que nasceu?
Nasci em Willows, no Wisconsin.
Tem cinco irmãs, Skipper, Tutti, Stacie, Shelly e Krissy, mas fala-se muito pouco delas. Têm uma relação próxima?
Sim, somos todas super amigas. De vez em quando temos zangas sem grande importância, mas conto com elas como minhas melhores amigas. Eu e a Shelly, apesar da diferença de idades, estamos sempre juntas!
Separou-se do seu namorado Ken em 2004, após mais de 43 anos de convívio. Como é o vosso relacionamento hoje em dia?
O Ken e eu somos os melhores amigos.
Ao longo dos últimos 60 anos, já foi vestida por cerca de 100 costureiros famosos. Quais são os seus preferidos?
Não é fácil responder à sua pergunta porque, entre os estilistas, tenho muitos amigos. Tenho preferência por alguns costureiros para ocasiões mais cerimoniosas. Noutras alturas, apetece-me um estilo mais descontraído e prefiro outros estilistas. Depende muito da ocasião!
Qual é a sensação de ter alcançado mais de meio século de vida?
Sinto-me muito feliz por já ter acompanhado várias gerações de meninas e continuar entre as suas melhores amigas. Acho que o grande segredo de ser sempre a boneca preferida passa por estar sempre à frente das novidades e inspirar os seus sonhos.
O seu quincuagésimo aniversário foi celebrado um pouco por todo o mundo. Pode adiantar mais pormenores do que se passou?
Nesse ano, as festas foram imensas por todo o mundo. Em fevereiro de 2009, convidei 50 amigos estilistas para criarem roupas para mim e fizemos uma passagem de modelos na New York Fashion Week, em Nova Iorque. Em março, no dia 9, tive uma festa de anos na minha casa em Malibu, que foi decorada pelo designer Jonathan Adler.
Em Paris, nos Campos Elísios, os famosos Champs-Élysées, a loja da Colette, uma das mais badaladas da cidade, teve uma exposição de edição especial de roupa e acessórios Barbie desenhada pelo Jeremy Scott. No Rio de Janeiro, no Brasil, a praia de Copacabana foi pintada de cor de rosa e por aí adiante…
E em Portugal?
Em Portugal, ao longo desse ano, foram realizadas diversas exposições, com a história dos meus 50 anos de vida, o papel que tive na evolução da moda e outras atividades divertidas para as minhas amigas.
Qual foi a década que mais a marcou?
Tenho o privilégio de já ter passado por muitos marcos importantes mas, se tiver que eleger um único, escolheria o final dos anos da década de 1980, quando a UNICEF foi apontada como o organismo das Nações Unidas responsável pelos direitos da criança e eu assumi o papel de embaixadora da UNICEF.
Desempenhou, ao longo destes anos, mais de 100 profissões. Quais foram aquelas com que mais se identificou?
Todas! De fada a editora de moda em 1960, de princesa a candidata a presidente em 2004, já ajudei várias gerações de meninas a sonhar, descobrir e explorar um mundo sem limites. E tudo isto sem precisarem de sair do seu quarto. Sei que encorajei muitas meninas a viverem os seus sonhos. O importante foi mostrar que cada uma de nós pode ser o que quiser.
Já protagonizou vários filmes. Gosta de ser atriz?
Adoro ser atriz e poder contracenar com amigos! Adorei conhecer a Polegarzinha [nome do filme que protagonizou em 2009] e, quando me convidaram para participar, fui logo seduzida pela mensagem ecológica que transmite. Todos os filmes que fiz têm sido com enorme alegria, mas um dos meus maiores desafios foi "A princesa e aldeã", o meu primeiro musical, que pôs à prova a minha voz. E, em "12 princesas bailarinas", fui coreografada pelo Peter Martins, do New York City Ballet.
É considerada um símbolo de união entre as raparigas de várias nacionalidades e defensora da diversidade cultural. Sente-se privilegiada por poder desempenhar esse papel?
Sim, é uma grande alegria saber que, em todo o mundo, as meninas brincam comigo. Mesmo não falando a mesma língua, é possível juntar duas meninas e pô-las a brincar juntas!
O que sente quando a tratam como se fosse só uma boneca?
Eu sou uma boneca. Uma boneca especial que faz sonhar crianças e que inspira a sua imaginação e, por isso, consigo suscitar emoções e comunicar com elas de maneira especial.
Nunca fica farta de cor de rosa?
Não uso só cor de rosa! É a minha cor preferida, efetivamente, mas gosto de todas as cores alegres! Mas acha que há cor mais na moda que o cor de rosa?
Texto: Teresa d'Ornellas
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