Todos os dias, 80 portugueses são vítimas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) provocado por uma fibrilhação auricular, uma arritmia que pode ser controlada com fármacos anticoagulantes, mas apenas 30 por cento(%) dos doentes optam pela medicação.
No âmbito do Dia Mundial do AVC, assinalado esta segunda-feira, o cardiologista José Ferreira Santos chama a atenção para a prevenção da fibrilhação auricular, uma forma de arritmia cardíaca que é responsável por 20% dos AVC registados no país.
“A fibrilhação auricular (FA) é a alteração mais comum do ritmo cardíaco. Um em cada cinco AVC são provocados por esta arritmia, mas se a tratarmos eficazmente, com a terapêutica anticoagulante, conseguimos praticamente eliminar esta complicação”, lembrou o especialista, em declarações à Lusa.
Os sinais de alerta são palpitações, coração a bater diferente e pulso irregular. Sendo que o “teste de eleição” dos especialistas passa por um simples eletrocardiograma, que permite identificar se as pessoas têm FA.
“Depois de identificada a arritmia é preciso perceber se a pessoa está em risco de ter um AVC”, lembrou o especialista, defendendo que “qualquer pessoa com mais de 65 anos (a quem foi identificada uma arritmia) deve fazer uma terapêutica anticoagulante, para evitar a formação de coágulos no coração e reduzir o risco de ter uma trombose”.
No entanto, a realidade é um pouco diferente. José Ferreira Santos lembrou um estudo nacional que veio revelar que apenas metade das pessoas sabia que tinha arritmia. E, das que sabiam, “só 30% estavam a fazer uma medicação anticoagulante. Ou seja, os restantes 70% não estavam a prevenir eficazmente os AVC”, alertou o especialista.
A fibrilhação auricular atinge cerca de 120 mil portugueses e a sua prevalência deverá continuar a aumentar devido ao envelhecimento da população.
“Se incluirmos todas as pessoas desde a nascença até à terceira idade, a fibrilhação afeta 2,5% da população em Portugal. Mas a prevalência aumenta bastante à medida que os anos avançam, podendo chegar até 10 a 15% da população com mais de 70 anos. Se vivermos tempo suficiente, uma em cada quatro pessoas irá desenvolver fibrilhação auricular ao longo da vida”, lembrou o cardiologista do Hospital De São Bernardo, em Setúbal.
Pedro Monteiro, Cardiologista dos Hospitais da Universidade de Coimbra, lembrou, por seu turno, a importância de a fibrilhação auricular ser "reconhecida como um problema de saúde pública, uma vez que é responsável por 3 milhões de AVC por ano em todo o mundo”.
Em Portugal, o AVC é responsável pelo internamento de mais de 25.000 doentes por ano e por um elevado grau de incapacidade: metade dos doentes que sobrevivem a um AVC ficam com limitações nas atividades da vida diária.
29 de outubro de 2012
@Lusa
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