“Foi com surpresa que tomámos conhecimento de que o atual conselho de administração do Centro Hospitalar Tondela Viseu manifestou o desejo de alterar o programa funcional e a base do centro oncológico”, disse o autarca à agência Lusa.
José António Jesus lembrou que, “em 2017, numa cerimónia pública, o então secretário de Estado da Saúde anunciou o arranque deste investimento, que estaria disponível em 2019”, e que “haveria uma afiliação entre esta unidade e o IPO (Instituto Português de Oncologia) de Coimbra”.
“Estamos a terminar o primeiro trimestre de 2019 e, em vez de termos o centro oncológico a funcionar, lamenta-se que se continue a discutir o seu programa funcional”, frisou.
Na quarta-feira, a Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões reuniu com a ministra da Saúde, Marta Temido, e com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, para analisarem a criação da unidade de radioterapia/centro oncológico e as obras de requalificação do serviço de urgência do hospital de Viseu.
“No que concerne ao centro oncológico, continuam a não estar asseguradas as respetivas fontes de financiamento”, referiu a CIM, em comunicado, acrescentando que a isto acresce o facto de o modelo do centro oncológico “ter sido alterado pelo atual conselho de administração, sem que este tenha apresentado ao Ministério da Saúde”, até hoje, o modelo alternativo.
Segundo a CIM, a ministra “assumiu que a localização no Centro Hospitalar Tondela-Viseu não estava em causa”, tendo ficado estabelecido que, após o conselho de administração apresentar o modelo, seriam mantidos contactos “para o acompanhamento conjunto do processo”.
O autarca de Tondela lamentou também os atrasos no arranque da requalificação do serviço de urgência do Hospital de S. Teotónio, de Viseu, que considera “uma obra vital” para a região.
“Se há disponibilidade financeira para se anunciarem milhões para os transportes, não se compreende que não haja pouco mais de um milhão de euros para viabilizar uma obra que, como se sabe, tem os restantes 4,5 milhões de euros garantidos (de fundos comunitários)”, afirmou.
José António Jesus recordou que “o projeto está aprovado há muito tempo” e que só não avança por causa “de um despacho, por parte de um membro do Governo, para autorizar esta despesa”.
“Ninguém compreenderia que não avançasse por falta de disponibilidade financeira, quando a verba necessária é de pouco mais de um milhão de euros”, considerou.
Segundo a CIM, confirma-se “o facto de continuar a faltar a autorização da Secretaria de Estado do Tesouro para a referida obra e, consequentemente, o assegurar do financiamento do montante correspondente à contrapartida nacional”.
Neste âmbito, o Conselho Intermunicipal da CIM Viseu Dão Lafões irá solicitar, com caráter de urgência, uma audiência ao secretário de Estado do Tesouro.
Na quinta-feira, também o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques (PSD), deixou críticas à forma como estão a decorrer estes dois processos.
Almeida Henriques pediu à ministra da Saúde que “ponha as suas ideias em ordem” e que apresente um cronograma relativo ao centro oncológico.
Ao secretário de Estado do Tesouro exigiu que “despache a contrapartida nacional” e que “não esteja à espera que ainda tenham que ser os municípios a pagar a contrapartida nacional de uma obra que é nacional”.
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