É um distúrbio no controlo dos impulsos inserido no âmbito das doenças obsessivo-compulsivas. Os doentes que sofrem de tricotilomania brincam com os cabelos arrancados, passam-nos pelos lábios, trincam-nos e chegam mesmo a comê-los, nos casos de tricotilofagia. Desconhecem-se as causas desta síndrome mas está, geralmente, associada a situações de depressão e/ou de acumulação de stresse ou atividades sedentárias.

Também pode, nalguns casos, ficar a dever-se a fatores genéticos. O impulso de arrancar os cabelos tanto pode acontecer num momento de ansiedade, como num momento de relaxamento. Tanto pode surgir quando o doente estiver a ver televisão ou a conduzir. Em julho de 2018, a manequim portuguesa Sara Sampaio surpreendeu tudo e todos com uma confissão surpreendente. "Tenho tricotilomania", admitiu.

No caso da modelo, as sobrancelhas são a área mais problemática para o anjo da Victoria's Secret. "Tenho não lhes tocar mas, infelizmente, tenho tricotilomania e puxo-as. Tenho várias falhas nelas. Uso apenas um lápis para as preencher", respondeu a um seguidor que a confrontou com o problema numa publicação nas redes sociais. "Recebi tantas mensagens de pessoas que também sofrem que quero falar um pouco sobre isso", afirmou.

As origens do problema

O problema, que afeta milhares de pessoas em todo o mundo, manifesta-se habitualmente na infância. A tricotilomania surge, por norma, antes dos 17 anos. Antes dos seis anos, é considerado um início precoce, sendo que a intervenção psicológica costuma ser bem sucedida nesta fase. A partir dos 13 anos, é considerado um início tardio, com tendência a tornar-se num problema crónico anos mais tarde.

"O meu caso começou quando tinha cerca de 15 anos. Eu tirava os pelos das pestanas e quase imediatamente depois passei para as sobrancelhas", admitiu Sara Sampaio, que tem procurado combater este distúrbio ao longo dos anos. "Já não puxo as pestanas e tenho tirado [pelos] das sobrancelhas desde então. Os episódios são piores quando estou sob muito stresse ou quando não estou a fazer nada", confidencia.

Os sintomas que exigem atenção

A progressiva falta de cabelo é um deles, tal como a tensão nervosa antes de arrancar um cabelo ou na fase, que pode ser mais ou menos curta, enquanto resiste a fazê-lo. A redução dessa mesma tensão logo após o ato e a imediata sensação de prazer e gratificação que resulta desse comportamento é outro dos sintomas, tal como o isolamento social. Também afeta a autoestima dos doentes.

Os tratamentos que os especialistas recomendam

Sendo uma síndrome obsessivo-compulsiva, as técnicas comportamentais, a hipnose e os antidepressivos estão entre as terapias que obtêm melhores resultados, como asseguram muitos especialistas e confirmaram inúmeros estudos internacionais realizados ao longo das últimas décadas em várias partes do mundo. Qualquer medicação deve ser acompanhada de psicoterapia.

A medicação específica para a tricotilomania é reduzida mas, segundo um estudo publicado pela Universidade de Minnesota, nos EUA, o aminoácido N-acetilcisteína parece diminuir os sintomas desta patologia. Embora a N-acetilcisteína já seja usada na terapêutica de outras doenças, respiratórias e tóxicas, sobretudo, são necessários mais estudos para comprovar o seu efeito benéfico na tricotilomania.

"O meu médico receitou-me um suplemento, chamado NAC, que ajuda a controlar os impulsos. Notei que [os] tem controlado um pouco, mas ainda não desapareceram totalmente. Um dos meus seguidores disse-me que o naltrexone o tem ajudado muito. Vou perguntar ao meu médico sobre este medicamento", escreveu Sara Sampaio, que aconselhou os seguidores a procurar ajuda especializada.