Quem tem medo de andar de avião ponha a mão no ar! Eu! Já aqui falei no estaminé deste meu pânico. Já vos falei no vlog do Porto da minha paranóia com o voo, fico completamente paralisada, atónita, sem expressão, introspectiva e à beira de um ataque de nervos. Contudo, todavia, portanto tento sempre pôr a minha poker face e encarar o medo, porque "De mim não fazem canoas!" Este é o meu lema. Este é o meu mantra. Recuso-me a ceder aos meus medos e a dar-lhes voz no meu consciente. Não! Tenho medo sim, mas vamos lá dar a volta!

Foi por isso que ao longo destes anos, em que tive que lidar com este medo estúpido e irracional, desenvolvi uma série de rituais e estratégias que me ajudaram a lidar melhor com o medo de voar.

Se as minhas mezinhas vos ajudarem já ganhei o dia e se tiverem mais ideias para partilhar, por favor não deixem de evangelizar aqui no blogue, que nunca é demais ter um coelho a mais na cartola em tempos de medo e aflição. Just saying... 

Vamos lá! Senhores e Senhoras bem-vindos a bordo deste "Voo Sem-Medo", sentem-se confortavelmente nos vossos lugares, apertem os cintos de segurança, que esta viagem promete ser rápida, tranquila e sem turbulência... Get ready for take off!

  1. Preparação é ouro

Já sabemos, preparação é tudo nesta vida, especialmente quando estamos perante situações de grande ansiedade ou stress. Anteciparmos as coisas e prepararmos com antecedência tudo aquilo que depende de nós, é meio caminho andado para diminuirmos as nossas preocupações e acalmarmos o nosso coração medroso.

Quando voou tento sempre deixar a mala preparada no dia anterior, com tudo organizado, ter o roteiro impresso, check in feito (ajuda muito) dinheiro na mão, CC na outra, telemóvel carregado e apostos e nunca entro no avião sem livros e uma revista, no mínimo, geralmente acompanhados de um par de episódios descarregados de podcasts, uma lista de tarefas em voo, e uma playlist no iPod com as minhas músicas favoritas. Quase sempre, todas estas coisas são muito mais do que alguma vez precisaria, mas o facto de saber que tenho entretenimento garantido faz-se sentir mais confortável. Apesar de... quase sempre... não conseguir ler nem uma linha seguida, não conseguir ouvir música nenhuma, nem me concentrar em nada, mas isso são outras histórias!

  1. Tentem ficar confortáveis

Isto pode parecer parvo e estúpido, mas acreditem que ajuda mesmo muitooooo!! Tirar os sapatos quando chegam ao avião (atenção ao sulfato de peúga ok?), relaxar, fazer um ciclo de respirações profundas, fingir que estamos em nossa casa, no banco do autocarro que apanhamos diariamente ou no comboio a caminho do Porto, ajuda milhões! Se os bancos à vossa volta estiverem vazios, melhor ainda! Tentem esticar as vossas pernas, aliviar o peso de algum material que carreguem, estiquem-se, deitem-se (sem ser na parte da descolagem e da aterragem). Porque é que isto é importante? Porque quando estamos nervosos tendemos a estar mais contraídos, os nossos músculos estão mais tensos e o frio do ar condicionado do avião ajuda a que tudo isto exponencie para a estratosfera o nosso mau estar.  Por isso, se nos colocarmos numa posição mais confortável estamos a direccionar o nosso corpo e mente para um estado mais relaxado.

  1. Observem aviões a levantar voo e a aterrar

Isto funciona especialmente bem em aeroportos movimentados: basta olhar para a janela, enquanto estamos à espera da nossa hora de embarcar, para ficarmos completamente assoberbados com a quantidade de aviões que naquele curto espaço de tempo levanta voo e aterra.

Agora pensem comigo. Se voar é realmente assim tão perigoso, porque é que nunca vimos um acidente de avião na descolagem ou aterragem em toda a nossa vida? Pensem nisso! A mim têm-me ajudado bastante interiorizar este facto. Se todos levantam e aterram o meu avião também vai conseguir! Eu sei que sou especial, mas não sou assim tanto, ok?

  1. Pensem em algo bom para fazer durante o voo

Isto funciona com o voo, mas também com outras situações da nossa vida. Termos algo com que ansiar ajuda-nos a direccionar o nosso foco e a nossa atenção para alguma coisa positiva. Por exemplo, está muito na moda, num voo longo, em que a nossa pele se ressente do ar condicionado e da altitude, fazer uma máscara facial daquelas japonesas.

Aproveitem para fazer a manicura no avião, para passar aquele nível do jogo que andamos a jogar há séculos, para ouvir aquele podcast que andamos a guardar com carinho, bebam aquele copinho de vinho que gostam, escrevam aquele post que querem no blogue, editem um vídeo que vos deixa muito felizes, pintem o livro que vos acalma etc. Criem algo positivo e bom para associar ao voo!

  1. Levem sempre alguma coisa nas vossas mãos

É tão simples quanto isso e a mim resulta milhões!! Eu quando estou em situações de grande ansiedade e nervosismo suo das mãos como as cataratas do Niagara e quanto mais suo mais me apercebo que estou nervosa e mais irritada fico comigo. É um ciclo vicioso bem ridículo, porém real. Aquilo que aprendi ao longo destes anos é que se levar alguma coisa nas mãos, como um livro de capa dura, uma manta, um casaco, eu sinto menos essa sensação de desconforto e isso acalma-me.

