O Mieloma Múltiplo está incluído num grupo de patologias denominadas de Gamapatias Monoclonais, que tem um elevado grau de diversidade e de gravidade clínica. O diagnóstico deverá contemplar, numa fase inicial, a anamnese,
informação sobre o início e evolução de uma doença, até à primeira observação do médico com um exame físico detalhado, após o que se seguem exames laboratoriais, análises ao sangue e urina, o mielograma e a biópsia óssea.
Nas análises ao sangue são estudadas as células sanguíneas e outros parâmetros como os da função renal e a avaliação de síntese de algumas proteínas. O Mieloma Múltiplo aumenta o número dos plasmócitos, do cálcio e o nível de algumas proteínas, como a proteína M e a beta-2-microglobulina. A quantificação laboratorial e identificação imunológica da proteína M é fundamental para a caracterização do diagnóstico, para a monitorização e estratificação do risco da gamapatia monoclonal.
Na maioria dos casos clínicos, os pacientes apresentam anemia, confirmada pela diminuição do número de glóbulos vermelhos ou da hemoglobina e trombocitopenia, confirmada pela diminuição do número de plaquetas.
Na análise à urina o laboratório avalia e quantifica os níveis da proteína de Bence Jones, medida na urina de 24 horas. Se os níveis desta proteína estiverem elevados, a sua função renal deverá ser vigiada, uma vez que esta proteína pode obstruir e danificar os rins.
Os critérios para diagnóstico de Mieloma Múltiplo foram recentemente revistos pelo Multiple Myeloma Working Group e referem a presença de 3 critérios em simultâneo:
- Plasmócitos monoclonais na medula óssea ≥ 10%
- A presença do componente monoclonal M no soro e/ou na urina (exceto no Mieloma não secretor)
- Evidência de alterações analíticas causadas pela lesão dos órgão-alvo da doença:
- Hipercalcemia – Cálcio sérico> 11,5 mg/dL ou
- Insuficiência renal – Clearance estimada da creatinina inferior a 40 mL/min ou creatinina sérica> 2 mg/dL ou
- Anemia – Anemia normocítica e normocrómica mas com hemoglobina,2 g/dL abaixo do limite inferior da normalidade ou Anemia com hemoglobina inferior a 10 g/dL ou
- Lesões líticas nos ossos (só revelados pelas Radiografias aos ossos)
Os testes laboratoriais para o estudo das gamapatia monoclonais, onde se inclui o Mieloma Múltiplo, são a eletroforese e imunoeletroforese das proteínas do sangue e da urina, que detetam e identificam a presença em excesso de uma proteína monoclonal, a proteína M. A eletroforese das proteínas separa as proteínas do sangue ou da urina de acordo com sua carga elétrica e tamanho. Na maioria dos pacientes com Mieloma Múltiplo, o gráfico da eletroforese revela um pico monoclonal. O tipo de imunoglobulina não se altera com a evolução da doença, mas a sua quantidade é uma medida útil da massa tumoral e importante no acompanhamento da evolução da neoplasia.
O mielograma e a biópsia da medula óssea são também dois exames que confirmam o diagnóstico de Mieloma Múltiplo. O primeiro é o exame de avaliação da medula óssea. Como está no interior dos ossos, o exame é realizado através de uma punção ou biópsia, geralmente no osso da anca ou do esterno, seguida de aspiração para extração das células que formam a medula. O patologista clínico irá determinar, após observação microscópica das amostras recolhidas, a existência de plasmócitos medulares em número patológico.
Um artigo do médico Germano de Sousa, especialista em Patologia Clínica.
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