Bem-vindo à era da fascinação pelo eu interior. Em que o bem-estar físico (já) não é suficiente. O estudo Top Global Consumer Trends for 2016, da Euromonitor International, aponta as tendências, as atitudes de consumo e as decisões de compra que os vários tipos de consumidores estão a assumir este ano. «Suponho que o interesse atual num bem-estar mental, de mudar as coisas para melhor e alguns aspetos da consciência verde, relacionam-se, definitivamente, com a noção de ter menos coisas, de comprar menos», afirma Daphne Kasriel-Alexander, responsável pelo estudo.

«Atenção que as pessoas que se focam no bem-estar mental apontam que o consumo não é apenas de coisas. Rejeitam, sim, o consumo como mera aquisição de mais produtos», acrescenta ainda. A procura por uma plena consciência é visível na lista dos livros mais vendidos, nas aplicações mais descarregadas, assim como na seleção dos locais para as férias. O consumidor segue uma atitude holística em direção a uma ótima saúde física e mental, persuadido por campanhas de redução do stresse e de uma maior claridade mental.

Grandes empresas, como a Google ou a Apple, estão permanentemente a adoptar esta consciencialização. A correria quotidiana faz com que, agora, cada vez mais pessoas procurem a tranquilidade de outras épocas, mesmo que temporariamente. Surgem assim inúmeros spas urbanos e espaços de massagens e ioga. A saúde também começa a falar mais alto. Até há quem opte por substituir o seu automóvel por uma bicicleta, sempre que possível, ou a compensar com passadeiras e pesos nos ginásios.

A par desta procura crescente por soluções melhores e mais inteligentes, que se encaixem no nosso estilo de vida, aumenta a motivação da indústria, dos prestadores de serviços, para desenvolver e oferecer opções mais saudáveis. O desafio é encontrar as melhores estratégias para ir ao encontro dos novos anseios. Selecionámos as 10 mais relevantes:

1. Espírito nómada

A primeira reunião do dia acontece num café em Lisboa. Mas também poderia ser em Paris. Ou no Porto. Ou na Índia. Parece um sonho? Para os nómadas digitais, trabalhar a viajar é uma realidade, graças às tecnologias móveis. Trabalhar dentro de um escritório está cada vez mais longe de ser a única alternativa para ganhar dinheiro e exercer um ofício. Mas, claro, talvez um indivíduo materialista não se adaptasse tão bem…

2. Separar a fruta dos vegetais

Têm diferentes papéis no osso organismo, sendo que a fruta possui mais açúcar. A tendência? Optar por soupas em vez de sumos. Adira ao souping.

3. Ego saudável

Pessoas que se gabam ser (e aqui também importa parecer) mais saudáveis. Durante muito tempo ninguém queria passar o fim de semana com roupa de ginástica. Aliás, os chamados domingueiros, famílias vestidas com fato de treino igual, eram mal vistos. É que, agora, vestimos roupa atlética para treinar, mesmo, e como tendência. Ser saudável nunca esteve tão na moda. Literalmente.

Usamos leggings com blazers e ténis com um vestido. Tornou-se cool publicar nas redes a conquista de uma postura nova no ioga, os quilómetros percorridos no parque e a foto no ginásio. Surge assim um novo grupo tendência, os fitsters. Um novo hipster, mais saudável, que acorda cedo para correr, faz exercícios diferentes, pedala pelo mundo…

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4. Terapias holísticas

Entre 2013 e 2015, houve um boom do culto do corpo, mas os projetos do tipo #projetoverão estão a ficar para trás. Estamos na era de praticar um estilo de vida saudável de uma forma integrada, envolvendo corpo, mente e espírito.

5. O regresso dos tons minerais

Quartzo rosa e turmalinas invadiram os acessórios de moda, decoração e as terapias. Um tanto hippie chique!

6. Cosméticos artesanais

O que é feito à mão tem uma carga afetiva, é natural, sustentável e respeita o comércio justo. Além disso, é muito mais fácil saber o que compõe uma fórmula e o que estamos a aplicar na nossa pele. De boleia com o movimento Slow Beauty, que prega uma beleza mais consciente e livre, as mulheres em todo o mundo resgatam receitas milenares…

7. Faça você mesmo

A famosa sigla DIY de do it yourself, o famoso faça você mesmo. Artesanato é arte e relaxa. Aliás, está cada vez mais moderno. Escolha uma técnica e expresse-se através dela. O tricôt, os bordados e o crochê estão em alta. Quem não sabe fazer, procura aprender e ajuda a valorizar o comércio local e justo.

O ato de fazer, seja a própria comida, a própria roupa ou o próprio cosmético, é pura independência. Coletivos que reúnem a nova geração de artesãs, que além de inspiradores, auxiliam quem quer começar com agulhas e tachos.

8. Horta em casa

Morar num apartamento deixou de ser desculpa. Basta cultivar os temperos que mais usamos no dia a dia, em pequenos vasos, que, além de decorarem e perfumarem o ambiente, deixam os nossos pratos mais práticos e saudáveis.

9 Alimentação mais verde

A maioria dos cidadãos está a seguir uma alimentação mais saudável. Há, também, uma maior preocupação na redução do desperdício de alimentos, dentro e fora de casa. Os consumidores privilegiam a comida natural, local e sazonal. Mesmo a fast food está a tornar-se mais verde. O consumidor tem mais consciência do processo de produção e precisa de uma maior transparência por parte das empresas, para se sentir melhor com as suas escolhas.

10. Retiros fora da cidade

Retiros de alimentação, ioga, meditação, cura pessoal, dança contemporânea ou qualquer outro motivo para se ligar com a natureza.

Texto: Joana Brito