Ter poupanças é algo que nos permite estar preparados para enfrentar adversidades, como a perda de rendimentos ou despesas que não tínhamos antecipado. Por isso, é muito importante que poupar seja encarado como uma despesa mensal obrigatória.
Claro que os montantes que devemos estipular para colocarmos numa poupança variam consoante a nossa situação financeira, mas, independente dos rendimentos disponíveis, o ideal é nunca esquecer esta “fatura” mensal.
Para o ajudar nesta tarefa, avançamos com algumas dicas que poderá colocar em prática.
Infância e adolescência: de pequenino é que se começa a poupar
A partir de que idade se deve dar dinheiro a uma criança para que ela o consiga gerir? A idade ideal para algo regular é a partir dos 6 anos, porque é nesta altura que os mais pequenos começam a saber fazer contas e começam a ter noção do valor do dinheiro.
Mas, como ensiná-los a poupar? Pode-se fazê-lo de várias formas, mas há uma técnica que costuma ser eficaz: ter três mealheiros, sendo que um serve para poupar, outro para gastar e um terceiro para ajudar.
A ideia é que a criança divida o dinheiro por cada um deles, sendo que 50% do montante vai para o mealheiro da poupança. Se esta precisar de “motivação” dê-lhe um objetivo atingível. Desta forma consegue que a criança se foque ao mesmo tempo que começará a ter noções de quanto custam efetivamente as coisas e do esforço que isso pode implicar.
Para o segundo mealheiro, o de gastar, deve ir 40% do valor. Gastar dinheiro também faz parte da aprendizagem, sendo que o montante que ficar neste mealheiro deverá ser usado para as despesas do dia a dia, que pode ser uma carteira de cromos ou um bolo.
E no terceiro mealheiro, o de ajudar, deve ser colocado 10% do valor recebido. Este servirá para que a criança desenvolva, desde cedo, a noção de solidariedade. Com esse montante esta poderá ajudar um amigo, como dar-lhe algo de que precisa, mas para o qual não tem dinheiro.
E semanada ou mesada? A resposta a esta questão dependerá muito da própria criança, da sua idade, das suas noções e da sua relação com o dinheiro. Aos mais novos o recomendado é que se dê uma semanada, porque é mais fácil de gerir no tempo e porque para uma criança com 6 anos é difícil planear a um mês.
No caso de um adolescente este deve ser incentivado a gerir o seu dinheiro mensalmente, preparando-o para a vida adulta. Quanto ao montante que é dado, este irá depender das despesas que ficarão sob a sua responsabilidade, bem como da disponibilidade financeira dos pais.
Adulta: entrada no mercado de trabalho
Receber o primeiro ordenado é um motivo de orgulho. E, por regra, já existe um destino para esse montante. Muitas vezes é a primeira vez na vida que se tem dinheiro, fruto de um esforço individual e cujo destino não tem de ser “validado” por ninguém.
Mas nem aqui podemos esquecer a importância da poupança. Sim, devemos sempre tirar proveito do valor que conseguimos ganhar, mas a poupança é isso mesmo: aproveitar o dinheiro que auferimos. Só que não é no imediato.
Portanto, na lista de prioridades deve estar, logo no topo, “pagar-se a si mesmo”. E o que é isto? É colocar uma percentagem do ordenado numa poupança. E se ainda não se tem responsabilidades financeiras - como pagar a casa - esta percentagem deve ser elevada. Adotar a lógica dos 50% para poupança continua a ser justificável. Sendo que esta pode ser distribuída para vários fins: começar um pé de meia para comprar uma casa, ir de férias, fazer uma viagem de sonho, etc. Destinos não faltarão.
Sair de casa dos pais: mais responsabilidades exigem “melhor” poupança
Numa fase posterior, em que se quer sair de casa dos pais e ter a sua primeira casa, é preciso ter em atenção várias questões. Para começar tem de haver uma poupança. Porquê? Porque nenhum banco empresta a totalidade do valor de uma casa (só emprestam até 90%).
Isto significa que numa casa de 100 mil euros terá de ter 10 mil euros para conseguir comprar o imóvel. Além disso, é preciso pagar despesas como impostos (IMT e imposto de selo – cerca de 1.000 euros para uma casa de 100 mil), a escritura, bem como comissões que a banca cobra para tratar do seu processo.
Aqui se vê a importância de poupar desde cedo. E esta realidade vai perpetuar-se. Assuma que a poupança é uma das despesas fixas que tem. Não consegue poupar 100 euros por mês? Tudo bem. No limite, 10 euros servem. Desde que não mexa nesse dinheiro. Aos poucos vai criando um bolo que o ajudará a enfrentar imprevistos, seja por via de redução de rendimentos, seja por via de aumento de despesas ou despesas extra.
Constituir família: antecipar despesas e receitas
Para se poupar bem, também é preciso ter noção do que nos espera mais à frente. Ou seja, é preciso fazer um orçamento, onde se colocam todas as despesas e rendimentos previstos. E estes “previstos” incluem subsídios de Natal e de férias, reembolsos de IRS e despesas com o regresso às aulas (no caso de haver crianças), o pagamento do IMI ou o seguro do carro.
Este orçamento vai ajudá-lo a organizar melhor a sua vida financeira e a poupar melhor. Por exemplo, se tiver filhos sabe que em setembro terá encargos adicionais. Pode alocar uma parte da sua poupança para estes custos, por exemplo. Se costuma receber reembolso do IRS pode pegar numa parte (se não o total) e colocá-la de lado para poder “engordar” o porquinho.
Velhice: mesmo na reforma não deixe de poupar
A ideia de reforma é poder descontrair depois de uma vida inteira de trabalho. Aproveite para passear e fazer uma série de coisas que não conseguiu enquanto trabalhava mas não descure a poupança.
Claro que será na vida profissional ativa que se deverá construir o bolo da nossa poupança, mas devemos manter um pé de meia na reforma. Se conseguiu poupar ao longo da sua vida, nesta fase terá necessidades menores. Se, pelo contrário, não constituiu poupança, aproveite agora para o fazer.
Se o valor da sua reforma for reduzido e não conseguir poupar ao longo dos meses, aproveite os subsídios de Natal e de férias para amealhar algum dinheiro.
Imprevistos: prepare um fundo de emergência
Para uma vida financeira mais tranquila, o ideal é ter um fundo de emergência. Este servirá para cobrir as despesas fixas no caso de algum problema financeiro. Ninguém está imune a uma situação de desemprego, nem de baixa médica, sendo que em ambos os casos costuma haver perda de rendimentos.
Se tiver um fundo de emergência poderá ficar mais sereno se houver algum imprevisto. O recomendado é que se tenha poupança para fazer face a despesas de seis meses.
Estas são apenas algumas dicas para o ajudar a poupar. Há várias formas de o conseguir, o que é fundamental é que não deixe para depois. Encare a poupança como uma despesa fixa mensal e prometemos que não se irá arrepender.
Boas poupanças!
Ficou curioso e quer saber mais aprender mais sobre este tema? Consulte o nosso especial sobre poupança.
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