Há onze anos inventou um negócio absolutamente inovador: desenhou e criou quiosques onde ainda hoje se fazem unhas de gel.

Em Portugal tem cerca de 40 quiosques com a sua marca, Nail’s 4 us, 30 em Espanha, dois na Bélgica, e Angola já está em marcha.

O primeiro nasceu no Colombo quando estava grávida do primeiro filho e nunca imaginou que o negócio pudesse tomar as dimensões que tem hoje. Magda Lourenço é uma vencedora.

É uma das pioneiras das unhas de gel em Portugal. Como é que este negócio começou?

A ideia surgiu porque o meu marido abriu o primeiro solário no Colombo e por causa do negócio dele começámos a frequentar feiras de estética, e eu lembrei-me de pôr lá um serviço complementar de unhas.
Já havia alguns sítios onde se faziam unhas de gel mas eram muito poucos na altura.
Havia a Ana Bela Sousa que tinha a Magrife, em Alcântara, a Lúcia Piloto, a Ayer e pouco mais. Nessa altura uma aplicação custava mais de 100 euros e havia poucas pessoas a fazer bem.

Foram os americanos que inventaram as unhas de gel?

Foram os primeiros a fazer e a divulgar, mas o mercado de unhas na Europa é muito mais evoluído do que na América. Isto porque entraram lá os vietnamitas e os orientais a fazer unhas com produto muito barato e estragaram o mercado americano. Ninguém pode competir com os preços dos chineses.

A sua experiência com as unhas começa no solário do seu marido para logo a seguir se autonomizar?

Começou logo a correr bem por isso tinha de crescer. Quando percebi que era uma oportunidade, senti que não que não podia desperdiçá-la. Como não havia lojas disponíveis, lembrei-me de desenhar um quiosque e fui apresentar o projecto ao responsável pela administração do Colombo que no início colocou algumas reservas mas acabou por apadrinhar a ideia.

A oportunidade bateu-lhe à porta e claro que não a fechou…

No início ainda achava que ia conciliar as duas coisas: o atelier de arquitectura com o negócio, mas, logo a seguir, quando a empresa começou a crescer, percebi que não era possível.

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Quando abriu no Colombo, quanto custavam as suas unhas?

Custavam 65 euros. Era um preço justo que permitia pagar a renda e os ordenados das funcionárias que são artistas e têm de ser bem pagas pelo trabalho que fazem, para além de oferecer às minhas clientes o melhor produto do mercado. Ainda hoje essa é a minha maior preocupação: quero sempre o melhor!

Compra os seus produtos fora do País?

Compro directamente nas fábricas e depois embalo com a nossa marca. É tudo organizado por nós.

O sucesso do seu primeiro quiosque superou as suas expectativas?

Completamente. As pessoas queriam marcar a manutenção para dali a quatro semanas e não tinham vaga.

Para onde é que a sua empresa cresceu?

Depois do Colombo fomos para o Vasco da Gama, Almada Forum, Oeiras e Cascais Shopping. Quando tinha oito quiosques e já não tinha vida, decidi fazer franchising. Tive muita sorte com a minha equipa: algumas ainda trabalham comigo e outras passaram a franchisadas.

Quantos filhos tem?

Tenho três filhos, um com 11 anos, e dois gémeos com dois anos e meio. Às vezes olho para trás e penso que tive muita sorte: estava grávida do meu filho mais velho quando fui falar com o administrador do Colombo e mesmo sem ter nenhuma experiência empresarial, ele acreditou em mim e deixou-me abrir o quiosque.

O seu marido teve um bar?

Teve o Blues Café que vendeu no ano passado. O meu marido é holandês, formado em gestão hoteleira e estamos juntos há 14 anos.

O seu marido agora trabalha consigo?

Trabalha e o meu pai, que era bancário e, entretanto, reformou-se, também ajuda a controlar as contas. No escritório trabalham cerca de 12 pessoas.
Foi o franchising que lhe permitiu voltar a ter vida?
Ajudou muito. Eu estive na primeira equipa do Colombo a fazer unhas e a dar formação.

Aprendeu com quem?

Aprendi fora. Cá ainda tive uma formação para aprender a limar unhas porque nem isso sabia.

Neste momento já franchisou quantos quiosques Nail’s 4 us?

Temos 37 em Portugal, 30 em Espanha, dois na Bélgica e vamos abrir em Luanda no Centro Comercial Bela Shopping. O negócio do franchising é da responsabilidade do meu marido.

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A crise não está a afectar o seu negócio?

Afecta toda a gente mas temos de nos adaptar aos novos tempos. Agora temos um produto novo, o Ultimate, um verniz permanente que se aplica por 20 euros e dura quase tanto como o gel.

Ainda há um grande mito em relação às unhas de gel.

Claro que há. Ainda há dias o meu marido convencia uma amiga a experimentar gel na nossa loja e ela respondeu: “Isso é para a minha empregada”. E porquê? Para a maioria das pessoas, a imagem do gel ainda é a unha grossa, em forma de barbatana.

Há pessoas que gostam das unhas assim?

Claro que há. São essas pessoas que estragam a imagem das unhas de gel. Quando uma cliente gosta que as unhas se vejam, exerce uma influência negativa em todas as pessoas à volta. E depois há o mito de que a unha não respira. O que é um perfeito disparate.

Que produto é este?

O nosso gel vem de fábricas de compósitos para dentistas, mas tem uma composição diferente para ser mais flexível e estar adaptado às unhas.

Agora já consegue ter tempo para si?

Tenho sempre tempo para aquilo que é prioritário. Claro que não tenho tempo para ir um mês de férias, mas vamos uma semana por ano para o Algarve. Ao longo do ano, tento fazer alguns fins-de-semana prolongados.

Com ou sem filhos?

As férias são sempre com os filhos porque temos de nos ausentar muito em trabalho.

Continua à procura de novas coisas?

Estou sempre à procura. Parar é morrer.

Qual é a sua prioridade?

Os meus filhos.

Texto: Palmira Correia