Ponto de partida

É frequente ouvir que pagar dívidas com outras dívidas é um enorme erro. E sim, pode ser verdade! Se uma pessoa recorre ao chamado “crédito fácil” para conseguir aliviar os encargos que já tem com outros créditos pode estar a aumentar o seu nível de endividamento.

Se o crédito é fácil é porque o crédito é caro. Esta é uma verdade que não se pode esquecer. O custo de um empréstimo está associado ao risco do mesmo. Se o crédito é fácil é porque o credor está a correr maiores riscos. Se está a correr maiores riscos, então é um crédito caro (taxa de juro elevada).

Ponto de reflexão

Ao fazer um crédito consolidado estamos a substituir todas as dívidas de curto prazo por uma só. Dizemos “dívidas de curto prazo”, todas as dívidas com exceção dos créditos hipotecários. Ao fazer esta substituição estamos, na generalidade dos casos, a aumentar o prazo das dívidas.

Aumentando o prazo o crédito deverá ficar mais caro, pois fica a pagar mais tempo pelo mesmo valor. Mas pode não ser necessariamente assim!

Recentemente estivemos a apoiar um cliente que tinha aproximadamente 130.000 euros em dívida, sendo 104.000 relativos ao crédito habitação. Ou seja, os chamados “créditos de curto prazo” representavam 26.000 euros. Dois créditos pessoais e 3 cartões de crédito.

Verificando os rendimentos que apresentava, cerca de 1.150 euros, face às prestações que tinha com todos os créditos, a sua vida financeira precisava de uma reorganização urgente!

Assim que foi possível o financiamento para terminar com as dívidas dos créditos pessoais e cartões de crédito, a cliente ficou com uma poupança mensal de aproximadamente 300 euros. As prestações que pagava antes do consolidado eram 650 euros e agora ficou com uma prestação de 358 euros. Veja aqui outras dicas para reduzir as suas prestações financeiras.

O cliente ficou a ganhar ou a perder?

Ponto de chegada

Para avaliar os custos/benefícios desta operação devemos colocar-nos num horizonte de longo prazo. Ou seja, é verdade que para uma pessoa ter um crédito consolidado com as condições acima descritas provavelmente contraiu uma dívida para os próximos 10 anos, quando algumas das dívidas que tinha antes da consolidação terminariam antes desse prazo. Mas a questão chave para avaliar a opção da consolidação é: o que fazemos com a poupança obtida?

Se a opção pela consolidação for numa perspetiva de terminar com as dívidas, aquilo que sugerimos é que não passe a viver como se tivesse obtido um grande desafogo dos encargos bancários. Em vez disso, procure manter a sua taxa de esforço e coloque de lado todos os meses um valor significativo desse valor poupado com a consolidação.

Imagine o que poderá fazer se todos os meses poupar, pelo menos, 200 euros. No final de 1 ano terá poupado no mínimo 2.400 euros (se colocar o valor da poupança a render ainda terá valores maiores). No final de 5 anos terá mais de 12.000 euros! Com este valor, em vez de aplica-lo na compra de um automóvel novo poderá amortizar a totalidade do crédito consolidado.

Acabar com uma dívida difícil não é tarefa fácil. É necessário algum engenho e inteligência financeira. Por vezes, pode ser necessário algum apoio profissional para conseguir a melhor solução para um problema financeiro. Neste caso, mostrámos que em vez de ficar 10 anos com um novo crédito o cliente demorou apenas 5 anos para acabar com as suas dívidas…