O observatório, que se declara um "grupo de campanha e pesquisa", teve acesso a documentos da Comissão Europeia em que o grupo de lóbi pró-pesticidas CropLife Europe, que reprenta marcas como a Bayer, BASF ou Sygenta, assume que o seu objetivo é travar a adoção de "metas uniformes e vinculativas" para a redução do uso de pesticidas na Europa, como é da política europeia.
A Comissão Europeia discutirá no dia 23 uma proposta de diretiva que visa cortar a metade o uso de pesticidas na Europa até 2030, com liberdade para cada estado-membro estabelecer o seu roteiro nacional para atingir esse objetivo.
Agindo no sentido assumido de "proteger e aumentar a liberdade dos seus membros para operar", a Croplife terá "comprado 'estudos' convenientes para assustar políticos", acusa o CEO.
Afirmam que se trata de "'estudos de impacto’ convenientes, mas parciais" feitos por universidades que preveem um impacto económico desastroso no setor agrícola" da estratégia Europeia Farm-to-Fork, em que se enquadra a redução do uso de pesticidas.
Acusa ainda o setor dos pesticidas de duplicidade, uma vez que nos Estados Unidos defendem a agricultura industrial como sustentável, no sentido oposto ao que se defende no Pacto Verde Europeu, um conjunto de medidas que abrangem vários setores com impacto nas alterações climáticas.
No entanto, divulgam "declarações vazias sobre o seu apoio ao Pacto Verde" na Europa e "mobilizam governos de países terceiros para pressionar a União Europeia" sobre os limites de pesticidas admitidos na importação para a Europa, aponta o CEO.
"As provas da ligação entre uso de pesticidas, declínio da biodiversidade e impactos na saúde humana avolumam-se", argumenta o CEO, cuja ativista Nina Holland considerou "muito cínico que os políticos europeus estejam cada vez mais a juntar-se ao ataque às metas Farm to Fork usando a guerra na Ucrânia e a ameaça de crise alimentar como argumento".
A guerra, argumenta, "mostra precisamente a urgência de tornar a produção alimentar menos dependente de combustíveis fósseis, pesticidas e fertilizantes", defendendo que "as instituições e políticos da Europa devem parar de defender interesses corporativos e fazer o que é suposto fazerem: proteger o interesse geral".
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