“Esta manhã, na abertura da Conferência em Malta sobre European Union Responses to Gender-Based Violence (Respostas da UE à violência baseada em género), Věra Jourová, a Comissária Europeia para a Igualdade de Género, afirma de forma surpreendente que, enquanto «na Suécia o assédio é visto como perseguição, nos países do Sul é entendido como cumprimento»", começa por explicar na sua publicação no Facebook.
Dada a declaração da comissária europeia, Liliana Rodrigues pediu a palavra para esclarecer o assunto: “é inadmissível que alguém com as suas responsabilidades partilhe desta ideia e a afirme de forma tão leviana. Sinal claro de que a senhora Comissária Jourová não conhece Portugal e a sua legislação progressiva. Sinal também de que não conhece os países do Sul da Europa e que se precipita em julgamentos com base em estereótipos e preconceitos”.
O encontro desta sexta-feira foi organizado pela presidência maltesa do Conselho da União Europeia, e nele participaram representantes dos movimentos de defesa dos direitos das mulheres, sindicatos, eurodeputados e deputados de vários parlamentos nacionais.
A eurodeputada não quis deixar de relembrar que “o assédio é crime, ou deveria ser crime, onde quer que seja. É altura de abandonar de vez este discurso hipócrita da tradição cultural. Afirmações destas representam um enorme retrocesso na luta das mulheres pela igualdade”.
Um dos últimos estudos sobre o tema em Portugal foi a pesquisa “Assédio Sexual e Moral no Local de Trabalho em Portugal” do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, publicada em 2015, que concluiu que cerca de 16,5% dos inquiridos afirmaram já ter sofrido assédio moral no local de trabalho, enquanto mais de 12% disseram ter sido vítimas de assédio sexual, pelo menos uma vez na vida.
O estudo coordenado por Anália Torres concluiu ainda que as mulheres são as principais vítimas seja de assédio moral (16,7%) seja de assédio sexual (14,4%) no local de trabalho.
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