18 de janeiro de 2013 - 10h30

Um ano depois da abertura do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, os utentes daquele equipamento de saúde continuam a reivindicar mais carreiras diretas e a criação de um título de transporte a preços mais acessíveis.

O Hospital de Loures abriu portas em janeiro de 2012 para servir 272 mil habitantes dos concelhos de Loures, Odivelas, Mafra e Sobral de Monte Agraço.

“Aquilo que está a acontecer é uma exclusão dos utentes do hospital. Por um lado pelo preço exagerado das taxas moderadoras e por outro pela questão dos transportes que são muito caros e poucos”, afirmou à agência Lusa Gonçalo Caroço da Comissão de Utentes de Saúde de Loures.

Gonçalo Caroço explicou que a nível de serviço de atendimento “as coisas até funcionam normalmente”, e que o principal problema continua a ser mesmo as acessibilidades ao hospital.

“Melhorar as acessibilidades tem sido mesmo a nossa maior luta desde que o hospital abriu. Temos mantido várias reuniões com a administração para que arranjem uma solução para as questões dos transportes”, sublinhou.

As acessibilidades ao Hospital de Loures é também uma questão que preocupa a Comissão de Utentes dos Transportes Públicos de Odivelas (CUTPO) que já entregou uma petição na Assembleia da República a exigir melhores condições de acesso.

“São poucos transportes e com horários muito limitados. A juntar a isto tudo temos o elevado preço dos bilhetes e acresce o facto de os autocarros não entrarem dentro do hospital”, queixou-se Manuel André da CUTPO.

Manuel André explicou que a comissão exige a criação de carreiras diretas, com entrada no recinto do hospital, o prolongamento do horário noturno e a criação de um título de transporte próprio para o acesso à unidade de saúde.

“Vamos continuar a reivindicar por estas alterações, assim como pela questão do estacionamento, uma vez que o preço para estacionar no parque do hospital é bastante oneroso”, afirmou.

Contactado pela Lusa o presidente da Câmara de Loures, Carlos Teixeira (PS) fez um “balanço muito positivo” do primeiro ano de funcionamento do Hospital Beatriz Ângelo, mas reconheceu que ainda existem alguns problemas por resolver.

“É com enorme satisfação que ouço alguém dizer que o neto já nasceu em Loures e não teve de ir para Lisboa. É uma das mais-valias que temos obtido. Mas há problemas também”, afirmou Carlos Teixeira.

O autarca referiu o facto de existirem freguesias do concelho de Loures que não estão abrangidas pelo hospital e acusou o Ministério da Saúde de falta de sensibilidade relativamente a esta questão.

“As pessoas da zona oriental que não são abrangidas pelo Hospital de Loures podiam ir para Santa Maria em vez de irem para São José, por uma questão de acessibilidades. Há cerca de um ano que andamos a tentar arranjar uma solução, mas eles [Ministério da Saúde] não estão sensíveis para isso”, criticou.

Relativamente às acessibilidades para o Hospital de Loures, Carlos Teixeira adiantou que a autarquia tem estado a negociar com a administração e com os operadores de transporte para arranjar uma solução.

“Em relação ao custo dos bilhetes estamos a negociar com as operadoras um preço especial para quem vem para o hospital, apelando à responsabilidade social das empresas. Também estamos a negociar com a Rodoviária de Lisboa a possibilidade de se criar uma navete ( autocarro mais pequeno) que possa entrar dentro do hospital”, adiantou.

Carlos Teixeira disse ainda que a autarquia de Loures pretende criar um parque de estacionamento no exterior do recinto do hospital e que prevê ter até ao final deste mês todas os acessos ao hospital concluídos.

“Neste momento a nossa preocupação é ao nível dos passeios pedestres e estamos a negociar essa questão com as Estradas de Portugal”, referiu.

A Lusa contactou igualmente a Câmara de Odivelas, mas não obteve resposta até ao momento.

Lusa