Se também sofrem desta patologia "suante" experimentem levar algo duro ou macio para o avião. Ajuda muitooooooooo! Palavra de amiga.

  1. Na descolagem fechem os olhos e levantem os pés do chão

Muitas vezes o medo de voar advém do facto de tomarmos consciência do que se está a acontecer à nossa volta e isso muitas vezes está relacionado com a questão de nos distanciarmos do chão, de ficarmos confinados a um espaço pequeno durante muito tempo e não podermos parar na estação de serviço para fazermos uma xixizoca quando queremos. Há coisas que podemos alterar neste cenário outras que não. Então o que é que podemos fazer? Podemos, por exemplo, na descolagem fechar os olhos para não termos essa sensação de afastamento do chão e tirar os nossos pés do chão do avião, que ajuda a minimizar essa sensação de "abandono" do nosso corpo da terra que conhecemos. Experimentem!

  1. Escrevam/ pintem/ desenhem /editem/ vejam um filme parvo

Depois de descolarmos, do avião estabilizar, de rezar a todos os santos que conhecemos, de abrirmos os olhos e de ouvirmos o som do "podem tirar os vossos cintos de segurança" está na hora de nos acalmarmos e de nos entretermos. Nesta fase vale tudo! A regra é simples: façam apenas aquilo que gostam, que vos distrai e que vos faz felizes. É como na feira de Carcavelos - "É só escolheriiiiiii".

  1. Forcem-se a dormir e mantenham-se quentes

Se vocês soubessem a quantidade de pessoas a quem conto da minha fobia e me perguntam com a maior das calmas "mas porque é que não dormes?". Pppppfffffff... Porque, meus amigos, companheiros, palhaços desta vida que é um circo, se eu conseguisse era o que eu faria! DAH!!!!!!

Mas não consigo, ou melhor, tenho muita dificuldade. O que é que me ajuda numa situação destas? Criar condições que me proporcionem essa sensação de descanso e conforto para que, se pela força dos nervos conseguir fechar os olhos, estar em condições e dormir (figas!).

Por isso, se vos ajudar, peguem numa manta, tapem-se, porque ajuda sempre a estabilizar a temperatura corporal e a acalmar, coloquem uma venda nos olhos para criar um ambiente escuro, se tiverem, ponham os phones com a vossa playlist tranquilizadora, ponham a almofadinha no pescoço para dar estabilidade ao pescoço, e pensem em coisas boas, contem carneiros, pensem no outfit que vão estrear no jantar especial das férias, tragam à memória coisas que vos deixam tranquilos e... e... pode ser que funcione! Aleluia irmãos!

  1. Vejam estatísticas de voo

Sejamos sinceros, todas estas estratégias podem ajudar, mas existem muitas pessoas (eu incluída) que são muito objectivas, factuais e pragmáticas, que precisam de números e coisas concretas em que se basear para acalmar. Por isso, às vezes ajuda colocar as coisas em perspectiva. As estatísticas indicam factualmente que é muito mais provável morrermos num acidente de automóvel que num de avião. Em todo o mundo a probabilidade de morrermos a bordo de um dos aviões de uma das 78 principais companhias aéreas mundiais é de 1 e, 4,7 milhões.

Sabiam que estamos mais susceptíveis de ter um ataque cardíaco no sexto aniversário da nossa neta do que morrer num avião? Sabiam também que é muito mais provável que sobrevivamos a um acidente de avião se nos sentarmos na parte de trás do avião (más notícias para os chiques da primeira classe!)? E uma vez que a maioria dos acidentes acontecem nos primeiros 30 minutos da descolagem e pouso, pensem que quando o avião estabiliza a probabilidade dele cair é beeeeeeemmmm pequenina. Pensem nisso!

  1. O problema somos nós e não o avião

Este é o verdadeiro "abre-olhos" desta conversa toda!  O problema não és tu, sou eu... onde é que já ouvimos isto? Por vezes precisamos mesmo de saber e interiorizar que não é o avião que está com problemas, sou eu!

Vou explicar: Eu sou aquele tipo de pessoa que quando está a voar está freneticamente à procura de um som, um barulho, um movimento que possa indiciar algum problema com o avião, para justificar o fanico cardíaco que estou prestes a ter. E sei que não estou sozinha nesta paranóia. Vá, acusem-se lá!

Há coisas que já aprendi que são normais. Já sei que quando o trem de aterragem salta fora aquilo faz uma grande barulheira. Sei que quando passamos do mar para terra é normal existir alguma turbulência, mas depois há todo um buraco negro de incertezas e dúvidas durante as restantes horas do voo, que me deixam louca. Mas, como qualquer carro, bicicleta ou barco, um avião é um avião. Faz barulhos diferentes, comporta-se de maneira diferente. Um voo nunca vai ser igual. Nunca.

O que é que é comum a qualquer voo em que vá? Eu! (Soltem a música do Aleluia!)

Se ouvi um estrondo suspeito se calhar não é uma terrível explosão no centro do avião. Se alguém puxou o autoclismo no WC não quer dizer que o avião vai cair. Não! Temos que treinar a nossa mente para dissociar estes sons, estas sensações, estes medos, de desastres aéreos.

A tragédia é só na minha mente, porque se olharmos para o lado e virmos o nosso companheiro de banco a ressonar que nem a Concha, e as hospedeiras a servir laranjada é porque se calhar temos mesmo que nos acalmar e passar para outra paranóia. Não acham!?

Boas viagens, bons aviões e aproveitem ao máximo!

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