O tratamento clássico da doença localizada (sem metástases) é realizado por uma de 3 opções: a cirurgia (prostatectomia radical), a radioterapia externa ou a radioterapia localizada (braquiterapia). No que diz respeito à abordagem cirúrgica, existe em Portugal, desde há relativamente pouco tempo, a possibilidade da prostatectomia radical ser assistida por robot, com o sistema robótico DaVinci. Este sistema tem o mesmo princípio da laparoscopia - acesso ao abdómen através de pequenos orifícios na parede abdominal.
A diferença reside no maior número de movimentos que se conseguem fazer com os instrumentos através de controlo remoto numa consola com 2 joysticks, movimentos estes semelhantes aos da mão humana. Nos países da América do Norte, 90% das prostatectomias radicais são realizadas com a ajuda do sistema robótico, as restantes através da técnica clássica aberta.
A evolução e experiência da técnica cirúrgica, permite atualmente uma disseção de extrema minúcia e com a qual se consegue a preservação dos feixes neurovasculares, estruturas fundamentais para a manutenção da continência e função sexual, sem nunca colocar em causa o objectivo primário, oncológico, da cirurgia. Existem várias definições de continência urinária pós-operatórias.
Normalmente, os doentes são considerados continentes quando não utilizam qualquer tipo de proteção (penso íntimo diário) ou quando utilizam apenas um penso de proteção diário. A taxa de continência urinária com a técnica robótica ronda atualmente os 98-99%.
A recuperação da continência, com a técnica robótica, acontece, na maior parte dos casos, durante o primeiro mês, com a grande maioria dos doentes a atingirem a continência aos 15 dias após a cirurgia. A grande diferença para a técnica aberta clássica é precisamente esta recuperação precoce e o tempo de algaliação dos doentes que varia de 5 a 7 dias para a técnica robótica e cerca de 3 semanas na técnica clássica.
Existem, ainda assim, exercícios físicos de recuperação do pavimento pélvico capazes de optimizar a continência precoce. Os esfíncteres urinários artificiais são o último recurso para os casos de incontinência urinária grave – utilização de cerca de 3 a 4 pensos por dia.
A função eréctil diz-se recuperada quando existe rigidez peniana suficiente para permitir a penetração. A taxa de função eréctil pós-operatória depende em grande medida do status eréctil pré-operatório, isto é, da existência de doenças associadas que a longo prazo, por si só ou em conjunto, provocam disfunção eréctil. Estas doenças são a diabetes, a hipertensão, o tabagismo crónico, a obesidade, entre outras. A precisão da técnica robótica permite atingir resultados muito bons de função eréctil pós-operatória, nos casos sem disfunção prévia, com taxas entre os 80 e 90%.
Nos casos em que a função eréctil fique afectada, a recuperação pode prolongar-se até 2 anos. Existem comprimidos, os inibidores da fosfodiesterase 5 (IPDE-5) que melhoram a microcirculação peniana e devem ser utilizados desde cedo após a cirurgia. Quando, mesmo assim, a recuperação falha, a colocação de uma prótese peniana maleável é a melhor solução e com bons resultados.
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