Chega de calções de ganga e com um top branco da sua marca Oh God!, e quem a vê jamais imagina que tem três filhos. É gira, elegante, simpática, divertida e muito empenhada naquilo que faz. A sua marca vai dar que falar porque a determinação desta mulher é inabalável!

Está ligada à indústria têxtil há quanto tempo?

Há dez anos.  Arranjei um emprego temporário na indústria têxtil, mas como sempre tive o “bichinho” da moda acabei por criar o meu próprio negócio e dediquei-me aos acessórios de moda.

Que tipo de acessórios são esses?

São aplicações metálicas, cintos, etc. Desenhamos e produzimos um número infinito de peças para a indústria nacional e internacional.

E como é que aparece a sua marca?

No final do ano passado decidi criar uma marca de roupa inspirada naquilo que eu costumo vestir. O conceito está muito bem estabelecido e orgulho-me de estar em primeiro lugar a sublinhar o “Made in Portugal” – e é isso, perante a situação do país – o que todos nós precisamos: criar, vender e exportar os nossos produtos.

Começou por criar que tipo de peças?

Tive de pedir algum tempo aos meus filhos para poder dedicar-me a criar a minha marca o que não foi nada fácil porque tive de prescindir de muitas horas para eles... Foi mesmo muito difícil criar uma coleção.

Quantos filhos tem?

Tenho três filhos com 12, oito e cinco anos!

O que distingue a Oh God!?

Para além de ser produção nacional, sublinha o facto de ser um produto “made in Portugal” e, além disso, distingue-se pelos modelos intemporais, ou seja, modelos que usamos há dez anos e vamos continuar a usar nos próximos dez!

São peças de roupa que todas as mulheres têm no seu guarda-roupa?

Independentemente da moda do momento, são aquelas peças pretas, azuis ou verdes que não prendem com nada e que nós usamos em qualquer altura. 

Apostou só na moda feminina?

Por enquanto sim. Apostei em trabalhar bons tecidos e como mulher é mais fácil para mim desenhar moda feminina, mas está nos meus planos se tudo correr como se espera acrescentar a roupa de homem.

Com a crise que o país está a viver nada disto deve ser fácil...

Tem sido um trabalho árduo mas tem valido a pena. Só para ter uma ideia, a nossa página foi lançada em março de 2014 e superámos todas as nossas expetativas.

Tem vendido bem?

Muito bem mesmo. Temos feito uma divulgação muito boa no Facebook e no Instagram e temos o nosso website. Por enquanto só vendemos online porque temos de começar por algum lado e, felizmente, tem corrido bem e as nossa clientes estão satisfeitas.

O seu objetivo é vender para lojas?

Não, quanto muito ter uma loja com a minha própria marca. O meu principal objetivo neste momento, e já demos alguns passos nesse sentido, é ter um website internacional e internacionalizar a marca. Ter os produtos disponíveis para entrega imediata e poder enviar para todo o mundo.

Já está preparada para responder às encomendas internacionais?

Em 48/72 horas no máximo, as peças chegam a qualquer parte do mundo. Já estamos a exportar dessa forma. Por isso estamos a tentar impulsionar e destacar o nosso website para aparecer em todo o lado, está quase pronto …

Quantas línguas tem o website da Oh God!?

Está a ser construído de forma automática, ou seja o sistema detecta em que país se está a ligar ao website e assume a língua a que traduzir. Vai ser um sucesso, com certeza.

Passa tudo por si?

Faço o desenho da roupa, desenho e seleciono os acessórios, escolho os tecidos, faço o controlo de qualidade, seleciono a confecção, experimento as peças, oriento tudo! Mas não faço tudo sozinha: a minha irmã também colabora e tenho uma equipa empenhada a trabalhar para mim. Não digo que trabalho 24 horas por dia, mas normalmente são mais de 12 todos os dias.

E ainda lhe sobra tempo para estar com as suas crianças?

Sobra. Estou sempre duas ou três horas por dia nem que faça roupa juntamente com eles....

Quer chegar onde?

Ter uma loja Oh God! em todas as capitais europeias. E quem sabe, mais tarde, possa ampliar o conceito da minha roupa também aos homens. Trabalho todos os dias para tentar que isso seja possível.

As suas peças são acessíveis a todas as bolsas?

Na primeira coleção que fizemos, a peça mais barata custava 29€ e a mais cara, 94€. Como vê são peças acessíveis à classe média se atendermos que os tecidos são da melhor qualidade. Se a peça é feita para durar muitos anos o tecido tem de ser excelente para se manter sempre bonito.

Qual foi a peripécia mais engraçada que lhe aconteceu?

Uma vez apareceu um homem numa feira que conhecia muito bem a coleção e comprou a túnica harmonia, uma das nossas peças mais vendidas, e saiu com ela vestida...

Qual é a sua paleta de cores?

Preto, branco, coral e amarelo nesta colecção passada.Toda a coleção foi feita nestas quatro cores. Mas na coleção Outono/Inverno vão surgir novas cores. Como a cor em si já é uma tendência optamos por tons mais suaves para não prender tanto. O bege, por exemplo, é eterno...

Que tipo de peças tem a sua marca?

Vestido, túnicas, saias, calções, calças e um modelo de jeans. Produzimos peças que se podem usar em qualquer ocasião. Temos vestidos que, de acordo com aquilo que se calça, tanto pode ir à praia como a um casamento.

E acessórios também vai ter?

Estou a pensar numa bolsa de senhora em todas as cores da coleção também em produção nacional. Quero provar que somos capazes de fazê-lo!

O seu marido ajuda-a nisto?

Um pouco. Ele tem o trabalho dele mas gosta de dar a sua opinião.

Os seus pais também estão orgulhosos do seu empreendedorismo?

Claro que sim. Os meus pais desde o início que apoiam o meu trabalho.

Tem algum hobby?

Boa pergunta.  Trabalho tanto que nunca pensei nisso. Acho que o meu hobby é trabalhar.

Que programa faz com os seus filhos?

Aos fins de semana passeamos de bicicleta ou então passeamos com o cão no jardim. Por vezes, tiro o trabalho da cabeça e fazemos um fim de semana em turismo rural sempre com os meus filhos. Quando não estou em trabalho, não saio de casa sem eles. Os meus filhos são a minha outra metade! 

Agora vem mais vezes a Lisboa?

Ainda esta semana vim cá três vezes... Nunca imaginei vir tantas vezes a Lisboa.

Está otimista?

Estou pois. Tenho a certeza que vamos conseguir! Também sei que vai ser difícil e pode demorar mais tempo mas eu garanto que chego lá! O país vai gostar do que vamos fazer!

Texto: Palmira Correia