A palavra do momento - sustentabilidade. Cada um de nós a ouve pelo menos uma vez por dia. No entanto, a mudança de hábitos continua longe da vista. Frequentemente me questiono, ou sou questionada, sobre o porquê desta mudança tão pouco palpável. A resposta surge da mistura das minhas experiências, enquanto humanos corremos na direção contrária à mudança como se de um leão se tratasse. Enquanto especialista em inovação, mudança é um dos princípios. Quando apresento a sugestão ao cliente, o olhar é sempre de pânico. Estabilidade é sinónimo de sobrevivência e prosperidade enquanto mudança significa inconscientemente perigo.
Todas as mudanças devem ser tratadas da mesma maneira, com incentivos. Não falo apenas de dinheiro, mas também. Existem três formas de promover a mudança:
- Amor, a sensação de apreciação e completude;
- Glória ou Status, reconhecimento e admiração;
- Dinheiro, ganhar ou poupar.
Sermos mais sustentáveis não é diferente de encontrar um trabalho que nos permita ser mais felizes ou conhecer alguém novo. Ficamos ansiosos, mas se formos incentivados na maneira certa haveremos de mudar.
Enquanto Co-fundadora do Reboot esse foi um dos princípios que mantivemos sempre em mente. A mudança não ia ser fácil mas era essencial. Essa necessidade é observada não só nos dados científicos, mas também na crescente afluência de movimentos em prol da sustentabilidade. Esta moda chegou para ficar. Esperemos é que não seja como a fast fashion e traga um corrente de mudança positiva para o planeta. Nem todas as modas têm de ser más. Acredito que esta poderá trazer um reforço na associação da sustentabilidade ao Amor e à Glória, isto claro, se bem usada. O ativismo, em particular o ativismo jovem, está hoje mais focado nesta causa. Sentimos a urgência na pele porque nos afeta mais diretamente, é o futuro que está em causa. Em simultâneo, e comparando Portugal a outros países europeus igualmente preocupados com a Sustentabilidade, falta o incentivo monetário. Em exemplos práticos falo de investimento em ciclovias para que substituir o carro não seja tão tortuoso, reduzir gradualmente os subsídios à indústria da carne e garantir a existência de oportunidades de empregos reais nesta transição.
Numa perspetiva artística poderíamos apontar o movimento como belo, o renascer das cinzas, mas enquanto realidade devemos aprender a conjugar moral, racional e emocional. Dividirmo-nos em morais e imorais não vai reduzir as emissões de ??2, precisamos de empatia. Enquanto Embaixadora do Pacto Europeu para o Clima, o meu papel é reduzir barreiras e aproximar as pessoas na resolução da crise climática. O Reboot têm sido o veículo para esse movimento.
Para finalizar, se tivesse de resumir o que faria para tornar o mundo sustentável, a resposta era simples. Investia em saúde mental, uma pessoa que está bem mentalmente está também mais disponível a experienciar a realidade do outro, a ouvir e transitar para comportamentos diferentes dos atuais. A mudança é menos assustadora, e os outros passam a fazer parte da mudança connosco. Esta transição deve ser conjunto, ou não existirá de todo.
Votos de uma sustentabilidade refletida.
Um artigo de opinião de Sofia Grilo, Co-founder do Reboot e Embaixadora do Pacto Climático Europeu.
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