Uma dieta rica em sódio associada a baixos níveis de atividade física favorece a deterioração da saúde cognitiva das pessoas mais velhas. A conclusão é de um estudo recente do centro de investigação Baycrest, da Universidade de Toronto. Protagonista de várias funções indispensáveis ao bom funcionamento do organismo, o sódio é, a par do cloro, um componente essencial do sal, um alimento que pode ser benéfico ou prejudicial para a saúde dependendo da quantidade ingerida. Para percebermos melhor, falámos com a coordenadora do estudo e com a presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas.

Não são claros os mecanismos que explicam a relação entre sódio e função cognitiva, mas «podemos especular que os efeitos do consumo de sódio e da prática de exercício físico atuam através do sistema vascular, comprometendo o núcleo paraventricular (PVN), uma estrutura cerebral importante para a função cardiovascular e a regulação de hormonas ligadas à aprendizagem e memória», refere Alexandra Fiocco, investigadora.

Mais certo é que «o consumo excessivo de sal pode estar associado ao desenvolvimento de hipertensão e ao aumento da quantidade de cálcio excretada pela urina», razões pelas quais «pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, renais e ósseas», lembra Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas. Em quantidades equilibradas, o cloro e o sódio «são indipensáveis para a manutenção do equilíbrio hídrico e eletrolítico, a contração e relaxamento muscular e a atividade do sistema nervoso», diz.

Desempenha ainda um papel fundamental noutras funções centrais para a saúde, refere a nutricionista. É pela alimentação que suprimos as necessidades diárias, pelo que «o risco associado ao sal está relacionado especialmente com o consumo excessivo». Fazer do sal um aliado depende, portanto, do respeito pelas doses máximas. Cinco gramas por dia segundo a Organização Mundial de Saúde ou, até, menos, indica o Institute of Medicine norte-americano. Para ter sucesso nesta missão,mude os seus hábitos alimentares.

À mesa

Hábitos que ajudam a respeitar a dose certa:

- Leia atentamente os rótulos, verificando as quantidades de sódio e sal.

- Evite alimentos produzidos industrialmente, como os de salsicharia/charcutaria, queijos salgados, refeições pré-cozinhadas, sopas instantâneas, molhos, caldos, algumas águas gaseificadas e batatas fritas de pacote.

- Substitua o sal por ervas aromáticas (alecrim, cebolinho, coentro, estragão, louro, hortelã, manjericão, orégão, salsa ou tomilho) ou especiarias (açafrão, canela, caril, colorau, cominho, cravinho, noz moscada, pimenta ou piripiri), que realçam o sabor

Veja na página seguinte: As doses máximas recomendadas de sódio e sal

Sódio e sal

Estas são as doses máximas diárias para pessoas saudáveis:

- Dos 19 aos 50 anos
Sódio 1,5 g e sal 3,8 g (aproximadamente)

- Entre os 51 e os 70 anos:
Sódio 1,3 g e sal 3,3 g (aproximadamente)

- A partir dos 71 anos
Sódio 1,2 g e sal 3 g (aproximadamente)

Texto: Rita Miguel com Alexandra Bento (nutricionista) e Alexandra Fiocco (investigadora)