As propriedades medicinais da esteva não estão ainda muito investigadas mas sabe-se que é um poderoso antissético, anti-bacteriano e anti-viral, sendo esta planta também utilizada externamente para lavar e desinfetar feridas, aliviar picadas de insetos. Nas utilizações populares, é usada contra a queda do cabelo. O óleo essencial extraído de toda a planta é utilizado em aromoterapia para combater o stresse.
Este produto também pode ser usado diluído num óleo base para massajar a pele contra as rugas, agindo como regenerador dos tecidos. O seu óleo também é utilizado para combater doenças de pele e para prevenir alguns distúrbios linfáticos. Acredita-se ainda que tem propriedades sedativas. É também utilizada na tinturaria para obter um tom verde-acastanhado, muito procurado e apreciado em muitos países.
No jardim
As estevas, que se multiplicam pelos campos de muitas regiões do país quando chega a primavera, são muito apreciadas em jardins como planta ornamental devido não só à sua beleza e aroma mas também à sua robustez e capacidade de sobrevivência em solos pobres e sem rega. No entanto, esta planta não reage bem ao corte dos seus ramos, sobretudo as plantas mais velhas que poderão morrer.
As mais jovens, contudo, resistem muito bem a uma espécie de ceifa e rebentam no ano seguinte ou no outro com mais vigor. Este é, aliás, o método que se utiliza para colher a plantar para a extracção dos óleos essenciais que é feita por destilação a vapor e existem já no nosso país alguns produtores de esteva para a extração do óleo essencial muito apreciado na perfumaria como fixante de aromas.
Doce aroma
O perfume doce a madeira e terra da esteva (Cistus ladanifer) transporta-me sempre para paisagens mediterrânicas, para sul, onde esta magnífica planta resiste ao calor do verão e impregna o ar quente dos campos verdejantes com o seu doce e irresistível aroma. O nome de Cistus vem do grego e significa cesto, devido ao facto dos seus frutos serem, por norma, cápsulas globosas com entre 7 a 10 compartimentos.
É quase impensável imaginar a paisagem mediterrânica sem esteva. De facto, esta planta cresce inclusive em matas densas de centro a sul do país com a chegada do calor primaveril. Mas também nas zonas quentes do interior das Beiras, do Douro e de Trás-os-Montes, em solos ácidos não calcários, de xisto, granito e quartzo. É um arbusto perene de crescimento muito rápido que pode chegar a atingir três metros de altura.
Todas as cores de estevas que existem
Muito resistente à seca e ao vento, mesmo o marítimo, pode encontrar-se nas areias da praia ou nos intervalos das rochas. Cresce também em altitude até cerca de 1.000 metros. É um bom indicador biológico da degradação dos solos devido, por exemplo, ao excesso de pastoreio ou à ocorrência contínua de incêndios, sendo esta uma das primeiras plantas a surgir ocupando o espaço onde outrora cresciam azinheiras.
Antigamente, nalgumas zonas do país, obtinha-se carvão a partir da raiz da esteva, que é extremamente dura e lenhosa. A esteva é facilmente hibridada, existindo cerca de oito géneros e 160 espécies. Esta é também conhecida por xara e dispensa grandes descrições. Tem caules e folhas muito pegajosas que se agarram à roupa e à pele. Esta característica pegajosa deve-se à alta concentração de um constituinte resinoso.
Um componente orgânico chamado lábdano ou ládano. Esta resina serve também para a planta se defender dos climas agrestes e secos onde se instala. As suas flores, de 7 a 10 centímetros, são muito vistosas, com pedúnculos curtos, brancas (variedade ladanifer) ou com uma mancha escura na base de cada uma das cinco pétalas (variedade maculatus), sépalas caducas. O fruto é uma cápsula tomentosa com entre 7 a 10 lóculos.
Exitem ainda flores de cor rosa, púrpura (Cistus crispus L.), também conhecida por roselha e o estevão ou lada (Cistus populifolus L.), presente em muitas serras e matagais do país e apresenta grandes flores rosadas. Todas as espécies afins são produtoras de lábdano. As flores individuais duram apenas um dia, existindo no entanto uma grande sucessão e são muito atraentes para as abelhas e outros insetos polinizadores.
Texto: Fernanda Botelho
Comentários