Pode nunca ter ouvido falar dela mas os seus benefícios para a saúde são reconhecidos. Também conhecida por erva roberta, além de purificadora do sangue, é ainda útil no tratamento de hemorróidas, úlceras de estômago e intestinos. É ainda antisética, anti-inflamatória, antibacteriana, antidiarreica, sobretudo devido aos taninos que a compõem e têm uma forte e reconhecida ação adstringente e vaso-constritora.

Através da sua utilização, forma uma camada protetora nas paredes interiores do intestino e nas suas membranas mucosas, contraindo os capilares e reduzindo a perda de fluido. É útil ainda no tratamento de hemorróidas, de úlceras de estômago e intestinos, da síndrome do cólon irritável e de menstruações abundantes. É uma planta diurética, daí ser utilizada para tratar alguns tipos de reumatismo e gota.

Pode utilizar-se em forma de gargarejos para aliviar dores de garganta, inflamação da boca e das gengivas, incluindo sangramento das gengivas. Em forma de compressas, pode ser aplicada sobre vista inflamada e também para extrair furúnculos e impurezas da pele e para cicatrizar feridas. É purificadora do sangue, cardiotónica, antioxidante e vitamínica. Para combater a celulite e como vermífego ou laxativo quando tomada em jejum.

Componentes

É composta por óleos essenciais que lhe conferem o aroma amargo e algo desagradável, taninos, substâncias resinosas e vitamina C.

Precauções a ter durante a sua utilização

Pode por vezes apresentar algumas semelhanças com a cicuta que é extremamente venenosa. Se não estiver seguro da sua identificação, será melhor adquiri-la seca na ervanária, apesar dos seus princípios ativos serem sempre mais eficazes nas plantas frescas.

Um pouco de história

Esta humilde planta era já muito conhecida na Idade Média, quando utilizada em rituais de magia e sobretudo na farmacopeia, para curar problemas relacionados com o sangue, pois associava-se a cor da planta à cor do órgão sobre o qual esta teria maior ação. Daí esta erva ser útil para purificar o sangue, estancar hemorragias e curar problemas de fígado.

Muito utilizada pela grande conhecedora de plantas Santa Hidelgarda de Bingen, nascida na Alemanha em 1098. Entre os vários tratados que escreveu, consta um livro «Causue et Curae», onde se podem estudar muitas teorias e descrições de curas ainda válidas nos dias de hoje.

Na América do Norte, onde é conhecida por cransbill ou bico de cegonha, era já usada pelos índios Cherokees, principalmente para cicatrizar feridas. Os índios Iroquois e os Chippewa usavam a raiz para tratar problemas de diarreia. É ainda conhecida e utilizada na China para tratar problemas gastrointestinais.

A origem do nome

Existem duas ou três versões quanto à origem do seu nome. Pode ter vindo do latim ruber que significa vermelho ou de Robertium que seria uma adulteração de Rupertianum. Essa mudança resultaria da evocação do nome de São Roberto, bispo de Salzburgo, que no século XII terá descoberto as propriedades hemostáticas desta planta.

Outra versão é de que seja derivado do grego geranos, que significa grou (ave pernalta migradora, da família dos Gruídeos, que aparece durante o Inverno nas províncias portuguesas do Ribatejo e do Alentejo). Habitat Nativa da Europa e Ásia, julga-se ter sido introduzida e naturalizada nas Américas. Dá-se em quase todo o tipo de terrenos, beiras de muros, buracos de paredes, bosques e terrenos abandonados e floresce durante grande parte do ano.

Trata-se de uma planta anual ou bienal da familía das geraniáceas, mede entre 10 a 30 cm, tem cheiro e sabor amargo e um pouco desagradável, caule fino de cor vermelha, sobretudo na base. As folhas triangulares, palmadas de cor verde, vão-se tornando vermelhas com o sol.

Esta planta, nessa fase, chega a exibir numerosas flores de cor rosa ou lilás de cinco pétalas, estigma de cor purpura na extremidade, frutos em forma de bico ou agulha de onde lhe vem um dos seus nomes populares bico de grou ou erva agulha. É também conhecida por erva-roberta. O nome científico, Geranium Robertianum L, pertence ao género botânico Pelargonium do qual fazem parte as sardinheiras.

Texto: Fernanda Botelho