“Nós não consideramos que é mau a questão do alargamento da ADSE a mais pessoas no universo daquilo que é uma administração pública alargada, um Estado alargado, mas colocamos é em causa: o que é que vai acontecer no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, interrogou-se Helena Rodrigues, em declarações à agência Lusa.

Helena Rodrigues salientou que o STE quer saber o que o Estado e os governos pretendem fazer com um alargamento cada vez maior da ADSE, um subsistema de saúde que não é o SNS.

“O que é que vai acontecer ao SNS se lhe retirarmos cada vez mais pessoas para subsistemas à parte? Não nos interessa saber se o alargamento é justo ou não, com certeza que sim. Aquilo que dizemos é: porque não investir num SNS de qualidade”, perguntou.

No entender da presidente do STE, este alargamento pode “esvaziar” o SNS.

“Isto para nós é uma preocupação, porque entendemos que o SNS deve ser nacional, público, acessível e para o qual todos devem contribuir na exata medida dos impostos que pagam, porque é suportado pelos impostos”, considerou.

O Jornal de Negócios e o Público adiantam hoje que o Orçamento do Estado para 2016 prevê o alargamento do universo de beneficiários aos cônjuges e aos filhos até 30 anos (mais quatro do que atualmente) dos titulares, além dos trabalhadores do setor empresarial do Estado.

Segundo os jornais, a inscrição de cônjuges e trabalhadores do setor empresarial do Estado pode ser feita através de um desconto de 3,5% no salário.

De acordo com a imprensa, apesar destas medidas, o Governo não vai reduzir o desconto de 3,5% suportado pelos funcionários públicos.

Em declarações à Lusa, a vice-presidente do STE lembrou que a ADSE é um sistema solidário “feito por aqueles que mais ganham, independentemente do agregado familiar, para aqueles que menos ganham”.

No entender de Helena Rodrigues, os 3,5% são o caminho encontrado para conseguir receitas que entram diretamente para o Ministério da Saúde.

“Lembro também que o Tribunal de Contas recomendou, após uma auditoria, a redução dos 3,5% para 2,25%, e mesmo assim ainda seria uma percentagem excessiva”, disse.

De acordo com a responsável, os trabalhadores pagam os 3,5% a troco de um subsistema de saúde que se diz melhor, mas que vai é sustentar um défice crónico da saúde.