A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, patenteou um método de aproveitamento dos resíduos da indústria de cogumelos para a produção de uma fibra dietética que pode ser incorporada no pão, hambúrgueres ou fiambre.

Fernando Milheiro Nunes, investigador do Departamento de Química, disse hoje à Agência Lusa que esta invenção visa a criação de fibras dietéticas de cogumelos, obtidas a partir de resíduos e excedentes de produção.

A ideia nasceu do trabalho de estágio da aluna de Ciência Alimentar Sara Fraga e depois de anunciado o projeto para a implantação, em Vila Real, de uma das maiores unidades de produção e transformação de cogumelos da Europa.

O investigador explicou que o objetivo é valorizar os subprodutos desta indústria, cujas “toneladas” de resíduos, desde cogumelos defeituosos ou sem as dimensões adequadas, seriam para deitar fora.

“Resolve o problema de onde dispor esses resíduos, até porque ao fim de algum tempo começam a cheirar mal. Acaba por ser uma forma de tratar os resíduos e de obter um produto que pode ser comercializado”, salientou.

O processo consiste na moagem e extração dos componentes não fibra dos resíduos de cogumelos e dos cogumelos com uma solução alcalina contendo peróxido de hidrogénio, que é enriquecido em fibra, com baixo valor calórico e com uma composição em polissacarídeos diferente das fibras obtidas a partir das fontes vegetais e de cereais usualmente utilizadas para a produção deste ingrediente alimentar.

O resultado é uma fibra de “baixo teor em gorduras e proteínas e baixo valor calórico” que pode ser incorporado numa “grande variedade de produtos”, desde o pão, pastelaria ou derivados da carne, como salsichas, fiambre ou hambúrgueres.

Fernando Nunes referiu que o processo é “relativamente barato”, embora obrigue a um “investimento inicial que pode ser avultado”.

“Tendo em conta que o produto final tem um valor de mercado relativamente elevado, acaba por ser bastante compensador fazer a produção de fibra dietética de cogumelos. A longo prazo acaba por ser rentável”, frisou.

O investigador referiu que o método já está patenteado, mas que na UTAD ainda se investiga “as melhores soluções alimentares para esta fibra em particular” e “para tornar o “produto ainda mais rentável”.

Realçou, no entanto, que por causa da divulgação feita, duas empresas, uma do Canadá e outra de França, já se mostraram interessadas no processo.

23 de novembro de 2011

@Lusa