Os dados da ONUSIDA de 2010 apontam para que mais de 50% das pessoas que vivem com VIH em todo o mundo serem mulheres. Destas, a grande maioria é infetada através de relações heterossexuais, muitas vezes em relações estáveis e o risco continua a ser desconhecido das mulheres de todas as idades.
A maior vulnerabilidade do sexo feminino à infeção resulta de fatores biológicos mas também de desigualdades sociais e económicas. A falta de recursos e de formação profissional impede muitas vezes a mulher de adquirir autonomia e de assumir um papel ativo no controlo da utilização de formas de proteção, como os preservativos ou no acesso aos cuidados de saúde.
O apoio e a partilha de experiências com outras mulheres infetadas - o apoio dos pares é uma das formas mais eficazes de capacitar as seropositivas para enfrentarem o estigma ou a discriminação e de lhes dar os conhecimentos necessários para lidar com uma doença crónica como a infeção pelo VIH.
O SHE, iniciais em inglês para Strong (forte), HIV positive (seropositiva), Empowered women (mulher capacitada) Educational Program (programa educativo) é um projeto europeu, apoiado pela Bristol-Meyer-Squibb, que está agora a ser desenvolvido em Portugal e que se destina a melhorar a qualidade de vida das mulheres que vivem com o VIH.
Este projeto tem uma vertente de educação médica e do pessoal de saúde que visa atualizar e melhorar os cuidados médicos prestados e uma vertente comunitária, pensada e desenvolvida por mulheres seropositivas.
O apoio dos pares está agora a dar os primeiros passos com a intervenção da SERES, grupo português, que vai fazer a formação das mulheres em várias zonas do país.
A adaptação do funcionamento dos grupos às realidades locais e a divulgação pelas unidades de saúde que tratam a infeção por VIH/SIDA, pretende estender este apoio de mulheres para mulheres, a muitos centros por todo o país.
Por Teresa Branco,
Especialista de medicina interna do serviço de infeciologia do Hospital de Fernando Fonseca
Imagem: destak
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