É ainda um tema tabu, revestido de vergonha e embaraço. A incontinência urinária é a incapacidade de controlar o esvaziamento da bexiga e afeta sobretudo as mulheres.
Em Portugal, atinge cerca de oito por cento da população. Teresa Mascarenhas, presidente da Secção Uroginecologia da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, explica os contornos desta patologia que prejudica a qualidade de vida.
Quais as causas da incontinência urinária?
A gravidez e o parto, sobretudo o parto vaginal. Na gravidez, há um aumento da pressão
intra-abdominal. O útero, maior e mais pesado, exerce uma força mecânica sobre a bexiga. Para além disso, o estado hormonal da mulher leva a um relaxamento das estruturas do pavimento pélvico.
Na maior parte dos casos, é uma situação transitória, mas cerca de 20 por cento das mulheres continuam incontinentes no pós-parto. A menopausa também traz um risco acrescido devido à carência hormonal e relaxamento dos músculos que acontece nesta fase.
Há outros grupos de risco?
As desportistas de alta competição. Há um desfasamento entre a força dos músculos abdominais e os músculos perineais que não são trabalhados. Assim quando é suscitado um grande esforço abdominal, não há capacidade de resposta dos músculos pélvicos e verifica-se a perda de urina.
Que tipos de incontinência existem?
A incontinência de esforço acontece quando a pessoa ri, tosse, espirra ou executa qualquer tarefa que aumente bruscamente a pressão dentro do abdómen e está relacionada com a fraqueza e relaxamento dos músculos pélvicos. A incontinência de urgência reside na incapacidade de adiar a micção e a incontinência mista resulta da combinação destes fatores.
Que tratamentos existem?
Os tratamentos dependem do tipo de incontinência. Para a incontinência de esforço, o tratamento de eleição é a cirurgia. São intervenções muito pouco invasivas, em que colocamos uma rede debaixo da uretra. Não há cicatrizes e normalmente a mulher tem alta no próprio dia. Não está indicada para mulheres que ainda querem ter filhos, porque outra gravidez pode levar ao insucesso terapêutico.
Na incontinência de urgência, o tratamento é farmacológico. São fármacos anti-muscarínicos que permitem que a paciente só contraia a bexiga quando quiser urinar. Numa incontinência de urgência ligeira, numa primeira fase, recomendamos uma redução dos líquidos a partir das 18 horas.
Depois ensinamos a mulher a urinar várias vezes ao dia. Numa terceira fase, os doentes devem começar a fazer exercícios para tonificar a musculatura pélvica. Os exercícios de Kegel ajudam a obter um aumento do comando perineal.
Incontinência sob controlo
- Faça exercícios de Kegel. Contraia os músculos pélvicos que suportam a bexiga e fecham os esfíncteres e conte até três. Repita 10 a 15 vezes, três vezes ao dia.
- Não fume.
- Evite bebidas alcoólicas e com cafeína.
- Não adie a ida à casa de banho.
- Controle o seu peso.
Texto: Raquel Amaral com Teresa Mascarenhas (ginecologista)
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