Ao longo dos seus 107 anos de história, o veleiro de três mastros, que desloca mais de 1.500 toneladas e tem uma área superior a 2.200 metros quadrados, já foi presa de guerra, venceu corridas oceânicas e nos últimos cinco anos foi convertido em “navio de investigação científica de última geração”, disse à Lusa a responsável pela organização da expedição One Ocean, Solveig Maria.

“Vamos navegar à volta do mundo para tentar chamar a atenção para o oceano e para um futuro sustentável, fazendo investigação, tentando partilhá-la e participando em reuniões de alto nível”, acrescentou.

O comandante do Statsraad Lehmkuhl, Jens Joachim Hiorth, referiu à Lusa que estão previstas paragens em 36 portos até 2023. A maior parte da viagem está reservada para tripulações científicas e académicas, mas para algumas etapas, qualquer pessoa pode comprar um bilhete.

Por exemplo, um bilhete para atravessar o oceano Atlântico a partir de Las Palmas, rumo a Curaçau, custa cerca de 4.600 euros, um preço que inclui um mês a bordo e a aprendizagem das rotinas da navegação.

Um dia típico a bordo começa “idealmente, a velejar, se houver vento” e os estudantes “recolhem medições com o equipamento sofisticado” a bordo, referiu Jens Joachim Hiorth.

A vida a bordo faz-se em três turnos, pelos quais rodam as tripulações, que aprendem os métodos da navegação, cuidam do leme, tratam das 22 velas, sobem aos mastros, fazem consertos.

Solveig refere que o Statsraad Lehmkuhl tem um eco-sonar, medidores de ondas, mede o dióxido de carbono da água do mar e do ar, para verificar o nível de acidificação, recolhe amostras de água para a avaliar microbiologicamente e faz medições meteorológicas.

Pela Internet e pelas redes sociais, a qualquer momento se pode ver onde o navio está, fotografias, vídeos e histórias da viagem e a temperatura e humidade do local onde o Statsraad Lehmkuhl se encontra.

A embaixadora da Noruega em Lisboa, Tove Bruvik Westberg, considerou que a viagem de circumnavegação, que voltará a território português em janeiro próximo, com uma passagem pela Horta, Açores, “vai trazer mais conhecimento sobre a qualidade e importância do oceano”.

O fim da viagem está marcado para abril de 2023, no mesmo local onde começou, a cidade norueguesa de Bergen.