Ser resistente a doenças pode ser mais fácil do que julga. Descubra o que fazer para ter uma imunidade invencível.
De tempos a tempos, os telejornais relatam histórias de idosos centenários que, além da idade surpreendente, confessam nunca ter recorrido a um médico ao longo da vida. Questionamos o segredo da sua longevidade, com a convicção de que são casos excecionais e explicáveis graças a uma herança genética privilegiada.
Outras vezes, em especial nos meses de inverno, quando somos atingidos pelos vírus da gripe e constipações constantes, invejamos a imunidade daqueles que parecem ter uma saúde de ferro. Saiba, no entanto, que controlar a capacidade de defesa do nosso organismo contra as doenças pode ser mais simples do que julga. Com a ajuda de especialistas em medicina antienvelhecimento, desvendamos-lhe os segredos das pessoas supersaudáveis para que viva melhor e por mais tempo.
O peso da genética
Intocáveis e imunes a qualquer doença durante a juventude, onde se cometem alguns excessos, quando se atinge uma determinada idade, percebemos que, afinal, não somos assim tão resistentes. Sentimo-nos vulneráveis perante uma noite mal dormida e precisamos de impor algumas regras para preservar o bem-estar. Se atingiu os 35 anos, chegou a altura ideal para adotar hábitos saudáveis e garantir uma velhice com qualidade. Caso tenha antecedentes de morte prematura ou diminuição da longevidade familiar, «aconselha-se, inclusive, que procure a ajuda da medicina antienvelhecimento.
O especialista em anti-aging António Boavida explica porquê. «Esta medicina vai manter, durante o maior número de anos possível, a juventude, proporcionando uma melhoria a nível das células, dos órgãos e sistemas, da mente, prevenindo assim o risco de várias doenças. Ao nível das células, conseguimos uma diminuição dos danos, aumentamos a capacidade de regeneração e revitalização celular, melhoramos a elasticidade da pele e cicatrização, eliminamos os efeitos negativos dos radicais livres».
Fatores determinantes
Embora existam várias teorias acerca do envelhecimento e subsequente vulnerabilidade face a doenças, o mesmo médico considera que «a genética irá ser responsável por cerca de 30 por cento do processo fisiológico de degradação celular, da disfunção dos órgãos e tecidos do nosso organismo, o estilo de vida representará 60 por cento e os restantes 10 por cento ficam para a medicina».
Na certeza de que seguir hábitos de vida saudáveis ajuda a diminuir o risco das doenças hereditárias, o especialista na mesma área médica Luís Romariz sublinha que «a carga genética é muito importante, mas não determinante», explicando que «se uma pessoa tiver uma tendência genética para a diabetes tipo 2, para a exprimir terá de fazer uma má alimentação acompanhada de sedentarismo».
«O mesmo se aplica à tendência para cancro do pulmão. É preciso fumar», adverte ainda Luís Romariz. A medicina antienvelhecimento tem, no entender de António Boavida, «capacidade para, a nível físico, melhorar as defesas, bem como a capacidade e atividade sexual. A nível mental, melhora o rendimento, assim como a capacidade de bem-estar e relaxação. Podemos conseguir uma diminuição do risco de doenças cardiovasculares, metabólicas, de neoplasias, de Alzheimer e demência senil».
Hábitos reversíveis
Não é por acaso que a condição essencial para manter o organismo resistente depende sempre de hábitos de vida saudáveis. Como lembra o especialista em anti-aging Luís Romariz, «o consumo de álcool e de tabaco enfraquece o sistema imunitário, uma vez que ambos produzem grandes quantidades de radicais livres (oxidantes)».
«O álcool altera a capacidade de desintoxicação hepática, para além de fazer obstruir as artérias por deposição de placa colesterol», diz.
«As artérias estreitadas têm menos sangue e menos capacidade imunitária», sublinha. Ao contrário, praticar exercício físico, continua o mesmo médico, «baixa o stress e por conseguinte os níveis de cortisona, a qual em contínuo e em excesso faz o shutdown do sistema imunitário.
Por outro lado, ao aproximar a pessoa do peso ideal e também por acelerar o metabolismo faz aumentar a função imune». Convém que o ritmo do exercício e a atividade física sejam escolhidos em função de idade. «À medida que os anos avançam, deve predominar o treino de resistência em relação à aeróbica», sugere.
Os benefícios do ioga
A velha máxima de «mente sã em corpo são» mantém-se soberana. Luís Romariz avisa para os perigos de viver em constante stress. «Provoca um aumento crónico do cortisol, com repercussão na formação de diabetes, diminui a massa óssea e muscular; baixa a imunidade; causa oxidação das lipoproteínas com aumento do risco de formação de placa arterial». Como os problemas não se resolvem por se sentir em baixo ou zangada, o melhor é mesmo perceber que só ganha se assumir uma atitude positiva que, sublinha o especialista, «faz diminuir a produção de cortisol e aumenta a de neurotransmissores benéficos».
