Faz sentido consumir tanto?
Falar de poupança implica falar imediatamente de consumo. Se reduzimos o consumo podemos aumentar a poupança, pois poupar significa deixar de consumir hoje para consumir no futuro. Será que devemos voltar a consumir como no passado? Será que devemos reduzir os níveis de poupança de modo a incentivar a economia e melhorarmos (mesmo que artificialmente) a nossa qualidade de vida?
Consumir não tem nada de mal…
As questões que colocámos não significam que defendamos que consumir é mau. Consumir é bom. Aliás, o dinheiro serve para ser gasto, seja hoje ou no futuro. No entanto, a linha que separa o consumo do consumismo é muito estreita e facilmente consumimos demasiado ou consumimos acima das nossas possibilidades.
Será que vivemos acima das possibilidades?
Uma frase cara a muitas pessoas e que é, aparentemente, politicamente incorreta. Como podemos dizer que vivemos acima das nossas possibilidades quando temos tantas pessoas a passar dificuldades? Uma análise assim superficial esconde uma realidade muito dura: existe um mundo de desigualdades. De facto, uma franja importante da população tem dinheiro para consumir (e tem facilidade de acesso ao crédito), enquanto outra franja passa grandes dificuldades para fazer as despesas mais essenciais às suas vidas.
Dizem-nos os dados estatísticos que o consumo está a impulsionar de novo a economia e que o recurso ao crédito está de volta. Viver acima das possibilidades quer dizer que temos de recorrer a dinheiro de terceiros (ou à poupança) para fazer face às nossas despesas. E isso é um facto. Endividámo-nos enquanto Estado e enquanto país e agora temos de fazer uma “dieta rigoroso e forçada” para corrigir os problemas. E todos sabemos que fazer dieta custa e não é nada agradável.
Poupar é uma questão de postura
É impossível para muitas pessoas poupar dinheiro. Mas é impossível se mantivermos a mesma estrutura de custos. Se não nos esforçarmos por identificar as despesas que podemos reduzir ou mesmo eliminar e se não nos questionarmos sobre o que é realmente importante para as nossas vidas. Se repararmos, muitas vezes olhamos para as despesas como essenciais e não nos apercebemos que não precisamos de certos luxos ou pequenos prazeres (apesar de não fazerem mal a ninguém).
Posto isto, resta-nos resumir tudo em pequenas ideias que iremos explorar noutros artigos:
• Todos os dias são dias para poupar. A poupança faz-se em pequenos gestos e em pequenas (ou grandes) decisões no nosso dia a dia. De nada vale prometermos que vamos poupar €1.000 num ano se não conseguirmos poupar €1 por dia.
• O importante é criar hábitos. Somos animais de hábitos e temos de criar hábitos de poupança que tornem o processo algo natural. Sendo natural, não irá custar… e não falamos aqui de ser forretas mas antes de darmos ao dinheiro e aos bens materiais o valor que eles têm realmente.
• Saiba onde está. Saiba onde gasta o dinheiro, tarefa essencial para começar um esforço de poupança consistente ao longo do tempo e para poupar muito dinheiro.
Continue com o SAPO e com o Dr. Finanças!
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