HealthNews (HN)- A Pfizer anunciou recentemente o lançamento de um novo projeto para a promoção da inovação em Portugal. Quer explicar do que se trata esta nova iniciativa do Real World Life?

Susana Castro Marques (SCM)- Este projeto consiste na concretização de um plano estruturado de interações e protocolos entre uma companhia farmacêutica, de investigação e desenvolvimento, como a Pfizer e cinco instituições académicas. Todas estas têm em comum investigadores de ponta nas suas áreas, em que de facto a investigação científica e a inovação é uma constante em todas estas instituições. No entanto, têm algumas especificidades… Algumas estão ligadas a escolas de medicina, mas também temos centros de start-up. No fundo, o que quisemos fazer com o Real World Life foi tornar aquilo que eram interações pontuais com centros académicos num modelo mais estruturado de interações. Com cada uma destas instituições temos um protocolo assinado.

HN- Existe algum compromisso financeiro?

SCM- O protocolo não contempla nenhum compromisso financeiro. O que está definido é que temos obrigações de ambos os lados para discutir ciência e inovação em Portugal. Da nossa parte enviamos atualização da pipeline da Pfizer, isto é, partilhamos dados sobre novos medicamentos e vacinas, assim como também informação sobre quais é que são as áreas prioritárias de investigação.

HN- Quais são as instituições que integram o projeto? Haverá mais instituições a fazer parte?

SCM- As instituições com as quais temos neste momento o protocolo é com a Universidade NOVA de Lisboa, com o BIOCANT – Associação de Transferência de Tecnologia, com a Universidade de Aveiro, com o i3S – Instituto de Investigação e Inovação da Universidade do Porto e a Associação Centro de Medicina P5 da Escola de Medicina do Minho. Dentro destas cinco, já temos dois projetos iniciados e oito em fase de avaliação.

Estamos ainda à espera de resposta por parte de outras duas instituições.

HN- Em que medida o projeto permite garantir que os doentes têm acesso às soluções terapêuticas de que necessitam tão cedo quanto possível?

SCM- Há um esforço estruturado e colaborativo, não só por parte de quem está a investigar e a comercializar medicamentos, mas também por parte das academias que nos ajudam a validar e a propor novas ideias. Por exemplo, a Universidade do Porto tem um hospital do outro lado da rua e, portanto, têm um contacto com a realidade dos doentes e da população que é muito importante para a indústria. No fundo, permitem trazer a realidade para dentro da Pfizer.

É importante entendermos que não vale a pena trabalharmos de forma separada quando temos tantas coisas em comum e se trabalharmos de uma forma colaborativa podemos criar novas soluções para melhorar a prática clínica.

HN- No atual contexto de pandemia, qual a importância do projeto?

SCM- O projeto nasceu de facto durante a pandemia e nasceu porque achamos que era o momento certo. A pandemia despoletou esta chamada de atenção para os esforços colaborativos. Quando tivermos desenvolvimento de vacinas, medicamentos e testes de diagnóstico viu-se que foi muito importante que não trabalhássemos de forma isolada, mas sim uns com os outros para um bem comum.

HN- Estes protocolos assentam na realização semestral de centros estratégicos de reflexão, os chamados “Think Tank”. Quais serão os principais temas em destaque?

SCM- Durante uma hora e meia discutimos, ainda de forma virtual, ciência e discutimos novas necessidades. No entanto, antes dessas reuniões acontecerem há sempre muita preparação. Procuramos fazer uma recolha interna, dentro das nossas áreas médicas, de quais é que são novos estudos e novas necessidades. Informamos as instituições que depois também nos fazem chegar novos projetos.

HN- Uma nota final

SCM- Estamos muito orgulhosos deste projeto. Achamos que são iniciativas como estas que de facto podem mudar o panorama daquilo que é a colaboração entre a academia e a indústria farmacêutica.

Entrevista de Vaishaly Camões