Surgem casos clínicos em todo o mundo, especialmente em lugares onde as condições de higiene são deficientes, tornando-a numa das doenças infecciosas mais comuns, sendo um importante problema de saúde pública.
Apresentam maior risco de contrair o vírus da Hepatite A, os indivíduos não imunizados, por vacinação ou infeção natural que se desloquem para áreas de endemicidade intermédia ou elevada, ou que ingiram alimentos/água contaminados, apresentem défices de fatores da coagulação e homens que fazem sexo com homens (HSH).
O principal meio de transmissão do VHA é por via fecal-oral, através de fonte comum por ingestão de alimentos ou água contaminados ou por contacto pessoa a pessoa. A transmissão através da exposição sexual está geralmente associada a surtos em homens que fazem sexo com homens (HSH).
Náuseas, febre, ausência de apetite, cansaço, diarreia e icterícia são os sintomas mais comuns e podem manifestar-se durante um mês. Inicialmente a doença pode ser confundida com um estado gripal mas com o aparecimento da coloração amarelada da pele e das escleróticas, o aspeto esbranquiçado das fezes (acolia) e o escurecimento da urina (colúria) permite a orientação do diagnóstico para uma hepatite aguda.
O período de incubação dura em média 28 a 30 dias. O paciente elimina em elevadas concentrações partículas virais nas fezes duas a três semanas antes dos sintomas aparecerem e durante os primeiros oito dias de doença sintomática.
Algumas formas de hepatite A aguda podem prolongar-se durante mais tempo até um ano (hepatite colestática).
Raramente é fatal, embora em adultos imunodeprimidos ou afetados por uma doença hepática crónica, a infeção pelo VHA pode provocar hepatite fulminante, situação que ocorre em menos de 1% dos casos clínicos. A letalidade é de 0,3-0,6% e aumenta com a idade e atinge 1,8% em doentes com mais de 50 anos. A maioria dos doentes recupera ao fim de três semanas, sem sequelas e com imunidade protetora para a vida.
Nos casos clínicos positivos de VHA em que a paciente se encontra no período de gestação, o feto não corre quaisquer perigos.
A vacina contra o vírus da Hepatite A evita a doença e após vacinação um indivíduo tem anticorpos IgG para toda a vida, estando imune à infeção.
A atividade epidémica recente em Portugal está relacionada com comportamentos associados ao chemsex, isto é, uma nova prática sexual potenciada por substâncias químicas, podendo envolver múltiplos parceiros e geralmente com homens que têm sexo com outros homens. Esta prática teve origem na Holanda e leva pessoas a consumir drogas, como anfetaminas, para fazer sexo durante um alargado período de tempo. Estas substâncias são consumidas para reduzir as inibições e aumentar o prazer. As drogas aceleram a frequência cardíaca e a pressão arterial, acarretando graves efeitos na saúde mental como o aumento do risco de psicose, de tendências suicidas e ataques de pânico.
Um artigo do médico Germano de Sousa.
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