Na avaliação de risco hoje atualizada e apresentada, o ECDC aponta que os casos positivos de infeção com o novo coronavírus, que provoca a doença COVID-19, aumentaram de forma sustentada em toda a União Europeia desde agosto, o que demonstra que “as medidas tomadas nem sempre foram suficientes para reduzir ou controlar a exposição”, advertindo que “é por isso crucial que os Estados-membros implementem todas as medidas necessárias aos primeiros sinais de novos surtos”.
"As intervenções não farmacêuticas em vigor não alcançaram o efeito pretendido, seja porque a adesão às medidas não é ideal ou porque as medidas não são suficientes para reduzir ou controlar a exposição", acrescentou.
Segundo o Centro, intervenções não farmacêuticas tais como distanciamento físico, higiene e uso de máscaras revelaram-se insuficientes para reduzir ou controlar a exposição ao coronavírus.
Ainda assim, a diretora do organismo, Andrea Ammon, apontou que, “até haver uma vacina segura e eficaz disponível, estas medidas continuam a ser a principal ferramenta de saúde pública para controlar e gerir os surtos” de covid-19.
Nesta avaliação atualizada, o ECDC dividiu os Estados-membros em três grupos: aqueles que apresentam uma “tendência estável e um risco reduzido”, os que têm uma “tendência preocupante, mas um risco moderado” e os que evidenciam “uma tendência preocupante e um risco elevado”.
Portugal é colocado no subgrupo com tendência preocupante, mas com um risco considerado moderado, que inclui os países onde são notificadas taxas [de infeção] elevadas e crescentes devido às elevadas taxas de testes realizados, e a transmissão é notificada prioritariamente em indivíduos jovens, com uma baixa proporção de casos graves e baixas taxas de notificação de morte.
“Tal representa um risco geral moderado de covid-19 para a população em geral e para a prestação de cuidados de saúde. No entanto, é de notar que, se se verificar um elevado volume de transmissão ao longo de várias semanas, a proteção dos indivíduos vulneráveis é um desafio, e visto que o impacto da doença nestes grupos é muito elevado, o risco para esta população continua a ser muito elevado”.
Este subgrupo inclui Áustria, Dinamarca, Estónia, França, Irlanda, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Eslováquia, Eslovénia e ainda o Reino Unido.
De acordo com a avaliação do ECDC, os Estados que apresentam atualmente um risco mais elevado são a Bulgária, Croácia, República Checa, Hungria, Malta, Roménia e Espanha.
“A nova avaliação de risco de hoje mostra-nos claramente que não podemos baixar a nossa guarda. Com alguns Estados-membros a registarem um maior número de casos do que durante o pico de março, é perfeitamente claro que esta crise não está atrás de nós”, comentou a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, numa conferência de imprensa conjunta com a diretora do ECDC.
A comissária advertiu que a Europa enfrenta agora “um momento decisivo, e todos têm de agir com determinação e utilizar os instrumentos ao seu dispor”.
“Isto significa que todos os Estados-Membros devem estar prontos para lançar medidas de controlo imediatamente e no momento certo, logo ao primeiro sinal de potenciais novos surtos. Esta pode ser a nossa última oportunidade de evitar uma repetição da Primavera passada", alertou.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 971.677 mortos e mais de 31,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.928 pessoas dos 70.465 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Comentários