Num mercado tão competitivo como o atual, quase tão importante quanto o seu currículum é saber o que nunca fazer se quer cativar o seu potencial empregador.

Até porque, lembre-se, não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão. Não se preparar convenientemente pode ser, por isso, um erro crasso que não se pode dar ao luxo de cometer.

A sorte dá muito trabalho, por isso, esteja certa que a preparação nunca é de mais. José Bancaleiro, especialista em gestão de capital humano e managing partner da Stanton Chase, empresa de recrutamento e consultoria, garante que o sucesso de uma entrevista começa na sua preparação. «Um erro muito frequente e com efeitos desastrosos que assisto é ver pessoas entrarem numa entrevista sem saberem bem a posição em causa», constata o especialista.

«Ou sem saberem nada sobre a organização a que se candidatam», acrescenta ainda. Invista, por isso, tempo e energia na recolha do máximo de informação sobre a função, a empresa e, se possível, o entrevistador para não cometer este erro e fazer boa figura. Apesar de nem sempre ser determinante, este aspeto pode revelar-se essencial para a (não) contratação.

Chegar atrasada

Chegar após a hora marcada é sempre um ponto negativo para a sua avaliação, mesmo que tenha um bom argumento para o justificar. Um atraso implica começar a entrevista em desvantagem e obriga-a a recuperar desse primeiro mau sinal. Chegar cedo de mais também pode denunciar alguma ansiedade, portanto o ideal é apostar na pontualidade.

Organize-se de forma a chegar cinco minutos antes e aproveite para observar o ambiente, passar os olhos pelas revistas internas e esperar calmamente. Se tiver as mãos transpiradas, terá ainda tempo para passar pela casa de banho para se refrescar.

Esquecer-se onde está

José Bancaleiro alerta para a importância de manter uma postura profissional desde que cruza a porta da empresa até ao momento em que abandona as instalações. Pormenores como a interação que mantém com as pessoas enquanto espera ou os telefonemas que recebe podem estar a ser observados sem que se dê conta disso. Assuma uma postura tranquila e cordial e coloque o telemóvel no silêncio.

Vestir-se de forma desadequada

Aquilo que vestir e os adereços que usar (gravata, brincos, tatuagens e/ou piercings) também são elementos de avaliação. É inevitável que o entrevistador, no curto período de tempo que dispõe para conhecer o entrevistado, tenha tudo em conta. «Apresentar-se muito formal para uma vaga que exige descontração ou demasiadamente informal para uma função que exige alguma formalidade, pode ser o princípio de uma experiência com um mau resultado», alerta o especialista da Stanton Chase.

Evite sempre o perfume e a maquilhagem em excesso. Quando não tem a certeza sobre a indumentária mais adequada opte por um estilo clássico que não a comprometa. Arrisque num só objeto que a identifique, por exemplo, um anel, um par de brincos ou um lenço.

Exagerar na linguagem gestual

A forma como cumprimenta, a sua expressão corporal, o sorriso e o tipo de linguagem que utiliza fazem parte de um pacote de informações que muitas vezes não nos apercebemos que estamos a transmitir. Cruzar os braços, por exemplo, é uma postura de defesa, acenar constantemente indica insegurança e nervosismo.

Roer as unhas é determinantemente proibido! Não desvie os olhos do entrevistador, mas evite fixar o olhar de forma ameaçadora. Aja com naturalidade, mesmo que essa naturalidade tenha ser treinada com a família ou os amigos.

Desenvolver temas que não conhece

Numa série de conselhos para gerir o entrevistador, José Bancaleiro afirma que uma entrevista de trabalho é um ato de sedução. Por isso, explica, «a estratégia base de uma boa entrevista deverá ser levá-la para as áreas que nos permitam demonstrar as nossas vantagens em áreas que dominamos e que possam interessar à organização».

O especialista diz que um erro muitas vezes repetido pelos entrevistados é quererem mostrar que sabem tudo, o que os leva a entrarem em temas que não dominam, «dando a ideia, no mínimo, de pouco senso e pouca solidez».

Admitir que não sabe a resposta a uma pergunta é sempre preferível a lançar um palpite vago. Mas não se fique pela resposta seca, mostre-se disponível para procurar informação sobre o tema. Mantenha-se nos territórios que para si são mais confortáveis e valorize esse conhecimento.

Falar mal do emprego anterior

Mesmo que a sua anterior experiência de emprego não tenha sido feliz, evite realçar os aspetos negativos do anterior empregador. Para os entrevistadores, isso é quase sempre interpretado como um sinal negativo, «ligando-o consciente ou inconscientemente, a falta de adaptação, ingratidão, deslealdade e, em último grau, a ressabiamento», acrescenta Bancaleiro.

Perante a pergunta «Porque saiu (ou pretende sair) do seu antigo emprego?», tenha uma resposta preparada que lhe permita marcar pontos a seu favor, de preferência foque-se no futuro e não no passado, apontando nomeadamente uma necessidade permanente de aprendizagem, de estímulos e de novos desafios.

Perguntar sobre condições salariais

No fim de uma entrevista, é habitual o entrevistador deixar algum tempo para as perguntas e dúvidas do entrevistado. Não falhe nesse momento. «Fazer perguntas detalhadas sobre condições salariais, horários, frequência de viagens e deslocações é normalmente uma má opção», garante José Bancaleiro.

Primeiro, porque receberá apenas respostas redondas e, segundo, porque poderá dar indícios sobre potenciais problemas no processo de negociação após a admissão. Opte por perguntas sobre as fases e tempo do projeto ou sobre a evolução futura da função.

Gabar-se

Por melhores que sejam as suas competências, a atitude que assumir pode deitar tudo por terra. A arrogância é um péssimo cartão de visita e pode anular todas suas qualidades. Evite estar sempre a interromper o entrevistador e não caia no erro de se autoelogiar. Fale sobre si de forma honesta, procurando encontrar um ponto de equilíbrio que transmita segurança e abertura para aprender mais.

Boas estratégias

- Cumprimente o entrevistador com um aperto de mão forte.

- Mantenha uma atitude assertiva e a boa postura ao longo da entrevista.

- Mostre-se disponível.

- Transmita interesse e valorize a vaga a que se está a candidatar.

- Sublinhe as suas soft skills, aquelas que não vêm no currículo mas que lhe permitiram resolver problemas, como trabalhar em equipa ou reagir a contrariedades.

Texto: Catarina Madeira com José Bancaleiro (especialista em gestão de capital humano)