Rebecca Ruiz
18 de Fevereiro de 2009
Quando, no último mês, Oprah Winfrey confessou que não tinha conseguido cumprir a sua dieta e que, uma vez mais, estava perto dos 90 kgs, milhões de pessoas que já tentaram fazer dieta sem sucesso reviram-se nessa imagem.

Fotografia: A Sua Dieta Já Está Fora De Moda?

Os seus esforços inúteis não se devem à falta de programas e produtos de emagrecimento que alimentam uma indústria que vale 58 mil milhões de dólares, segundo a empresa de estudos de mercado NPD Group.

Contudo, são tantas as informações que, muitas vezes, existem afirmações inconciliáveis que confundem as pessoas que fazem dieta. É aí que a ciência pode dar uma mãozinha.

Durante os últimos meses, a nova bibliografia científica tem abordado a utilidade da alimentação comedida e aconselhamento dietético, bem como a noção de que o acto de comer é um instinto que está fora do nosso controlo. Os estudos confirmam o que a maioria não quer aceitar: uma dieta exige moderação e disciplina.

Os estudos mais recentes
O Dr. Larry Tucker, professor de Ciências da Actividade Física no College of Health and Human Performance na Brigham Young University, é autor de um estudo sobre alimentação comedida publicado na edição de Jan/Fev de 2009 do The American Journal of Health Promotion. Tucker passou três anos a estudar os hábitos alimentares de 192 mulheres de meia-idade.

Algumas das participantes praticaram o que é conhecido como a alimentação comedida, por outras palavras, o esforço consciente para evitar alimentos não saudáveis e substituí-los por outros mais saudáveis.

Anteriores estudos de curto-prazo tinham demonstrado uma correlação entre a alimentação comedida e a alimentação descontrolada, levando os investigadores a acreditar que a limitação das escolhas conduz, frequentemente, a uma compensação excessiva mais tarde.

O estudo de Tucker apresenta a conclusão oposta. As mulheres que não praticaram a alimentação comedida tinham quase duas vezes e meia mais probabilidades de ganharem peso durante um período de três anos do que aquelas que eram mais selectivas.

Muito embora o fenómeno da alimentação comedida e a alimentação descontrolada tenha confundido os investigadores durante anos, Tucker acredita que a duração do seu estudo revela uma forte casualidade entre uma alimentação selectiva e a manutenção do peso.

Continua

Esta conclusão tem sido sustentada por outros estudos a longo-prazo. Na sua opinião, a ilação é simples mas é uma que quem faz dieta teme ouvir: "Não podemos comer livremente."

Apesar de ser uma verdade cruel, Tucker diz que as pessoas se podem adaptar introduzindo algumas alterações nos seus hábitos. Ele sugere que as pessoas se pesem várias vezes por semana e tenham um diário de alimentos. As calorias e quilos a mais irão surgir imediatamente no papel e na balança.

Caso tais alterações lhe pareçam demasiado insuportáveis, pondere consultar um dietista ou orientador certificado. Um outro estudo publicado recentemente corrobora esta abordagem.

O estudo de seis meses, publicado na edição de Dezembro de 2008 do Journal of the American Dietetic Association, foi realizado pela Dra. Zora Djuric, professora-investigadora na Universidade de Michigan.

Ela acompanhou 69 mulheres com idades compreendidas entre os 25 e os 59 anos, enquanto tentavam passar para a dieta Mediterrânica, que é rica em vegetais e frutas e baixa em gorduras poliinsaturadas, como a margarina e o óleo de milho. Esta dieta tem sido relacionada com taxas de cancro mais reduzidas.

Apesar dos seus benefícios, a ingestão diária de sete a nove peças de frutas e vegetais e o aumento de gorduras monoinsaturadas como, o azeite e avelãs, pode ser difícil para os americanos acostumados a ingerirem bem menos quantidades de alimentos desses grupos alimentares.

Um grupo recebeu semanalmente e quinzenalmente aconselhamento telefónico de dietistas certificados. Também lhes foi facultada uma lista de "substituições" que traduzia os grupos alimentares necessários (por exemplo, legumes verdes escuros ou hortaliças verdes) em itens específicos (brócolos e basílico). O outro grupo não recebeu orientação adicional.

Os que receberam aconselhamento duplicaram a ingestão de frutas e vegetais e aumentaram a ingestão de gorduras monoinssaturadas, enquanto no outro grupo não se registaram alterações significativas.

"Existem provas que atestam que sempre que se preste um auxílio regular às pessoas, elas conseguem introduzir grandes alterações na sua alimentação," observa Djuric.

Uma pessoa normal que quer fazer dieta pode encontrar um dietista certificado através da American Dietetic Association, mas algumas empresas oferecem aconselhamento para emagrecimento gratuito através de programas de assistência aos colaboradores.

Veja na próxima página como gerir os instintos

Gerir os instintos
Apesar destes estudos serem encorajadores, as suas conclusões podem fazer com que muitas pessoas que fazem dieta ainda se sintam impotentes.

A Dra. Susan Roberts, professora de Nutrição na Tufts University e autora de um livro recentemente publicado The Instinct Diet, dá alguma esperança com conselhos baseados em quase 20 anos de investigação clínica.

A Dra. Roberts defende que cinco instintos básicos de sobrevivência governam os nossos padrões de alimentação, incluindo a fome, a variedade e a densidade de calorias.

Não ajuda que o nosso organismo esteja cheio de químicos como a dopamina, um neurotransmissor que envia sinais de recompensa para o cérebro quando comemos alimentos com elevadas calorias.

Porém, a Dra. Roberts refere que os instintos podem ser controlados. As suas recomendações já testadas incluem comer regularmente e a tempo e horas, distrair a mente de desejos e controlar o seu "ambiente alimentar."

Refeições regulares previnem ataques de fome e educam o cérebro a esperar pelos alimentos. Esta estratégia até funciona com gulodices: caso o cérebro aprenda a esperar bacon ao domingo de manhã, vai deixar de enviar sinais para despoletar o desejo noutras alturas. Pode igualmente reprimir um desejo telefonando a um amigo ou bebendo um copo cheio de água, que faz com que uma pessoa se sinta cheia.

Isto ajuda-o a controlar a sua exposição a alimentos que engordam. Por exemplo, em vez de ter um gelado no congelador, substitua-o por um alimento mais saudável como, amoras geladas, e estrague-se com um gelado uma vez por semana mas fora de casa.

Roberts reconhece que as pessoas que fazem dieta debatem-se constantemente com desafios do mundo exterior. "Vivemos numa cultura em que é suposto que as pessoas sejam boas e cuidadosas, mas o nosso cérebro alimentar não é sensível," explica. "Somos máquinas concebidas para reagirmos ao nosso ambiente."

O segredo para o sucesso é reprogramar as respostas e alterar o ambiente.