Esta avaliação, publicada na revista médica britânica The Lancet Infectious Diseases, é a primeira do tipo a avaliar os riscos de transmissão desta doença viral, que afetou 1,5 milhões de pessoas no Brasil em 2016.
Os autores do estudo chegaram a estes números através de um modelo matemático que misturou variáveis como os visitantes de países da América Latina afetados pela epidemia, as condições climáticas, a densidade populacional e a eficácia dos sistemas sanitários.
O Zika é transmitido principalmente pela picada de mosquitos, mas também por contacto sexual. A infeção, benigna para a maioria das pessoas, é considerada responsável por complicações neurológicas e sobretudo por graves anomalias no desenvolvimento cerebral (microcefalia) em bebés recém-nascidos de mães infetadas pelo vírus. Foram registados mais de 1.600 casos de microcefalia em bebés nascidos no Brasil recentemente.
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"Cerca de 2,6 mil milhões de pessoas vivem em regiões da África e da Ásia-Pacífico onde as espécies locais de mosquito e as condições climáticas tornam possível em teoria a propagação do vírus Zika", revelou o principal autor do estudo, Kamran Khan, académico especialista em doenças infecciosas em Toronto.
Esta quinta-feira (01/09), as autoridades norte-americanas informaram que em Miami Beach há mosquitos contaminados com Zika, o que confirma definitivamente que este vírus está a ser transmitido ativamente nos Estados Unidos continental.
Regiões de risco
Os países que podam vir a ser afetados teoricamente por transmissão local são a Índia, onde 1,2 mil milhões de pessoas poderiam ser expostas ao vírus, a China, onde há 242 milhões de pessoas que vivem em áreas de risco, a Indonésia, com 197 milhões, a Nigéria, com 178 milhões, o Paquistão, com 168 milhões, e o Bangladesh, com 163 milhões.
Portugal não está de fora das zonas de risco, sobretudo na Madeira, onde mosquitos da espécie aedes aegypti estão presentes. Outros estudos mostram que mosquitos disseminados no sul da Europa podem também, se contaminados, serem vetores do vírus Zika.
Não existe vacina, tratamento nem exames de diagnóstico rápido para este vírus, que foi descoberto em 1947 num macaco no Uganda. Desde então, a doença passou a desenvolver-se em humanos em países da Ásia e África.
A epidemia atual, que atingiu com força o Brasil e outros países da América Latina e do Caribe, pertence à família asiática do vírus, motivo pelo qual a questão da imunidade entre estirpes é fundamental.
De acordo com o estudo, os países africanos provavelmente apresentam mais riscos do que os países asiáticos, porque a origem da epidemia atual está na Ásia e não em África.
Um dos países mais expostos, segundo o estudo, é Angola, pelos vínculos económicos e culturais com o Brasil. O vírus também foi detetado em Cabo Verde e, mais recentemente, na Guiné-Bissau.
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