A prática de ioga pode ser uma boa opção para encontrar o equilíbrio mental que procura. Um estudo publicado pelo jornal Psychosomatic Medicine e realizado por investigadores das universidades de Wisconsin e Harvard conclui que os voluntários que participaram em oito semanas de medição produziram significativamente mais anti-corpos contra os vírus da gripe do que aqueles que não praticaram ioga.
Alimentos milagrosos
É impossível aspirar a ter uma saúde de ferro sem seguir uma alimentação
saudável. No entanto, existem alimentos que são poderosos antídotos
contra a doença.
«Deve-se consumir com frequência fruta e legumes,
especialmente citrinos, mirtilos e melão. O elevado teor de ómega 3 e de
astaxantina, presentes no salmão e outros peixes gordos, também tornam
estes alimentos privilegiados no reforço do sistema imunitário», indica
Luís Romariz.
Apesar de todos os alimentos serem imprescindíveis, este especialista
revela que «as proteínasdo soro de leite, conhecidas por whey,
especialmente quando suplementadas com acetilcisteína têm a capacidade
de formar glutatião, o qual é o nosso maior antioxidante». Além do
consumo dos nutrientes com propriedades especiais, o médico garante que
uma boa maneira de manter as doenças a milhas «é evitar os açúcares e os
hidratos de carbono de elevado índice glicémico».
Por outro lado, o
especialista em anti-aging António Boavida aconselha a «ingestão de
soja, uma vez que as isoflavonas, tal como o ácido gordo ómega 3,
ajudam na resposta imunomoduladora e anti-inflamatória». E acrescenta que «as catequinas do chá e cacau podem
prevenir o fotoenvelhecimento e reduzir o stress oxidativo, ajudando a
reparar os danos provocados por distintos mecanismos».
Vários estudos têm fundamentado porque razão se diz que «comer uma maçã por dia mantém o médico à distância». Este fruto é rico em quercetina, um antioxidante poderoso igualmente existente nos brócolos e no chá verde. Uma investigação realizada na Appalachian State University, na Carolina do Norte, provou que os ciclistas que ingeriram este flavanóide natural durante cinco semanas não só pareciam ver o seu sistema imunitário reforçado como manifestaram maior concentração mental.
Sono sagrado
A alimentação e a prática de exercício físico têm de ser aliados de noites descansadas. Mais uma vez, o provérbio popular confirma-se. Tão importante como dormir oito horas por dia é «deitar cedo e cedo erguer».
«As horas não são todas iguais. Adormecer entre as 22 e as 23 horas é meio caminho andado para um sono rejuvenescedor. E vê-se nas pessoas que frequentam sistematicamente a noite, envelhecem rápido e apresentam muitas rugas», refere o especialista.
«Isto tem a ver com o facto da produção de hormona de crescimento (a hormona do rejuvenescimento) ser maior no sono profundo e nas primeiras horas da noite. Depois, o stress e o açúcar também diminuem a produção desta hormona, ao passo que a proteína e o exercício de resistência a aumentam», esclarece Luís Romariz.
Ao dormir, o nosso organismo liberta melatonina, uma hormona fundamental à qualidade do sono e um importante antioxidante. Uma investigação levada a cabo pelo Massachusetts Institute of Tecnology, envolvendo 20 jovens adultos com problemas de sono a quem foram administrados várias doses desta substância, demonstrou que aqueles que tomavam a melatonina passaram a adormecer em apenas cinco minutos, enquanto os que tomaram placebo levaram 25 minutos.
O perigo do fast food
Vários estudos demonstraram que a
exposição a uma alimentação rica em fosfatos, como acontece com a fast
food, causa a morte prematura, uma vez que promove a calcificação em
todos os tecidos, nomeadamente nas artérias e nos rins. O mesmo acontece
com os refrigerantes e os aditivos alimentares dos alimentos altamente
processados. O envelhecimento precoce provocado por estes produtos
reflete-se no hipogonadismo, infertilidade, diminuição na coordenação,
grave perda de massa óssea e massa muscular, enfisema, atrofia da pele e
intestinal.
Os cinco mandamentos da medicina anti-envelhecimento
1. Siga uma alimentação saudável, equilibrada e funcional, evitando os açúcares.
2. Faça exercício físico adequado, contínuo e sempre de acordo com a sua constituição e condição física.
3. Pratique exercícios de relaxamento e prevenção do stress.
4. Se necessário e com aconselhamento especializado, tome suplementação proteica, vitamínica, mineral e oligoelementos.
5. Caso o médico o entenda, faça o reequilíbrio das alterações hormonais.
Texto: Fátima Lopes Cardoso com Luís Romariz e António Boavida (médicos especialistas em anti-aging)
A responsabilidade editorial desta informação é da revista
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