Reconhecendo que não somos 100% racionais, convém olhar para a nossa vida e encontrar estratégias que nos ajudem a compreender os mecanismos internos que usamos para tomar decisões. Isto é verdade na vida financeira, mas não só.

Consumo ou Consumismo

Para qualquer economia, o consumo é algo desejável e essencial para a sua prosperidade. É, inclusivamente, umas das variáveis de cálculo do PIB do país. O facto de vivermos numa sociedade de consumo também leva a que exista um grande poder psicológico em nós feito pelas marcas que nos estimulam ao consumo. É fácil de constatar isso em qualquer anúncio ou passando por qualquer montra de uma loja. Com esta pressão, rapidamente passamos de uma decisão de consumo para uma decisão de consumismo.

Uma boa métrica para aferir se a decisão é de consumo ou de consumismo é através daquilo a que chamamos de salário real. Saber o valor real do nosso poder de compra e dividi-lo pelas horas de trabalho mensal, traduz em horas quanto temos de trabalhar para satisfazer aquela necessidade de consumo. Desta forma, conseguimos de forma mais racional medir a decisão com o balanço entre: esforço realizado versus satisfação concretizada. Consoante este resultado mais facilmente percebemos se é consumo ou consumismo.

Quem manda em quem

Parece um paradoxo, mas as maiores verdades da vida costumam ser tão simples de entender e tão fáceis de esquecer. O dinheiro é um instrumento para satisfazer a vida. O dinheiro não é um fim pelo qual vou batalhar, para que na hora da morte me torne o homem mais rico do cemitério. O dinheiro é para fruir, é para dar gozo à vida e prosperar. Mas para que isso aconteça, tem de estar em nós o controlo do dinheiro. Infelizmente, verifico que a maioria das pessoas vive uma vida em que é o dinheiro que tomada vida delas, em vez de ser a vida a tomar conta do dinheiro. Se eu tiver a consciência do meu real valor enquanto Ser Humano, que em nada depende do que tenho, se viver uma vida sem me comparar com os outros, se estabelecer metas e objetivos adaptados à minha realidade, então conseguirei viver uma vida livre e que tem poder sobre o dinheiro e não o contrário.

Plano de ação

Se estivermos conscientes que esta vontade de viver uma vida financeira livre e autónoma é algo frágil, e que o caminho não é tão fácil como aquele que aqui descrevo, então fará todo o sentido procurar ajuda neste itinerário para a liberdade financeira. A Mentoria Financeira é um processo que procura capacitar, quem a ela se propõe, para uma vida ordenada na razão e nos afetos. Não é uma terapia e muito menos uma tentativa de psicologia barata. É um conjunto de sessões com objetivos bem definidos à medida de cada um. Os objetivos devem ser adaptados a cada um (ou cada casal) e por isso não tenho um índice referente a cada processo. Uma vez que está orientado para os objetivos, as sessões têm muito mais um olhar para o futuro, para a tomada de decisões, do que para compreender o nosso passado. O que se quer é as decisões tomadas num processo de mentoria financeira sejam suportadas ao longo do tempo e não se fiquem apenas por um entusiasmo do momento.

Creio que todos querem uma vida financeira mais livre e autónoma e que gostavam de saber tomar as melhores decisões financeiras, mas há um passo, por vezes grande, entre o querer e o decidir fazer.