"Precisamos neste hospital de um serviço de urgência novo. Isto que existe atualmente não é propriamente um serviço de urgência, é um corredor com meia dúzia de salas, que nem sequer tem organização, nem condições de trabalho para as pessoas que lá estão, nem condições para os doentes que lá ocorrem", disse Miguel Guimarães.

O bastonário falava aos jornalistas no final de uma visita aos serviços hospitalares, durante a manhã de hoje, e depois de reunir com a direção e, mais tarde, com os profissionais clínicos.

"Depois, é a questão do centro oncológico, que está numa situação inacreditável. Nunca vi um centro oncológico assim. Temos aqui uma situação muito preocupante e que tem de ser resolvida já, imediatamente, porque aqueles médicos, que são uns heróis, e os próprios doentes, que são lá tratados, não têm aquelas que são as condições mínimas para que isso aconteça", apontou.

Miguel Guimarães enumerou uma "série de coisas em falta" na oncologia, a "começar logo na estrutura", que, "por ser muito pequena, não permite que as pessoas possam executar algumas medidas como, por exemplo, medidas de reanimação urgente".

"Estamos a falar de coisas sérias", assumiu, considerando tudo "isto uma situação extremamente preocupante, porque a questão infraestrutural deste hospital é muito importante" e, "neste momento, há muitos serviços que não têm condições”.

Mas, lembrou, há “três situações críticas", como a urgência, a oncologia e a psiquiatria.

A psiquiatria, que no seu entender, "tem sido, muitas vezes, esquecida" e, no caso de Viseu, o departamento funciona num outro edifício à parte, noutra freguesia da cidade.

E "o plano nacional de saúde mental recomenda que os serviços de psiquiatria fiquem enquadrados dentro dos hospitais". o que, a acontecer neste caso, "também seria um problema".

"Já não há lugar dentro do hospital para os serviços que cá estão e também não há lugar para a psiquiatria. Daí que as obras, de uma forma global, sejam absolutamente essenciais. E não chegam as obras do serviço de urgência. As obras do serviço de urgência são críticas, mas este hospital precisa, seguramente, de mais remodelações em várias áreas para poder acomodar de forma confortável as várias áreas clínicas", defendeu.

Só assim é que os "doentes de Viseu têm exatamente os mesmos direitos das outras populações de outras cidades por este país fora e tenham condições, de facto, de segurança clínica, de conforto, condições de terem acesso a cuidados de saúde em igualdade de circunstância ".

"Em alguns casos, a segurança clínica está em risco, por exemplo, no centro oncológico. Se hoje estiverem aí 40 graus, ou 30, não há ar condicionado, há um ar refrigerado e ventoinhas, e os espaços são tão exíguos que, por exemplo, manobras de reanimação são muito difíceis lá dentro", considerou.

O bastonário deu ainda o exemplo do aparelho para fazer mamografias, "coisas simples, fáceis de adquirir, equipamentos essenciais para esta população e que continuam parados", uma vez que o dispositivo existente "está obsoleto" e, desde março de 2018, que os médicos "se recusam a usar", enviando os médicos para outros hospitais.

"Também era importante que existissem mais salas de blocos operatórios para se conseguissem realizar mais operações”.

Miguel Guimarães adiantou ainda alguns números respeitantes ao tempo de espera para consultas da especialidade no CHTV, como, por exemplo, a dermatologia (662 dias de espera), na neurocirurgia (338), na urologia (1144), entre outras.

O bastonário da Ordem dos Médicos visitou hoje o sexto hospital no périplo que está a fazer no país para conhecer "a realidade" e "os problemas existentes" na saúde e a reunir com os médicos e os doentes de forma a elaborar um relatório para ser remetido, entre outros, ao Ministério da Saúde.