10 de setembro de 2013 - 13h01

Sete dezenas de pessoas protestaram hoje junto à extensão de saúde de Negrais, em Sintra, contra o encerramento, desde há uma semana, deste equipamento construído pela população em 1997.

Vários utentes deste equipamento da freguesia de Almargem do Bispo disseram à agência Lusa terem sido “surpreendidos” na semana passada com um papel afixado na porta da extensão de saúde a avisar para o seu encerramento.

"A população está revoltada. Chegámos aqui e deparámo-nos com um papel na porta a referir que está encerrada. Somos obrigados a ir ao centro de saúde de Almargem do Bispo, que funciona num primeiro andar, sem elevador, o que dificulta o acesso aos idosos", disse Manuela Cassona, da Comissão de Utentes da Extensão de Saúde de Negrais.

Esta utente adiantou que a maior parte dos moradores desta localidade são idosos que não possuem viatura própria e que, face à escassez de transportes públicos, serão obrigados a deslocar-se de táxi, o que representa um aumento de gastos com a saúde.

Estêvão Marcelino, antigo imigrante na Alemanha, lamentou à agência Lusa que "no século XXI ainda se obriguem as pessoas a utilizar um centro de saúde onde, se estiverem de cadeiras de rodas, não conseguem entrar".

"Estamos revoltados com isto tudo. A médica só vinha cá uma vez por semana e agora deixou de vir. Somos obrigados a ir ao centro de saúde mais próximo e alguns de nós não conseguem aceder ao piso porque não há elevador", disse o morador da localidade, taxista de profissão.

Dezenas de pessoas protestavam em frente à extensão de saúde, empunhando cartazes com as inscrições "Negrais quer a extensão" e "Temos direito à saúde".

Presente na iniciativa, Pedro Ventura, vereador da Câmara de Sintra, disse à agência Lusa que o encerramento deste equipamento que foi construído pela população contribui para a desertificação e isolamento destas áreas rurais.

"Com a reformulação do parque escolar, que levou ao encerramento de várias escolas da freguesia, com o encerramento desta extensão de saúde e com a situação de encerramento das empresas e aumento do desemprego, a tendência é para a desertificação destas áreas rurais", afirmou o autarca.

O vereador, eleito pela CDU, acrescentou que nesta zona os transportes públicos são escassos, uma vez que "as carreiras passam de três em três horas", adiantando que para a população se deslocar a outra localidade terá de utilizar viatura própria ou ir de táxi.

A agência Lusa tentou obter a posição da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo sobre este caso, mas não obteve resposta até ao final da manhã de hoje.

Lusa