“A nossa exigência é que seja atribuído um ponto e meio por ano aos trabalhadores e também a contagem dos tempos dos colegas. (…) O Governo tem reunido com os sindicatos, mas não tem avançado com propostas concretas”, disse à agência Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (STSS), Luís Dupont.

No entanto, Luís Dupont adiantou que a “última reunião foi mais positiva, porque houve um compromisso do Governo em fazer uma ata, na qual serão incluídas as matérias para começarem a ser negociadas com os sindicatos”.

Junto ao Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE (CHLN), os TSDT gritavam palavras de ordem como “Igualdade sim, Injustiça não”, “Lei aprovada, não aplicada” ou “Nem menos, nem mais. Direitos Iguais”.

Segundo o presidente do STSS, o Governo tem falhado em “não assumir para a carreira de enfermagem”, como a questão dos pontos e a contagem dos tempo de serviço.

“O Governo tem adiado estas decisões, o que causa graves prejuízos aos trabalhadores. Nós continuamos a ter trabalhadores com 20 anos de serviço ou mais nos hospitais EPE, ou seja, estão na primeira posição remuneratória, como está um trabalhador que entre agora”, indicou.

À Lusa, Luís Dupont explicou que a maior parte dos 10.000 TSDT “estão todos na primeira posição remuneratória”.

“A grande maioria das instituições, como é o caso desta, (…) ainda não reposicionou estes trabalhadores, porque diz que não tem orientações do Governo para o fazer”, frisou.

Por sua vez, Sónia Couto, técnica de análises clínicas, lembrou que os trabalhadores ainda “aguardam” pela aplicação da lei n.34º/2021, para garantir a reconstituição e progressão dos trabalhadores TSDT sob critérios uniformes e em conformidade com o estatuído nos diplomas legais.

“O maior problema que nós temos é uma lei que foi aprovada na Assembleia da República em 2021, publicada em decreto-lei em janeiro de 2022 e que até hoje as administrações hospitalares insistem em não aplicar ou de todo ou de forma correta”, observou.

Sónia Couto afirmou que à Lusa que há “hospitais que aplicam a lei corretamente”, mas outros não, referindo que “as administrações hospitalares fazem o que bem entendem”.

“Estamos há mais de um ano à espera (…) que todos os colaboradores independentemente do vinculo contratual sejam avaliados e reposicionados nos respetivos índices remuneratórios”, sustentou.

A técnica de análises clínicas prometeu ainda que, se nada resultar, “ações judiciais estarão a caminho”.

Também o técnico de radiologia Ricardo Cabral apontou os vínculos laborais como o “maior dos problemas.

“Já tenho 14 anos de serviço. [Tenho] colegas com 20 anos que ainda não subiram um escalão. É inadmissível. O Serviço Nacional de Saúde [SNS] exige aos profissionais que tenham competências técnicas muito especificas no tratamento para os seus utentes, mas, em termos de remuneração, estes profissionais estão há 20 anos sem terem um aumento na remuneração na subida da carreira ou do escalão”, defendeu.

“É inadmissível que na carreira TDST haja diversos vínculos laborais e que a lei seja aplicada só para alguns”, acrescentou.

Por seu lado, a técnica de análises clínicas Mariana Felizardo denunciou à Lusa casos de contratos precários relativos à covid-19 no Hospital de Santa Maria, sem perspetiva de futuro.

“Estou há dois anos no contrato da covid-19. É um contrato precário. A qualquer momento podemos ser ou não mandadas embora. (…) Estamos assim há dois anos. Sem saber o que nos vai acontecer. É o caso de 14 técnicos de saúde só neste hospital”, salientou.

De acordo com Mariana Felizardo, nem o STSS, nem o Governo e nem administração do Hospital de Santa Maria “não sabem dizer nada”.

“Da administração, não obtivemos resposta. Não sabem nada ainda. Estão à espera do Governo. O Governo, entretanto, ainda não se pronunciou. (…) É uma bola de neve e ninguém faz nada”, disse.

Os TSDT do Hospital de Santa Maria aprovaram hoje uma moção para entregar ao Governo, exigindo a correta aplicação da carreira e o descongelamento da mesma.

Na quinta-feira, o STSS levará a moção aos trabalhadores do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra para também ser aprovada em novo plenário.