Passar horas de pé ou sentada, desafiando a força da gravidade, a obesidade, o sedentarismo, as gravidezes e alguns tratamentos hormonais são as causas principais do aparecimento de varizes.
Essas veias dilatadas azuis ou arroxeadas que se tornam mais evidentes no Verão, quando as roupas leves as deixam à vista, instalam-se quando nos aproximamos dos 40 anos (se não antes).
As varizes são o resultado de uma alteração na capacidade do nosso aparelho circulatório de levar de volta ao coração o sangue bombeado para os membros inferiores. Em 60 por cento dos casos, as varizes estão também associadas a uma patologia de insuficiência venosa, muitas vezes de origem genética.
O que são as varizes?
São malformações maiores e de aspecto mais dilatado. Podem provocar dor e outros problemas de saúde.
Existem varizes reticulares (as de dimensão média, podem estar associadas a
sensação de pernas cansadas, formigueiros, cãimbras, inchaço e dor, bem
como manchas escuras, eczemas e dermatites) e troncolares (são as maiores e mais grossas e podem causar atrofia da pele, úlceras,
flebites superficiais ou, nos casos mais graves, tromboses venosas
profundas e, até, embolismos pulmonares). As varizes distinguem-se pelo seu tamanho e sintomas que as acompanham.
As telangiectasias (derrames) são pequenas formações avermelhadas de aspecto superficial. Inicialmente, representam sobretudo um problema estético, apesar de também poderem produzir sensação de peso e cansaço, mas se não forem tratadas podem evoluir para situações mais graves.
Como se formam?
«As varizes são dilatações das veias que perdem a sua capacidade normal de enviar adequadamente o sangue até ao coração», define o cirurgião Emílio Valls, director clínico da Clínica Luso-Espanhola, no Porto.
O problema surge quando as suas válvulas, que controlam a subida do sangue para o coração, falham. Incapazes de cumprir a sua função, estas veias doentes vão-se convertendo em reservatórios onde o sangue se acumula, entorpecendo a circulação e tornando-se cada vez mais visíveis e volumosas.
As mulheres são mais afectadas do que os homens por uma questão
hormonal.
As hormonas femininas debilitam a parede venosa, o que
favorece a sua dilatação.
Durante a gravidez, para além do aumento
hormonal, existe um efeito de pressão do útero, que aumenta de tamanho,
sobre as grandes veias que conduzem o retorno venoso das pernas ao
coração.
Esta circunstância provoca um sobre esforço a juntar ao
peso adicional suportado pelas pernas.
Resultado? O aparecimento dos
chamados derrames é quase inevitável. Também a pílula contraceptiva e os fármacos específicos para paliar os
sintomas da menopausa favorecem o aparecimento precoce das varizes. Nos
casos mais graves, podem degenerar em úlceras, principalmente no terço
inferior das pernas, pelo que é importante consultar um especialista
para iniciar o tratamento mais adequado o quanto antes.
CUIDADOS A TER
Álcool com moderação
Um
copo de vinho por dia é saudável e até ajuda a prevenir doenças
cardiovasculares, mas em excesso aumenta o risco de problemas
circulatórios.
Reduza o consumo de sal
O sódio favorece a retenção de líquidos. Se quer dar sabor aos seus pratos, prefira as ervas aromáticas.
Inclua fibra na alimentação
Ajuda a combater os problemas intestinais, como a prisão de ventre, que também podem afectar a circulação. Coma diariamente alimentos integrais e frutas e vegetais crus.
Aumente o consumo de água
Beba-a em abundância (infusões e sumos naturais sem açúcar também servem), pois melhora a circulação sanguínea.
Se já tem varizes...
- Evite a roupa justa, pois dificulta o retorno venoso.
- Evite a exposição ao sol nas horas de maior calor.
- Escolha sapatos com um salto máximo de 3 a 4 cm.
Em casa
- Durante a noite e, sempre que possível, mantenha os pés ligeiramente mais elevados que o coração.
- Faça um exercício muito simples. Deite-se de costas e movimente as pernas como se estivesse a pedalar numa bicicleta.
- No duche, direccione jactos de água fria ascendentes para as pernas (repita várias vezes).
- Massaje as pernas com um creme descongestionante dos tornozelos às coxas.
No trabalho
- Evite estar muito tempo em pé ou sentada.
- De hora a hora, levante-se, movimente os tornozelos em círculo e caminhe durante cinco minutos.
Texto: Fernanda Soares com
Emílio Valls (cirurgião e director clínico da Clínica Luso-Espanhola, no Porto)
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