O presidente da SPEM, Alexandre Silva, apelou, aproveitando o Dia Mundial da Esclerose Múltipla que é assinalado no domingo, para que as “esferas social e política” tenham “um olhar diferente” em relação à doença que afeta cerca de oito mil pessoas em Portugal.
“É preciso colocar a pessoa com esclerose múltipla no centro [dos cuidados de saúde]. Isto significa uma reorganização dos serviços, neste caso das consultas e centros de esclerose múltipla para que as várias especialidades médicas e terapêuticas que são necessárias para ajudar estes doentes possam concorrer todas de forma harmoniosa para a melhoria da sua qualidade de vida”, disse Alexandre Silva à Lusa.
É por isso, acrescenta, que “advogar pelos centros de excelência é uma das maiores prioridades”.
“Não é preciso gastar dinheiro para que isto aconteça, é apenas necessária uma reorganização do que já está disponível no Serviço Nacional de Saúde. Acreditamos que até permitirá poupar recursos porque ao haver uma resposta mais atempada às pessoas”, a doença e os custos a ela associada não irão progredir tanto.
Alexandre Silva afirma que, desta forma, “as pessoas conseguiriam ficar mais tempo ativas e a trabalhar”, o que “é muito importante para o país”.
“Outra área que achamos muito importante investir é na literacia da saúde para os doentes, famílias e população em geral; e na formação dos médicos das mais diversas áreas para conhecerem melhor a doença e permitir que diagnostiquem mais rápido estas pessoas, de modo a protegê-las”, adiantou.
Estas propostas resultaram do Consenso Nacional de Esclerose Múltipla, que contou com outras associações, partidos, ordens profissionais, médicos e académicos, para além do ministério da saúde.
O presidente da SPEM considerou esta iniciativa ainda mais relevante no contexto da pandemia de covid-19, que veio piorar, de forma geral e por vezes “dramática”, a condição das pessoas que vivem com esclerose múltipla.
“Se a vida antes já era muito exigente, com a pandemia tornou-se ainda mais. Esta é uma doença que não gosta das pessoas presas e quando temos de estar confinados em casa com muito menos atividade regular, a doença ganha espaço”, expõe.
Alexandre Silva disse à Lusa que várias pessoas “tiveram um agravamento muito rápido e imparável da doença e outras faleceram não com covid-19, mas pela situação que veio impedir que tivessem um acompanhamento terapêutico conveniente, nomeadamente sessões de terapia da fala e fisioterapia – as quais são críticas para a função respiratória e para a alimentação”.
Para além de outras iniciativas que ocorreram durante este mês para celebrar o Dia Mundial da Esclerose Múltipla, vai realizar-se este fim de semana um piquenique saudável, uma corrida e marcha virtual pelo país com transmissão pelas redes sociais, que conta ainda com a difusão do evento de talentos internacional “Tune in for MS” (em português, sintonizados pela EM) que junta artistas com a doença ou simpatizantes.
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