“A nossa confiança no processo de vacinação e na Comissão e nas agências europeias não sai em momento nenhum beliscada pelo facto de nós, por transparência, darmos nota de que, num contexto de uma doença nova e de medicamentos novos, termos momentos de incertezas”, declarou a ministra da Saúde, Marta Temido.

Falando em representação da presidência portuguesa na conferência de imprensa após a reunião virtual dos ministros de Saúde da União Europeia (UE), a responsável vincou que “a melhor forma de manter a confiança dos cidadãos é transmitir com total transparência aquilo que são os passos sucessivos deste processo, que é um processo único em termos dos tempos”.

“Aquilo que vários Estados-membros fizeram foi identificar reações adversas que, apesar de ainda não totalmente identificadas em termos de casualidade como decorrentes da toma do medicamento, nos obrigou a maior atenção sobre os mesmos e nos obrigou, por precaução, a informar transparentemente o público sobre as nossas questões”, elencou Marta Temido.

Por isso, Portugal à semelhança de outros países decidiu “suspender durante algum tempo, que esperamos que sejam breves dias, a administração de vacinas, aguardando que a Agência Europeia do Medicamento [EMA, na sigla inglesa] possa ter uma palavra definitiva sobre estas dúvidas”, acrescentou a ministra da tutela.

Esta posição surge depois de nas últimas horas vários países europeus, incluindo Portugal, terem decidido por precaução suspender a administração desta vacina após relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos e da morte de pessoas inoculadas com esta vacina.

Esta tarde, a diretora executiva da EMA disse que os problemas relacionados com a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 “não são inesperados”, dada a vacinação de milhões de pessoas, e atingem “um pequeno número” de vacinados.

“Uma situação como esta não é inesperada. Quando se vacinam milhões de pessoas, é inevitável que ocorram incidentes raros ou graves após a vacinação e o nosso papel [do regulador europeu] é o de avaliar que todos os efeitos secundários são rapidamente investigados, se estão realmente ligados à vacina ou se são coincidência”, declarou Emer Cooke.

Falando em videoconferência para a imprensa em Bruxelas, a responsável frisou também que “não há evidências de que foi a vacinação [com o fármaco da AstraZeneca] que causou estas situações”, além de que os efeitos secundários apenas se verificaram “num número pequeno de pessoas que receberam a vacina”.

Na quinta-feira passada, a EMA indicou que não existem provas de um aumento de risco de coagulação sanguínea em pessoas vacinadas com este fármaco contra a covid-19 e já na segunda-feira o regulador europeu defendeu que “os benefícios” da vacina da AstraZeneca contra covid-19 “superam os riscos de efeitos secundários”.