A decisão foi tomada em reunião do Conselho Nacional, órgão máximo entre Congressos, que anteriormente tinha analisado e validado a proposta do Secretariado Nacional de marcação da greve.

O Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) foi ‘chumbado’ em 27 de outubro e, na quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas para 30 de janeiro.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) explicou que na reunião do Conselho Nacional foi aceite por unanimidade a proposta feita pelo Secretariado Nacional de suspender o anúncio da greve.

"Uma vez que não tinha sido feito um pré-aviso de greve não se colocava a questão de suspender a greve", disse.

Apesar do anúncio de suspensão, adiantou, os motivos que levaram a anunciar uma greve mantêm-se, referindo que o Governo demonstrou uma incapacidade em falar com os sindicatos.

“A partir do momento em que o Presidente da República decide dissolver a Assembleia da República do nosso ponto de vista não se justifica esta greve que é sempre muito desagradável convocar porque a situação é mesmo a última forma de luta que tem os nossos associados”, disse.

Roque da Cunha destacou como motivos para um protesto a falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde, a existência de uma grelha salarial onde um especialista recebe 1.900 euros com 40 horas ou 1.200 euros com 35 horas, o número elevado de rescisões e a diminuição das contratações, o não investimento em equipamentos e a degradação das condições de trabalho.

O dirigente sindical questionou ainda que sejam gastos 140 milhões euros em empresas de prestação de serviços em vez de serem contratados médicos para o SNS e acusou o Governo de não reconhecer o trabalho dos médicos apesar das mais de oito milhões de horas extraordinárias feitas em 2020.

Roque da Cunha disse ainda que ficou também decidido na reunião de hoje que serão solicitadas reuniões com todos os partidos políticos para que os médicos possam dar contributos para os respetivos programas eleitorais.

“Todos os partidos felizmente defendem o SNS, estamos certos que a gravidade que o SNS atravessa faz com que esta seja uma matéria importante na discussão eleitoral e esperamos que haja um consenso entre os vários partidos porque de outra forma a população, particularmente a mais frágil em termos financeiros, não terá acesso aos cuidados de saúde primários, não terá acesso aos hospitais”, disse.

O SIM defende também um programa de emergência para mitigar os problemas causados pela pandemia na sequência da canalização de todos os meios para o seu combate sem que tenham sido feitas outras contratações.

“Ainda hoje mais de mil médicos de família estão a fazer atividades fora do âmbito do acompanhamento dos seus doentes nos Centros de Saúde como o acompanhamento dos doentes infetados por telefone, nas áreas dedicadas aos problemas respiratórios e ainda no processo de vacinação onde não contratam médicos especificamente para essa matéria”, disse considerando que esta situação cria problemas no acompanhamento dos hipertensos, diabéticos e nos rastreios.