O estilo de vida stressante, que um número cada vez maior de pessoas leva (e do qual muito provavelmente você faz parte), interfere negativamente nos hábitos alimentares e, por arrastamento, no seu bem-estar. Para restaurar o equilíbrio perdido, foram criados os alimentos prebióticos e probióticos que prometem um efeito regularizador de determinadas funções do organismo humano.

A verdade é que se passamos tanto tempo preocupados com a nossa imagem, porque não cuidamos também do nosso interior, concedendo-lhe uma atenção especial? É nesse sentido que trabalham os probióticos e os prebióticos, trazidos até nós por cientistas que aproveitam os resultados das suas investigações para criar os denominados alimentos funcionais.

Para saber como se faz um probiótico, clique aqui. Para conhecer as mais-valias que estes alimentos asseguram, veja este quadro comparativo.

Probióticos à lupa

Embora a sua denominação possa parecer-lhe enigmática, a explicação para cada um destes produtos é tarefa simples. Assim, para que um alimento possa ser considerado probiótico deve ter efeitos positivos para a saúde, o que só é possível porque contém «microrganismos vivos, como a bactéria L. casei», explica Maria Paes de Vasconcelos, nutricionista.

Outras bactérias, aliadas do nosso organismo e muito utilizadas neste tipo de alimentos, são as Bifidobacterium e os Lactobacillus Acidophillus.

No fundo, estes microrganismos produzem substâncias que favorecem o crescimento de bactérias benéficas ao corpo humano e diminuem a concentração de bactérias e microrganismos indesejáveis, nomeadamente ao nível da flora intestinal.

Condições essenciais

Para que um alimento possa ser considerado probiótico, as bactérias utilizadas devem respeitar algumas condições: resistir durante a produção e manter-se vivas até ao fim do prazo de validade do produto.

Não menos importante é o facto de apresentarem uma boa tolerância aos ácidos no sistema digestivo, para estarem activas ao chegar ao intestino. Cabe depois a este órgão do corpo humano absorver os nutrientes fornecidos pelos alimentos, ao mesmo tempo que remove também as matérias não aproveitáveis e as toxinas produzidas.

Assim sendo, saiba que uma das condições para manter o sistema digestivo a funcionar de forma saudável encontra-se na capacidade de se conseguir manter um bom equilíbrio entre os milhões de bactérias que habitam o intestino.

São, contudo, vários os factores que podem estar na origem de um possível
desequilíbrio entre as boas e as más bactérias. Os mais comuns dizem respeito à toma frequente de antibióticos, a uma dieta desequilibrada, ao stress e ao cansaço físico e psicológico.

Veja na página seguinte: O que torna estes alimentos diferentes

Prebióticos ao pormenor

Já os prebióticos não são mais do que alimentos que, para além de terem uma função nutricional, possuem outras acções benéficas nomeadamente ao nível da prevenção de algumas doenças (como a osteoporose, o cancro do cólon ou os níveis do chamado mau colesterol), da protecção de órgãos e da manutenção das reacções básicas, o que se deve à variedade de substâncias biologicamente activas
que contêm.

Na prática, tratam-se de alguns tipos de fibras alimentares, ou seja, hidratos de carbono, não digeríveis no estômago e que passam praticamente inalteráveis através do intestino delgado, sendo depois fermentadas no intestino grosso pelas denominadas bífido bactérias.

«São ingredientes alimentares não digeríveis que afectam de modo benéfico o hospedeiro, estimulando selectivamente o crescimento e/ou a actividade de um número limitado de bactérias no cólon», refere a especialista.

«No fundo a ideia é tratar bem das bactérias que nos tratam bem», acrescenta ainda.

Na prateleira do supermercado

Apesar da vasta gama de alimentos probióticos e prebióticos disponível no mercado nacional, escasseiam ainda estudos relativamente ao seu consumo. Não existem dados oficiais nomeadamente sobre as quantidades consumidas, as zonas do país onde a venda destes produtos tem mais sucesso e as faixas etárias em que são mais populares.

Ainda assim, não há dúvida que este tipo de alimentos está a ganhar cada vez mais destaque nas prateleiras dos supermercados. Para o comprovar basta que esteja atenta da próxima vez que se deslocar ao seu espaço comercial de eleição.

Para que não se sinta perdida, saiba que os probióticos partilham com os iogurtes os compartimentos refrigerados dos supermercados. No fundo, não são mais do que leites fermentados, naturais ou com sabor que se distinguem facilmente pelas referências que trazem nos rótulos aos L. Casei e às bifidobacterias.

Já no caso dos prebióticos, estamos a falar de sumos e bebidas de leite e fruta, de alguns tipos de bolachas, de cereais prontos a consumir e de iogurtes, todos eles enriquecidos com fibras solúveis.

Os componentes prebióticos mais utilizados neste tipo de alimentos são a inulina e a oligofrutose que estão naturalmente presentes em alimentos como a cebola, o alho, a alcachofra, as leguminosas, o tomate, em alguns cereais, como a cevada e a aveia, e também na casca de alguns frutos como, por exemplo, a maçã.

Veja na página seguinte: Mitos e verdades sobre este tipo de alimentos

Mitos e verdades

Se é uma das pessoas que tem recebido e-mails nos quais se enumera um conjunto de contraindicações relativas a este tipo de produtos para determinados grupos populacionais, saiba que, de acordo com a nutricionista, «não há provas de que exista algum grupo populacional que deva evitar consumir qualquer dos dois tipos de ingredientes».

Aliás, por definição, eles incluem substâncias que nos fazem bem, «caso contrário não se chamariam prébióticos e probióticos, mas sim tóxicos», acrescenta a especialista.

Assim sendo, mesmo as crianças, os idosos, as grávidas ou lactantes «podem beneficiar com o consumo dos produtos que os contêm em quantidade suficiente para obter o efeito desejado», refere Maria Paes Vasconcelos.

Segundo esta especialista, a idade de início do consumo deste tipo de alimentos «deve ser confirmada com o pediatra, mas a partir de um ano de idade não deverá haver contra-indicações, até porque estes produtos não são absorvidos pelo organismo, já que simplesmente actuam no intestino», acrescenta ainda.

A vez dos simbióticos

Para além dos probióticos e dos prebióticos, existe ainda uma terceira gama de produtos que envolve a combinação do que de melhor os dois primeiros grupos têm para oferecer.

Os denominados alimentos simbióticos incluem iogurtes com bactérias vivas e fibras e também a alguns leites fermentados que contêm bifidobactérias, Lactobacillus e fibras solúveis.

Texto: Claudia Marina com Maria Paes de Vasconcelos (nutricionista)